Há uma característica que se sobressai entre os variados papéis que o ator Selton Mello interpreta nas telas e nos palcos. Com décadas de experiência profissional na área da dublagem, o artista utiliza a voz para ressaltar as nuances e esferas dos personagens. O ritmo, timbre e interpretação foram alguns dos motivos pelos quais ele foi estimado como protagonista de "França e o Labirinto", nova audiossérie original do Spotify, desde a idealização do projeto.
Na trama, que estreia na plataforma de streaming no dia 29 de agosto, ele interpreta Nelson França, um detetive particular cego que ganhou notoriedade após solucionar o caso de um grande serial killer. Anos depois, acontece o assassinato de uma influencer digital e França tem certeza que é o mesmo criminoso que está por trás do crime. A jornada de investigação leva o profissional ao passado e ocasiona novos desafios, em história narrada por meio da tecnologia de áudio binaural. Neste modelo tridimensional, o ouvinte entra em uma experiência imersiva por meio do som.
"Estou impressionado com o universo que eles criaram. É um personagem muito maneiro, o trabalho sonoro é tão impressionante que alguém poderia pegar o som dessa audiossérie e animar", indica Selton em entrevista. Nos episódios cedidos com antecedência ao Vida&Arte, o desenrolar dos acontecimentos se tornam palpáveis por meio dos detalhes.
Nelson interage com o cachorro Bonaparte, o principal companheiro; discute o plano de operações com o delegado Noronha (Jorge Lucas) e recebe conselhos da perita Angela (Maíra Goes), também sua ex-esposa. Até mesmo sons externos e cotidianos - a exemplo do barulho dos carros do trânsito ou das sirenes dos veículos policiais - são inseridos precisamente na atmosfera.
Para o ator, que celebra 40 anos de carreira em 2023, a gravação foi como um retorno às vivências de dublador. "Quando eu faço algo relacionado a voz é muito importante porque eu volto nesse passado, mas diferente. Minha voz é muito marcante, as pessoas gostam da minha voz, me reconhecem pela minha voz", complementa o artista ao relembrar os motivos que direcionaram a escolha do papel. "Minha mãe falava muito das novelas de rádio. Como a Terra é redonda e o mundo é circular, voltamos agora com uma espécie de reboot das novelas de rádio, com uma modernidade absurda. Você coloca o fone de ouvido e vê os personagens orbitando, é uma experiência rica".
Apesar de dar voz a figuras como John Bender, de "Clube dos Cinco" (1985) e Kuzco, de "A Nova Onda do Imperador" (2000), Selton acredita que a criação de Nelson - um homem sarcástico e observador, considerado por ele um "anti-herói" numa narrativa de suspense - foi singular e inovadora. "Eu sou muito analógico, não conhecia esse universo todo, não conhecia o trabalho do Jovem Nerd, que tem todo um fã clube gigante de fantasia, do mundo da literatura, do fantástico, que eu também desconhecia. É abrir um mundo novo para trabalhar", revela.
O trabalho de 13 episódios é uma parceria com a Jovem Nerd e Azaghal, representada pelos showrunners Alexandre Ottoni e Deive Pazos, com roteiro original assinado por Leonel Caldela e Fábio Yabu. Além dos nomes já mencionados, o elenco também conta com Igão e Mítico, responsáveis pelo podcast Podpah. O lançamento segue o sucesso das audiosséries na plataforma, gênero explorado desde 2020 a partir de "Sofia", e é considerado a maior produção de ficção brasileira do Spotify. "Eu acho que audiossérie pode pegar muita gente. É uma experiência que não é passiva, você está meio que vivendo com o personagem. Pode ter humor, drama, até novelas, acho que pode ter uma chance boa de abrir uma nova porteira para os atores e ser um novo lugar para você se expressar. Tem um potencial grande", considera Selton.
"França e o Labirinto"
Quando: a partir do dia 29 de agosto
Onde escutar: Spotify
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