Logo O POVO+
Aos 82 anos, Zé Tarcísio segue produzindo e projeta novas criações
Vida & Arte

Aos 82 anos, Zé Tarcísio segue produzindo e projeta novas criações

Aos 82 anos, multiartista cearense Zé Tarcísio segue produzindo e encantando com seu olhar artístico Officimenti ducium quis inihilit re asped
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Referência das artes visuais. Zé Tarcísio segue produzindo, criando e planejando aos 82 anos (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Referência das artes visuais. Zé Tarcísio segue produzindo, criando e planejando aos 82 anos

Entrar na casa de Zé Tarcísio é ser recebido não só por olhares vívidos de simpatia e boas-vindas, mas também ser acolhido por criações artísticas que se espalham entre diferentes segmentos. Na sua moradia no bairro Cidade 2000, ele se sente à vontade para refletir sobre a vida em pensamentos e nos desenhos que produz.

“Gosto da vida. Gosto de viver”, aponta o artista intermídia, pintor, escultor, cenógrafo, gravador e figurinista cearense. Aos 82 anos de idade e com mais de 60 anos de “teimosia” na arte, como afirma, ele recebeu o Vida&Arte para uma entrevista sobre o momento vivido atualmente, entre novas produções e continuidade “da luta” da sobrevivência no meio artístico.

Em 2021, ele também conversou com o caderno, mas em um contexto mais difícil: o da pandemia. “Eu não parei (as produções). Diminuí, mas não parei. Fiquei preocupado por ter tido que reduzir por causa da pandemia, nós também fomos afetados. Há vendas que desapareceram, assim como oportunidades de serviços que poderíamos prestar. Então, isso foi dificultando”, relembra o cearense.

Para Zé Tarcísio, “a luta continua” em meio a “muitos sonhos, projetos e devaneios” que o artista segue mantendo. Em todos, a arte tem papel fundamental: “A arte é uma companheira para mim. Eu tenho um diálogo muito interessante com ela. É prazeroso trabalhar com arte, é um gozo diferente principalmente quando eu encontro uma coisa e depois trabalho nesses detalhes acidentais”.

Hoje, ele conta com o auxílio de pessoas como o artista plástico Gerson Ipirajá - presença constante na rotina de Zé Tarcísio, com visitas à sua casa/ateliê. Em alguns momentos, recebeu também a generosidade de amigos, que chegaram até a levar cestas básicas para sua residência.

Assim como sua produção não para, são registradas também vezes em que produtores interessados nos trabalhos de Zé Tarcísio o procuram para exibir suas obras, uma outra forma de ganho para o artista. Atualmente, é momento de pensar em novos projetos. Uma iniciativa em desenvolvimento é uma série de serigrafias.

Além de novas obras, ele também está revisitando trabalhos antigos para fazer adições, como a série “Blá-Blá-Blás”, uma edição com as produções “Iemanjá”, “Safra” e “Medusa”. Há projetos como a edição de um álbum de litografias, voltando à sua fase de artes com pedras. Entre as serigrafias, há, por exemplo, paisagens do Rio de Janeiro (RJ).


A cidade, aliás, será palco de outra iniciativa de Zé Tarcísio. Ele foi selecionado em um edital de patrocínio do Centro Cultural do Banco do Brasil e realizará em 2024 uma exposição panorâmica de sua carreira artística. A mostra tem como proponente o produtor cultural e artista visual Lindemberg Freitas e a curadoria é assinada por Gerson Ipirajá.

O curador relembra que uma exposição desse porte foi realizada no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE) em 2018 e reuniu mais de 100 trabalhos, entre pinturas, esculturas, instalações, fotos e vídeos. Dessa vez, a proposta é festejar os anos de atividade de Zé Tarcísio “e o retorno dele ao eixo Rio-São Paulo”.

“Não que o Zé tenha se afastado por completo (desses estados). Periodicamente, ele expõe e participa de mostras coletivas. Recentemente, ele participou de uma exposição no Instituto Moreira Salles, também com obras do período dele no Rio de Janeiro. Nesta exposição, a ideia também é mostrar um pouco da produção do Zé dos anos 1980 para cá, que é o período em que ele se instala em Fortaleza depois de voltar do Rio”, adianta Ipirajá.

O evento reunirá obras de colecionadores, de acervos institucionais e do arquivo do próprio homenageado. A mostra ficará disponível no Centro Cultural do Banco do Brasil nas unidades do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte (MG). Falar sobre espaços culturais, por sinal, também significa indicar caminhos para a presença de novos nomes no cenário artístico brasileiro, como avalia Zé Tarcísio.

Questionado sobre as impressões a respeito da chegada de novos equipamentos no Ceará, como no caso da Pinacoteca, ele afirma ter vindo “de uma geração em que equipamentos assim quase não existiam” e os trabalhos eram mais exibidos em sedes de grupos. Zé Tarcísio também cita a reutilização de locais já existentes, como a Casa do Barão de Camocim.

Em suas andanças, o escultor deixou marcas também no período em que esteve morando no entorno do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) e onde instalou o seu ateliê. O espaço continua em sua propriedade, mas Zé Tarcísio confessa que deseja “se desfazer” dele para se empenhar em outras atividades.

O Instituto Dragão do Mar (IDM) chegou a sondar os arredores para a instalação de uma sede própria. Um dos desejos do cearense é transformar sua casa no bairro Cidade 2000 integralmente no seu ateliê. Afinal, é nela que ele consegue ter aquilo que é um dos temas mais recorrentes em entrevistas anteriores: “liberdade”.

O que significa, para Zé Tarcísio, ser livre atualmente? “Por incrível que pareça, é estar em casa. Quero criar uma cenografia para viver em casa. Um tipo de forma de vida feliz e colorida para receber amigos e continuar tranquilo trabalhando. É a coisa que mais me preocupa: a liberdade ser rompida. Porque eu sou livre”, enfatiza.

Acompanhe o artista

OP+

Está disponível na seção "Filmes e Séries" da plataforma multistreaming O POVO+ o episódio "Zé Tarcísio, artista testemunha do seu tempo". O capítulo integra a série "Arte Circunstância" . Nele, o cearense compartilha processos criativos de algumas de suas obras e mostra como suas produções o fizeram testemunha de seu tempo.

Memórias do Medo: confira o trailer do novo filme do O POVO+:

Todo mundo tem uma história de medo para contar e o sobrenatural é parte da vida de cada um ou das famílias. Alguns convivem com o assombro das manifestações ou rezam para se libertar das experiências inesperadas. Saiba mais sobre “Memórias do Medo” clicando aqui

O que você achou desse conteúdo?