Conhecido pelas cenas gráficas impactantes de violência e tortura, estreou nesta quinta 28, o décimo filme da franquia "Jogos Mortais". A sequência teve início com o sucesso de "Jogos Mortais 1", em 2004, dirigido por James Wan ("Invocação do mal", "Sobrenatural"), e retoma a história do assassino em série John Kramer, mais conhecido por Jigsaw (quebra-cabeças), que havia morrido no terceiro filme devido a um câncer.
Na história dos primeiros filmes, as vítimas são escolhidas por John de acordo com dilemas éticos da própria perspectiva do serial killer. E, a partir de jogos sangrentos e armadilhas elaboradas, os que conseguissem sobreviver iriam "aprender a valorizar a própria vida".
Após anos de sequências cada vez menos impactantes e com menor bilheteria, "Jogos Mortais X" tenta apelar para o saudosismo inicial da saga trazendo Tobin Bell novamente como personagem principal da história, contando o que acontece com o assassino entre o primeiro e o segundo filme.
Esta décima parte começa apresentando um John Kramer abatido pelo câncer em estágio avançado, imagem que é reforçada pela fisionomia do ator hoje com 81 anos, e que se propõe a fazer um tratamento experimental na Cidade do México como última esperança de reverter a doença. Somos então apresentados à médica responsável pelo tratamento dra. Cecilia Pederson (Synnøve Macody Lund) que promete junto a sua equipe médica curá-lo.
Boa parte da primeira hora de filme explora esse drama da doença de John e tenta vender uma espécie de fragilidade do vilão, que é tratado por todos com bastante zelo, cuidado e até uma certa reverência. Isso deixa um pouco cansativo a trama inicialmente, já que parte do interesse em assistir "Jogos Mortais" não é a motivação que dará início a matança, mas sim ver as cenas dos jogos em si.
Após o rápido e "milagroso" tratamento, John percebe que foi enganado por todos da equipe médica e que ainda permanece com câncer. A partir daí ele decide chamar sua discípula Amanda (Shawnee Smith), que também foi vítima no primeiro filme da saga, e iniciar os jogos para se vingar de todos que lhe enganaram.
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Os jogos então começam, de forma bem gráfica e brutal, mas com um tom menos espalhafatoso do que traziam os últimos filmes. As torturas são mais rápidas e individuais se comparadas aos primeiros filmes, trazendo um ponto de vista interessante por parte dos outros "jogadores" que são obrigados a assistir as outras vítimas e se desesperar tentando ajudá-los a concluir o jogo sem morrer.
John também é apresentado de forma mais centrada e até humanizada, uma escolha um tanto duvidosa pois dá a impressão de que o espectador deveria simpatizar com o vilão e, em alguns momentos, até concordar com o sadismo contra algumas das vítimas. Tem situações em que John faz amizade com uma criança e a ajuda a consertar sua bicicleta, ou até repensa se deveria mesmo torturar um dos jogadores.
O grande problema do filme, porém, fica na impressão de querer se reafirmar como um grande clássico do terror e lembrar a todo custo, mesmo quando não faz sentido, dos elementos que marcaram a saga no passado. A máscara de porco usada insistentemente por Amanda ou o boneco na bicicleta de rodinha são exemplos.
Em uma das cenas o boneco é usado para entregar um kit médico para uma das vítimas. O que deveria trazer um tom de medo acaba por afastar o espectador da imersão na cena, já que o boneco era usado no primeiro filme para John não entrar no ambiente das torturas e se manter no anonimato. Já aqui, tanto John quanto Amanda passeiam diversas vezes pelo cenário onde ocorrem os jogos e poderiam facilmente realizar a tarefa feita pelo boneco macabro.
O final se arrasta por vários "plot twists" (reviravoltas) que tentam surpreender e tornar o assassino uma espécie de anti-herói consagrado. Para isso, o diretor Kevin Greutert, que também dirigiu outros dois filmes da saga, traz como antagonista a médica Cecília, que se mostra alguém ainda mais cruel e sem escrúpulos que John, fazendo um paralelo de que Jigsaw serial um vilão "mais justo" - ele dá oportunidade para as vítimas se salvarem e age por uma espécie de conduta moral, enquanto ela agiria somente por interesse próprio enganando até mesmo pessoas com doenças terminais.
"Jogos mortais X" se perde na tentativa de surpreender e se reinventar sem querer abrir mão da lembrança do passado, mas agrada mais que os últimos filmes da franquia. Principalmente pela parte das armadilhas e cenas chocantes que, mesmo demorando para aparecer, são inusitadas e bem visuais, agradando os fãs de gore (gênero mais sangrento de terror) e fazendo valer a revisitada na história.
Jogos Mortais X