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Clássico pop, Tartarugas Ninjas voltam aos cinemas em nova aventura
Vida & Arte

Clássico pop, Tartarugas Ninjas voltam aos cinemas em nova aventura

Apostando no carisma do quarteto protagonista, "As Tartarugas Ninja" debate sobre busca por aceitação em meio à adolescência, mas derrapa com vilões mal desenvolvidos
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A nova aventura das Tartarugas Ninjas é dirigida por Jeff Rowe e Kyler Spears (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação A nova aventura das Tartarugas Ninjas é dirigida por Jeff Rowe e Kyler Spears

Adaptada diversas vezes para o cinema e televisão, sem dúvidas "As Tartarugas Ninja" é um clássico da cultura pop. A origem da narrativa remete aos quadrinhos homônimos de 1984, da dupla Kevin Eastman e Peter Laird. O quarteto de irmãos tartarugas mutantes, com nomes de pintores renascentistas (Michelangelo, Donatello, Rafael e Leonardo), ganha agora nova adaptação.

A trama mantém-se fiel à origem dos personagens em muitos aspectos. Um deles é a forma como as tartarugas ganham vida: após serem "infectadas" por uma "gosma" do laboratório do cientista Baxter Stockman (Giancarlo Esposito) que foi parar acidentalmente nos esgotos de Nova York. A partir daí, um rato e quatro tartarugas ganham características humanas e passam a viver de forma isolada nos subterrâneos da cidade durante anos.

No entanto, aqui nós acompanhamos pela primeira vez em um longa-metragem a adolescência desses personagens. Após passarem toda a infância e início da adolescência vivendo escondidos, tudo o que os quatro irmãos querem é viver uma vida normal. Ir à escola, fazer compras em lojas, poder ir à lanchonete, assistir a filmes e todas as outras atividades corriqueiras e bobas que qualquer adolescente comum faz.

Porém, Splinter (Jackie Chan), figura paterna das tartarugas, é contra isso. Quando mais novas, as tartarugas já demonstravam a vontade de conhecer o mundo além do subsolo da cidade. Porém, quando Splinter resolve realizar o desejo de seus filhos adotivos, indo além dos esgotos, pela primeira vez, a família não é bem recebida e é tratada como monstros perigosos. Quase morrendo e perdendo seus filhos no processo, Splinter, após voltar a se esconder, decide aprender a se defender ao mesmo tempo que ensina as crianças a fazer o mesmo.

Aqui já vemos uma excelente atualização, que surge do roteiro do ator e comediante Seth Rogen (“Superbad”, de 2007, e “Festa da Salsicha”, de 2016), mostrando a origem dos ensinamentos de Ninjutsu das tartarugas através de fitas cassete dos anos 1980 e 1990. Tanto fitas de filmes quanto de videoaulas de artes marciais. O que, além de trazer uma nova origem para as habilidades dos protagonistas, traz referências divertidas que se encaixam perfeitamente no momento do longa.

A animação traz uma nova aventura do quarteto formado por Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello e seu mestre Splinter(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação A animação traz uma nova aventura do quarteto formado por Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello e seu mestre Splinter

Trazendo uma identidade única para a animação, a Paramount juntamente com a Nickelodeon Movies claramente aproveita a nova fase das animações, que surge após "Homem-Aranha no Aranhaverso" (2019), e traça uma identidade única para o longa. Com traços que mesclam uma espécie de aquarela mais sóbria com traços de contorno mais marcantes e uma animação que às vezes se assemelha a uma espécie de stop motion, só que bem mais fluido. "As Tartarugas Ninja: Caos Mutante" deixa sua marca trazendo uma animação única, além de um design de personagens que deu ainda mais personalidade a esses personagens tão conhecidos pelo público e fazendo clara referência ao traçado original das tartarugas nos quadrinhos.

A química entre os protagonistas é um dos grandes destaques do longa. Micah Abbey (Donatello), Shannon Brown Jr. (Michelangelo), Nicolas Cantu (Leonardo) e Brady Noon (Raphael) fazem um trabalho excelente, trazendo muita veracidade e carisma para a relação dos quatro irmãos. Muito disso se deve à forma incomum de gravação das vozes para o longa, onde normalmente cada ator grava suas cenas em uma cabine de forma separada. Aqui não, o diretor Jeff Rowe (“A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, de 2021), junto com o roteirista Seth Rogen, optaram por colocar os quatro atores adolescentes gravando em um mesmo local, ao mesmo tempo, e o resultado visto na tela é incrível.

A interação entre as tartarugas é fluida e passa a real sensação de intimidade entre os irmãos, mas também dá o devido destaque à personalidade de cada um deles, deixando claras as individualidades de cada um. Seus medos, dilemas, sonhos e até possíveis amores. Fazendo-nos perceber que ali existem, sim, jovens adolescentes que, assim como nós, já desejamos, só querem viver suas vidas da melhor forma possível.

Outra personagem que recebe bastante destaque no longa é April O'Neil (Ayo Edebiri), a primeira humana a interagir com as tartarugas e não tratá-las como monstros perigosos. A personagem traz consigo um subtexto muito interessante sobre a busca pela aceitação, através de uma ocupação/profissão que possa lhe agregar status perante as pessoas com quem convive. Algo também abordado quando focamos nas tartarugas, que buscam no longa aceitação, não através de quem são, mas sim como recompensa por algo que pretendem fazer.

Apesar de todos os acertos, "As Tartarugas Ninja: Caos Mutante" falha em algumas questões de desenvolvimento quando se trata de seus antagonistas, que a princípio se mostram muito interessantes, mas acabam sendo abordados de forma superficial, o que reflete na resolução do conflito contra vários deles, que apesar de coerente, acaba se mostrando bastante rasa.

Funcionando para todos os públicos, desde aqueles que já acompanharam as tartarugas até aqueles que nunca ouviram falar delas, "As Tartarugas Ninja: Caos Mutante" traz uma atualização divertida e carismática da história clássica, e adiciona uma nova identidade que funciona de forma leve, fazendo com que os 90 minutos do longa passem de forma extremamente agradável.

Onde assistir

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