O Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Cultural Dragão do Mar, está com visitação aberta para a exposição "Terra de Gigantes". Interativa e imersiva, o evento audiovisual apresenta performances, músicas, entrevistas, textos e animações projetadas no espaço do MAC. Com curadoria e concepção de Daniel Lima, a exposição estreou no Sesc Guarulhos, em São Paulo, e ficará na Capital até janeiro de 2024.
"Em 2018, eu desenvolvi um projeto no Sesc de São Paulo chamado 'Palavras Cruzadas'. Era um projeto de uma instalação imersiva e interativa que trazia uma arena com 12 personagens de diferentes lutas que estavam ali esperando o público. Nisso, o público chegava e, enquanto olhavam para os personagens, eles reagiam e contavam as suas histórias. Então, esses protagonistas deram o pontapé inicial para esse caminho de vídeos e instalações imersivas que podem realizar essa interação coletiva. É um desafio fazer um público grande poder circular ao mesmo tempo em uma instalação imersiva e é isso que a gente está propondo com o 'Terra de Gigantes' aqui no Dragão do Mar", explica Daniel.
Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, o curador revela que a exposição é resultado da sua pesquisa de doutorado e propõe em seus trabalhos o debate e reflexão acerca das questões raciais, da mídia e das articulações artísticas e culturais.
"A proposição que eu faço é entender que a trajetória artística e poética parte desse conhecimento acadêmico. Não só a própria produção de arte, mas também a reflexão acerca dessa produção de arte através da pesquisa que envolve os fatores históricos, contextuais, sociais e políticos. (...) Ou seja, pensar o processo de constituição dessa trajetória artística é o que compõe a minha pesquisa de doutorado", detalha.
Em "Terra de Gigantes", 11 personalidades indígenas e negros, de variadas áreas da arte, cultura e do conhecimento são convidados a se apresentarem, seja a partir de performances, reprodução de suas artes ou compartilhamento de suas conquistas e sabedorias. Entre os nomes, Katú Mirim, artista indígena abre a exposição; em seguida, pinturas de Daiara Tukano, transformadas em animações e exibidas ao som de cantos indígenas, são apresentadas no espaço do MAC.
No caminho, "Terra de Gigantes" também traz produções textuais e visuais, com suporte sonoro e gráfico, de Jota Mombaça, Davi Kopenawa Yanomami, Naruna Costa, Marcelino Freire, Naná Vasconcelos, Jonathan Neguebites, Juçara Marçal, Denilson Baniwa e do coletivo de artistas Legítima Defesa.
"Esse projeto poético não é feito como um mapeamento, ou como uma tentativa de chegar a uma representatividade. Na verdade, quando se propõe reunir músicos, dançarinos, escritores e lideranças populares, tudo isso se constitui em uma espécie de diagrama, no qual a gente pode entender - de forma poética - as potências e transformações afro-ameríndia através desses nomes", diz.
Com projeções em alta escala e utilizando de recursos tecnológicos, Daniel Lima revela o desejo de levar a exposição interativa e imersiva do "Terra de Gigantes" para outras cidades do Nordeste.
"Vejo uma importância imensa de circular o 'Terra de Gigantes' por outras cidades da região nos próximos anos. Começamos por Fortaleza e, não à toa, somos recebidos no Museu de Arte do Centro Cultural Dragão do Mar, que possui toda essa simbologia aquilombada, de resistência e de luta que traz na figura histórica do Dragão do Mar".
Exposição imersiva "Terra de Gigantes"