“Rapaz, eu costumo dizer que não fiz carreira, eu fiz caminhada”. Em seu apartamento, o cantor e compositor cearense Rodger Rogério recebe o Vida&Arte para uma entrevista sobre o próximo show do qual participará. Mais que isso, aliás: é também uma conversa sobre sua carreira. Ou, em suas palavras, “sua caminhada”.
Aos 79 anos, ele compartilha com o caderno as expectativas para um dos passos da série de projetos no qual embarca celebrar suas oito décadas, que serão completadas em janeiro: o show “Futuro e Memória”. Em duas sessões, o evento ocorrerá nesta sexta-feira, 25, e neste sábado, 26, na Caixa Cultural Fortaleza.
Toda apresentação é especial, mas esta será ainda mais para Rodger, pois marcará o retorno oficial do artista aos palcos após ter passado por cirurgia devido a um acidente no qual fraturou o fêmur. O processo de recuperação o levou a passar três meses em cadeira de rodas - ainda assim, conseguiu participar de outros shows, sendo dois na cadeira de rodas e um com muletas.
Os espetáculos deste fim de semana serão realizados às 20 horas e reunirão vários outros intérpretes para exaltar a música cearense, como Calé Alencar, Theresa Rachel, Rogério Franco, Davi Duarte, Edmar Gonçalves e Dalwton Moura. Os ingressos estão à venda por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) no site Sympla Bileto.
Serão interpretados clássicos da música cearense e composições inéditas. O show celebra os discos "Futuro e Memória" e "Futuro e Memória 2", resultantes do projeto homônimo que busca destacar encontros entre músicos cearenses de diferentes gerações. Há composições de Rogério Franco e Dalwton Moura junto com clássicos como “Retrato Marrom”, de Rodger Rogério e Fausto Nilo.
Depois do tempo em que passou usando cadeira de rodas, Rodger afirma que está feliz e se sentindo disposto nesta retomada. Ele ressalta como o projeto “Futuro e Memória” cresceu “nos bastidores e nos encontros” nos últimos anos, festejando não apenas as produções registradas em discos, mas também as amizades construídas a partir dessas pontes.
Um dos mestres da geração conhecida como “Pessoal do Ceará”, o artista aponta sua admiração pelos nomes que estão surgindo no Estado. “Eu fico impressionado com a quantidade e a qualidade da música que se faz aqui no Ceará. Tem muita gente boa nessa nova geração. Outro dia eu estava ouvindo rádio e tocou a canção de uma cantora cearense, não lembro o nome dela, mas fiquei encantado”, aponta Rodger Rogério.
É interessante notar como a relação do compositor com as novas gerações se estende para o contato não só de palco, mas de vida. “Eu me dou bem e gosto muito. Há sempre uma troca legal. Sempre que aparece algo para fazermos juntos é bom. Eu tenho tido a sorte de ir conhecendo a nova rapaziada, e à medida que conheço mais admiro, não só a música, mas as pessoas”, afirma.
Para Rodger, é no palco que a magia acontece. Ele se sente revigorado ao poder se apresentar novamente. “Subir no palco é sempre muito bom, seja com gente mais nova ou com os mais velhos”, brinca. “É uma alegria que vai crescendo, sabe? E eu quero estar junto dessa rapaziada toda enquanto me for permitido”, acrescenta.
Os shows deste fim de semana representam uma das etapas para comemorar os 80 anos de Rodger. Em setembro, ele fará show no Theatro José de Alencar (TJA) lançando um EP com o cantor cearense Vitoriano. O artista também está gravando um disco de inéditas de Rogério Franco, seu irmão, e Alan Mendonça.
Quando completou 75 anos, Rodger também realizou uma ação para celebrar sua marca de vida ao lançar, junto com Dalwton Moura, o EP “Velho Menino”. Esses movimentos ajudam a contar a trajetória do músico cearense, bem como o faz o próprio artista. No palco da Caixa Cultural, ele também cantará com seu filho, Pedro Rogério.
Ele enfatiza a alegria que sente com essa oportunidade e também aponta o que espera das as apresentações deste fim de semana: “A expectativa é muito boa, espero um bom público. Pelo que eu vi dos ensaios, parece que ninguém havia parado. Todos muito afiados”.
Quem participa
Futuro e Memória - Música do Ceará
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