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Batalha do homem versus a máquina retorna na ficção 'Resistência'
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Batalha do homem versus a máquina retorna na ficção 'Resistência'

Estreia nesta quinta-feira "Resistência", longa escrito e dirigido por Gareth Edwards, que apresenta um universo extremamente rico em detalhes e discussões para além de atuais
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Longa de Gareth Edwards, 'Resistência' é inspirado em 'Blade Runner',
Foto: Divulgação/ 20th Century Studios Longa de Gareth Edwards, 'Resistência' é inspirado em 'Blade Runner', "Apocalipse now', 'E.T - O extraterrestre' e outros clássicos da ficção científica

E se a IA (Inteligência Artificial) tivesse começado a ser desenvolvida nos anos 1960? E além disso, houvesse um crescimento acelerado dela em toda a sociedade. A integrando não apenas nos serviços digitais, mas, sim, em todas as frentes, como segurança, culinária, medicina, educação, enfim, em tudo. Mas em dado momento ela acabasse se revoltando com o ser humano, causando um ataque nuclear na cidade de Los Angeles?

Após esse trágico acontecimento, os EUA decidem iniciar uma guerra contra as IAs que ainda restam no mundo. Logo todo país que não baniu as IAs acaba virando alvo indireto desta guerra. E o continente Asiático acaba se tornando o palco principal para todo este confronto, já que por lá, nenhum de seus países tem qualquer problema com as máquinas.

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Esse é o enredo inicial de "Resistência", filme dirigido, escrito e produzido por Gareth Edwards (“Rogue One”, de 2016). Após uma breve introdução que contextualiza o momento atual de 2060 na terra, conhecemos Joshua, interpretado por John David Washington (“Tenet”, de 2020). Joshua é um agente duplo que vive na Ásia e tem como objetivo destruir "o criador", humano responsável pelo desenvolvimento das IAs no continente. Porém, durante esse processo de infiltração, Joshua acaba se apaixonando por Maya (Gemma Chan, de “Eternos”, 2021), personagem que tem forte vínculo com as IAs, que a tratam como se fosse da família e vice-versa.

Logo de cara, conseguimos ver que as máquinas ali vão muito além de simples seres de metal ou algo do tipo. Existe, sim, uma consciência por trás daqueles seres, que demonstram muito mais sentimentos que vários personagens apresentados na trama. Deixando claro, inclusive, o dilema que o protagonista vai enfrentar durante o longa.

Após complicações na missão, Maya acaba morrendo, o que abala Joshua profundamente. Após alguns anos fora da guerra dos humanos contra as IAs, ele retorna em uma nova missão ainda mais importante que a anterior, na esperança de descobrir o que aconteceu com sua amada. E durante este processo, ele vai acabar encontrando Alphie (Madeleine Yuna Voyles), uma IA com aparência de criança.

Desde o início da trama, fica claro que existe uma posição antagonista das máquinas, mas que vai sendo desconstruída durante todo o longa. Fazendo assim um claro paralelo com os EUA e o Vietnã, por exemplo. Trazendo assim um conflito extremamente prolongado e cada vez mais controverso contra esses seres. Onde no início se justifica com o suposto ataque das IAs a Los Angeles, mas que claramente se excede ao continuar matando, não apenas máquinas, mas vários humanos no processo.

Afirmo aqui que eles estão matando as máquinas, e não as desligando, porque o longa traz uma clara diferença disso. Não apenas exibindo isso em tela, mas mostrando pequenos detalhes das máquinas, como por exemplo seus ritos de passagem, religião, forma de se vestir ou até mesmo quando nos apresenta relacionamentos entre humanos e as IAs. Nos fazendo questionar a fundo o que é estar vivo e tudo que envolve este estado.

A partir do momento que temos consciência e capacidade intelectual para fazermos escolhas como religião, amor, empatia, entre outras, não estaríamos vivos? Então que diferença teriam as tais IAs, capazes de decidir a mesma coisa? Toda essa reflexão é apresentada em tela, através de uma simbologia própria. O que acaba sendo, sem dúvida, um dos maiores acertos do longa.

Outro ponto de destaque do filme são seus efeitos visuais e design de produção como um todo. Custando "apenas" 80 milhões de dólares, "Resistência" apresenta uma ambientação excelente que se destaca se comparado a qualquer filme do gênero. Não deixando a desejar em nada, o que faz com que o espectador acredite não apenas naquele universo, mas nos novos seres apresentados para nós como um todo.

John David Washington faz um ótimo trabalho ao lado de Madeleine Yuna Voyles. Joshua acaba por segurar toda a carga dramática do longa. No geral, a sua relação com Alphie acaba por ser a ponte que nos faz compreender toda a relação, não só daquele homem, mas de todo mundo como um todo. Nos levando por um caminho cada vez mais afetivo, o que reforça ainda mais a discussão sobre aqueles seres estarem sim vivos, no sentido mais filosófico da palavra.

Trazendo uma discussão que vai muito além da inteligência artificial, "Resistência" constrói um universo convincente e deslumbrante, fazendo paralelos com discussões extremamente atuais, com um subtexto político extremamente crítico e coerente. Mostrando que apesar de bastante recorrente no cinema, essa temática ainda tem muito a ser discutida.

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"Resistência"

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