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O POVO+ estreia série sobre processo de criação de artistas cearenses 
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O POVO+ estreia série sobre processo de criação de artistas cearenses 

Na nova produção audiovisual do OP , cinco artistas fortalezenses debatem sobre a cena cultural da Cidade como uma cidade multifacetada. O lançamento será na quarta, 30
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Sérgio Gurgel conta sua história na série "Arte Circunstância" (Foto: Sunny Maia/Divulgação)
Foto: Sunny Maia/Divulgação Sérgio Gurgel conta sua história na série "Arte Circunstância"

Para traçar um paralelo da subjetividade com as limitações e excessos que Fortaleza oferece enquanto cidade multifacetada, a série "Arte Circunstância", produzida em 2019 e contemplada no VII Edital das Artes da SecultFor, em parceria com o OP , estreia nesta quarta-feira, 30. A produção audiovisual se aproxima de cinco artistas, Zé Tarcísio, Simone Barreto, Rodrigo Lopes, Cláudia Sampaio e Sérgio Gurgel, que, em episódios individuais, apresentam sua história e debatem sobre o espaço de construção de uma arte coletiva.

"A série surge a partir da ânsia de exaltar o fazer artístico vivo e efervescente da cena cultural de uma cidade fora do eixo, com a constatação cada vez mais evidente de que é necessário descentralizar o País. Diante das evidências de que o Nordeste continua nutrindo o reconhecimento internacional de uma cultura, por que então não olhar também para o que se está fazendo contemporaneamente nesses locais como base?", pontua o diretor Delano Gurgel Queiroz.

Partindo da consciência de que muito ainda deve ser feito para registrar a cena de artes visuais de Fortaleza no formato documental, a série então se incumbe da tarefa de traçar o panorama de passado, presente e futuro. "Uma obra que poderia ser vista como regional, porém, evidencia que a arte é humana, citadina e sempre contemporânea", completa a produtora Giovanna Campos.

Denúncias de especulação imobiliária, resistência à censura, ressignificação de objetos, questionamentos sobre a presença do corpo feminino no meio artístico, e presença de teóricos negros no estudo acadêmico são algumas das discussões presentes na série que aborda a constante reconstrução política do Brasil.

Em entrevista ao Vida&Arte, a produtora Giovanna Campos, mestranda em Desenvolvimento de Projeto Cinematográfico na Escola Superior de Cinema e Teatro de Lisboa, revela que uma das etapas mais difíceis foi a escolha dos cinco artistas.

"Consciente que cinco pessoas era um número extremamente reduzido para tentar abordar qualquer panorama, ainda mais de uma cidade tão rica culturalmente como Fortaleza, a escolha seguiu um critério de pontuação a partir de uma lista com mais de 200 nomes, que eu e o diretor Delano Gurgel Queiroz reunimos. A proposta inicial era a de gerar um panorama geracional, geográfico e identitário dentro da cidade. É claro que a escolha acaba por ser atravessada por outras questões e limitações, coincidências ou não, mas isso tudo também faz parte do processo", afirma.

Giovanna acrescenta que ocorreram alguns encontros antes das gravações propriamente ditas, para que a produção pudesse se conhecer, ajustando a individualidade de cada um. As filmagens foram feitas em um total de 10 dias, distribuídos ao longo de dois meses.

"Éramos uma equipe muito pequena, composta por apenas cinco pessoas, o que permitiu também uma maior flexibilidade. Mas cada artista tinha sua particularidade de espaço, personalidade, processo, momento artístico, a nossa proposta era nos diluirmos neles/as e não impormos uma dinâmica que a estrutura cinematográfica muitas vezes exige", completa.

O crítico de cinema Arthur Gadelha, que trabalhou na identidade visual da produção, conta que a chegada da série fez parte de um movimento do Núcleo Audiovisual do O POVO para reunir filmes e séries de produtores independentes do Ceará.

"Existe muita coisa sendo produzida, olhando para a forma como a cidade se identifica em suas várias nuances, virtudes e contradições. São obras já realizadas que ganham essa possibilidade de ampliar a conversa nessa parceria com o OP ", afirma. Neste ano, a equipe já lançou o longa-documentário "A Colônia", de Virginia Pinho e Mozart Freire, e agora estreia a primeira série.

Sobre o impacto de "Arte Circunstância" e as expectativas diante do público, Arthur pontua que irá causar surpresas distintas. "Até os artistas mais conhecidos, como Zé Tarcísio, apresentam faces que ainda não foram investigadas no audiovisual recente. A série revela anseios, reações e pensamentos íntimos nas suas relações com a arte e a cidade, o que pode levar o espectador a perceber que também se parece um pouco com cada um deles."

Giovanna também abre espaço para discutir como qualquer prática que coloca em foco a cena cultural da Cidade é essencial. "Isso é sempre um local de disputa, não só para que se mantenha, mas para que seja melhor, para que contemple a diversidade da cultura e da arte daqui. Sabemos que a destinação de recursos públicos para essa área está sempre em jogo", comenta.

Questionada sobre a importância de dialogar a arte para além do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, a produtora afirma: "é uma discussão difícil." Segundo a comunicadora, essa saída de Fortaleza também carrega outras questões. "Não deveria ser necessário ter que sair, até mesmo como uma necessidade de construção e manutenção da cena local. De qualquer forma, a série só se preocupou em mostrar o que aqui já existe, tentou mostrar uma superfície muito pequena da força da cena cultural, e ainda de forma muito reduzida, porque não é possível se fazer isso com cinco episódios."

Ela finaliza expressando seu desejo de produzir mais temporadas pela frente. "Tenho tido algumas conversas com profissionais para que seja possível ampliar a investigação da série para o Estado do Ceará, ampliar o número de pessoas entrevistadas. Acredito que há muito o que se fazer e muito conteúdo, estamos estruturando essa ideia e o formato, para então buscar o financiamento", revela.

 

OP+

Série "Arte Circunstância" estreia nesta terça-feira, 29, no OPOVO+. Os cinco episódios serão divididos semanalmente; um a cada terça-feira. 

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