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'Eu mermo': Rapper cearense lança álbum com clipe gravado na periferia
Vida & Arte

'Eu mermo': Rapper cearense lança álbum com clipe gravado na periferia

Em "Eu mermo", rapper cearense Eduardo Africano argumenta, em diferentes gêneros, sobre desafios e glórias de ser quem somos
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Eduardo Africano, rapper e dançarino cearense  (Foto: Felipe Mota / Divulgação)
Foto: Felipe Mota / Divulgação Eduardo Africano, rapper e dançarino cearense

Em uma viagem filosófica na contradição de Sócrates, surge "Eu mermo". No álbum musical, do rapper e dançarino cearense Eduardo Africano, não há espaço para a máxima "só sei que nada sei". Pelo contrário, todos sabem e são. Para embarcar nessa viagem de seis faixas musicais com direito a clipe na periferia de Fortaleza, espere até as 12 horas deste sábado, 9, quando a produção chega às plataformas digitais.

"'Eu mermo' é para essa pessoa que não consegue se enxergar e valorizar o seu. Não vai existir dois Chewbacca, não vai existir dois Malcolm X, não vai existir dois Eduardo Africano. Eu quero que as pessoas, quando escutarem meu EP, consigam se sentir especiais, porque a gente passa muito tempo querendo ser outra pessoa e muitas vezes, esquece que somos pessoas que conseguem fazer coisas incríveis, que outras pessoas não têm a capacidade de fazer o que a gente faz, porque cada pessoa é única", explica Africano. 

Com uma barbearia do bairro Santa Maria como cenário, o videoclipe da música "Eu mermo" tem um propósito bem definido: o reconhecimento de si e o pertencimento do lugar de onde viemos. 

"Gravamos em um local periférico que é onde eu cortei meus cabelos desde os 16 anos. O clipe foi gravado com a galera de lá. Gravamos também no Mondubim, na lagoa que antigamente a galera colocava o corpo de pessoas mortas. Hoje em dia a gente tá colocando um videoclipe", conta o rapper.

Capa do álbum "Eu mermo",  de Eduardo Africano (Foto: Zec Júnior / Divulgação)
Foto: Zec Júnior / Divulgação Capa do álbum "Eu mermo", de Eduardo Africano

"A galera vai se identificar bastante, porque o clipe traz essa questão das pessoas se reconhecerem. A música tem esse papel de expressar o que você não consegue falar. Muitas vezes a gente quer falar o que o Emicida, Mano Brown, Djonga estão falando. E a gente começa a ver o nosso modo de falar e reconhece que pode falar da nossa forma. Então eu trago essa questão da identidade de ser de Fortaleza", completa. 

Para além das fronteiras, o álbum traz a mistura de gêneros musicais e três línguas diferentes - francês, inglês e português. Com experiência em projetos sociais em países estrangeiros, Africano demonstra até onde a sua atuação social pode levar e questiona as oportunidades para artistas em sua terra natal. Ligado ao grupo de dança Sul Clan, do qual boa parte dos integrantes ganharam o mundo com a dança, ele reflete sobre a criação de arte na Capital e até onde ela é valorizada. 

"Quando visitei Portugal, eu fiquei pensando 'como é que pode a minha galera de Fortaleza ter que ir para outro país para poder ser reconhecida como artista?'. Aí eu falei assim: 'não mano, eu vou ficar lá na minha cidade e vou ser reconhecido como um artista'. É possível voltar para Fortaleza, fazer arte e ser reconhecido", defende. 

Educador social na Superintendência Estadual de Atendimento Socioeducativo (SEAS), Africano partilha o seu sucesso com a esperança de muitos. Na orientação de adolescentes privados de liberdade, ele conta que as experiências que reúne perpassam a vivência dos alunos. "E quando eu chego na Cidade, adoram ver que fui para outro país, eles começam a ter uma expectativa. 'Ah, mano, o Eduardo conseguiu, a gente pode conseguir também, tá ligado?", conta. "Eu creio muito que se eu não tenho um sonho, eu sou uma bomba relógio. Eu falo isso pra muitos adolescentes, que se você não tem um sonho, você não tem um caminho, não tem uma direção. Então, a partir do momento que esses adolescentes criam um sonho, ele não muda só a vida dele, mas de todos ao redor", finaliza. 

Em quase um crossover de linguagens artísticas, o álbum surge do livro escrito por Africano com o mesmo título e temática, mas ainda sem data de lançamento. Com a inspiração do livro, o rapper escreveu mais de 20 músicas. "O que eu não consegui falar no livro, eu trago no álbum, e o que eu não consegui falar do álbum, eu trago no livro", afirma.

Lançamento "Eu mermo"

  • Quando: sábado, 9 de setembro, às 12 horas
  • Onde: plataformas de streaming 

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