Em julho de 1997, estreou na revista japonesa Shonen Jump a série de mangás "One Piece", do autor Eiichiro Oda. A história conta a jornada de Monkey D. Luffy em busca de se tornar o rei dos piratas de todo o mundo. Mais de 26 anos após seu lançamento, com 1070 capítulos lançados em seus mangás e chegando à recente marca de 1000 episódios animados, a famosa história do pirata de borracha ganha uma adaptação em live action na gigante Netflix.
A série tem início nos apresentando Gol D. Roger, o até então pirata mais famoso do mundo. Roger se entregou de forma misteriosa para o governo mundial, representado pela marinha, e foi condenado à morte. Em seu discurso final, o famoso capitão pirata diz ter deixado todo o seu tesouro em um único local e ressalta que aquele que venha a encontrá-lo se tornará então o rei dos piratas. Iniciando assim a busca pelo One Piece e uma nova era de pirataria por todo o mundo.
Anos depois, conhecemos Luffy, uma criança que sonha em ser o novo rei dos piratas. Após comer uma fruta amaldiçoada, a "Gomu Gomu no Mi", o protagonista ganha a estranha habilidade de usar todo o seu corpo como borracha. Depois de anos se preparando, Luffy finalmente inicia sua jornada para se tornar o rei dos piratas, provando então a um velho amigo que o inspirou a ser pirata que é, sim, capaz de realizar seu sonho.
Adaptações de mangás/animes sempre são algo difícil de se fazer. A própria Netflix que o diga. "Cowboy Bebop" (2021) e "Death Note" (2017) são provas de que não é assim tão simples adaptar este tipo de obra. Com "One Piece", não seria diferente. Um anime tão antigo e com tantos fãs é algo muito arriscado de se adaptar. No entanto, os produtores Matt Owens e Steven Maeda, que Oda descreve como "superfãs de One Piece", acertam em cheio aqui.
"One Piece" cativa rapidamente até o espectador que não tem familiaridade com a obra e, até mesmo, quem não é consumidor ativo de produções escritas/inspiradas em obras japonesas, que têm sim suas particularidades se comparadas ao "cinema comum" do ocidente. A trama não perde tempo em mostrar que tipo de personagem Luffy (Iñaki Godoy) será. E logo no primeiro embate com um antagonista, já conseguimos perceber que rumos a série irá trazer para seu protagonista. Luffy começa sua jornada em busca do "One Piece" sozinho, mas sabe que não alcançará seu objetivo dessa forma. Então parte em busca de montar seu bando.
E assim como no mangá/anime, a trama se utiliza disso não apenas para desenvolver quem é Luffy, mas para nos apresentar seus companheiros. Algo simples, mas que é muito bem orquestrado no seriado. Muito disso também se deve à atuação extremamente carismática do mexicano Iñaki Godoy, que traz um Luffy cheio de energia e determinação. Entregando uma atuação forte quando necessário, mas sem perder a leveza que o protagonista possui.
Não só Iñaki Godoy está ótimo em seu papel, mas todo o bando de Luffy. Emily Rudd (Nami), Jacob Romero (Usopp) e Taz Skylar (Sanji) se encaixam de forma tão natural em seus personagens que é praticamente impossível imaginar alguém diferente os fazendo. Porém, se tratando do bando do protagonista, o destaque imenso vai para Mackenyu Arata, que interpreta o imediato de Luffy, Roronoa Zoro. Mackenyu consegue mostrar toda a profundidade daquele personagem misterioso, transmitindo sua imponência e charme, sem ficar caricato. Além de entregar as melhores cenas de luta durante a série.
"One Piece" não poupa em detalhes e foca bastante em efeitos práticos sempre que possível. Não apenas em maquiagens muito bem feitas, que traçam características únicas de vários personagens apresentados durante a trama, mas também nos cenários. Desde os navios mostrados na série, até pequenos vilarejos. Porém, o CGI não fica de fora da produção, se mostra bastante eficiente sempre que é utilizado, principalmente quando o assunto é o corpo elástico do protagonista.
A fotografia da série, apesar de escura em alguns momentos, transmite bem a sensação de estar naquele universo, além, é claro, de reproduzir fielmente muitos frames do mangá/anime, causando assim enorme afinidade com o público que já conhece a obra, mas surpreendendo quem está vendo aquelas cenas pela primeira vez.
Com um roteiro fiel, porém repleto de atualizações e melhorias, a adaptação de "One Piece" pela Netflix é um grande acerto. Fiel a obra que lhe inspira, mas original o bastante para modificar o necessário, a série cativa do começo ao fim com uma trama envolvente que explora os valores da amizade, confiança e determinação. Trazendo um elenco plural e cativante, a primeira temporada nos leva em uma jornada repleta de respeito, amor e uma motivação inabalável na busca por realizar sonhos.
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One Piece
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