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Mona Gadelha destaca importância do coletivo na formação musical
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Mona Gadelha destaca importância do coletivo na formação musical

Coordenadora do Laboratório de Música da Porto Iracema das Artes, a cantora Mona Gadelha utiliza a história da música cearense para integrar novas gerações
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Cantora, compositora e jornalista Mona Gadelha, coordenadora do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Cantora, compositora e jornalista Mona Gadelha, coordenadora do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes

A cantora, compositora, jornalista e produtora Mona Gadelha enfatiza o coletivo ao discorrer sobre o Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes, equipamento da rede da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). No posto de coordenadora do programa de formação desde 2014, a artista reitera a importância de promover trabalhos desenvolvidos em conjunto e partilhados entre muitos indivíduos. "Fazer arte tem um processo solitário, mas a arte é celebrativa. Ela é gregária", fundamenta.

As palavras são escolhidas para definir o funcionamento da instituição, que comemora uma década de atividades contínuas em 2023. Entre as vivências de artes visuais, dança, cinema, teatro e, claro, música, o que sobressai é a capacidade de integração de múltiplas linguagens. Neste ano, o Laboratório de Música recebe seis projetos, sendo quatro de Fortaleza e dois de Sobral. Os integrantes participam de imersão em formato híbrido com tutores que orientam a elaboração e execução de projetos musicais com referências teóricas e práticas. Os mentores transitam entre os mais diferentes gêneros e passam por nomes como Russo Passapusso, Arrigo Barnabé, Assucena e Karina Buhr.

"Cada autor divide sua trajetória e experiência, essa partilha do sensível, que é uma filosofia que norteou a Escola. O artista pode criar, experimentar e pensar no processo criativo. É importante ter um resultado, um produto, mas, sobretudo, um percurso", elabora Mona em entrevista ao Vida&Arte. Desde a primeira edição foram desenvolvidos 52 projetos, a exemplo de "Bendito Som da Quebrada" (2016), com condução de Erivan Produtos do Morro e tutoria do produtor Tadeu Patolla; "Um Corpo Sem Voz" (2019), com Luiza Nobel, Zéis, Glauber Alves e tutoria de Mahmundi; assim como "Manifesto Afrokaos" (2022), com Davinci, Dinho K7, Durango e tutoria de Felipe Fiuza.

"É muito interessante avaliar esses dez anos e ver a diversidade de propostas artísticas, os gêneros musicais diferentes. Tivemos projetos de música experimental até hip hop", exemplifica Mona. Ela reforça que a reverberação dessa gama presente na música cearense é um dos pontos imprescindíveis da formação. Afinal, como pontua a compositora, "talento nós já mostramos que temos". Ainda é preciso, continua, buscar políticas de fomento para que os artistas consigam manter uma agenda estável e sejam capazes de consolidar o público.

A coordenadora ainda menciona os desafios da era digital, principalmente em referência aos números das redes sociais e algoritmos do streaming. "O importante é que o artista consiga seu lugar para desenvolver o trabalho, fazer seus espetáculos, criar e produzir. As orientações sempre são no sentido de muita reflexão, porque ninguém é o dono da verdade nessa atual conjuntura da música. O que pondera é a criação, a difusão".

Neste contexto, a experiência da cantora dentro do mercado artístico serve como norte para os possíveis horizontes dos alunos. A artista atuou em redações, agências publicitárias e curadorias de eventos. Foi um dos principais nomes do movimento "Massafeira" e da explosão do rock em Fortaleza, tema do livro "Perfume Azul - Rock e transgressão em Fortaleza nos anos 1970", lançado em julho de 2023 a partir da dissertação do próprio mestrado em comunicação.

Também conta com sete discos na discografia, como "Cenas & Dramas" (2000). "Existe uma linha evolutiva da música do Ceará, a memória das pessoas que abriram muitos caminhos. É importante revisitar, tomar conhecimento e ter uma conexão com quem veio antes. Fico muito feliz porque vejo um interesse crescente em descobrir como nós chegamos aqui, em 2023. Como era essa cena antes? É muito interessante e um privilégio poder acompanhar (as novas gerações)", arremata.

Em números

52 projetos realizados em 11 edições do Laboratório de Música

*Informações divulgadas pela Escola Porto Iracema das Artes

Laboratório de Música

Projetos que integram a 11ª edição do Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes, em vigência durante o segundo semestre de 2023:

  • "Mácula" - Claudia Aguiar Cabral e Loreta Diall
  • "Procurando Kalu" - Zeca Kalu, Rodrigo Brasil e Izma Xavier
  • "Minha Ancestralidade" - Luciana dos Santos Oliveira
  • "Tecno Tapera - Na Minha Aldeia" - Raphael Morais de Sales (Rapha Anacé) e Iago Barreto Soares
  • "Um Corpo Cheio de Som: Canções que Navegam nas Águas do Tempo" - Jéssica Cisne do Nascimento, Francisco Gerôncio Teófilo Filho e Thamires Coimbra
  • "Torrado de Rabeca" - Ricardo Alisson Barbosa Batista

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