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Casacor Ceará possibilita encontros de corpo, morada, arte e meio ambiente através de espaços versáteis e afetuosos
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Casa Cor Ceará acontece num imóvel da década de 70, na Tibúrcio Cavalcante, Meireles (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Casa Cor Ceará acontece num imóvel da década de 70, na Tibúrcio Cavalcante, Meireles

Em meio a selva de prédios do Meireles, um terreno de 5 mil metros quadrados abriga uma icônica residência. Elaborada pelo engenheiro Pedro Natale Rossi em 1977, a casa foi construída para a família de Manoel Machado e hoje pertence a Dasart Engenharia, presidida pelo empresário Vitor Frota. Até o dia 29 de outubro, a propriedade abriga o Casacor Ceará, que celebra seus 25 anos em edição especial.

Localizado na rua Tibúrcio Cavalcante, 607, o espaço conta com 37 ambientes projetados por 54 arquitetos, designers de interiores e paisagistas do mercado. Os projetos têm como base o tema da mostra: "Corpo & Morada". Apresentando tendências de comportamento e mercado, os profissionais abordam a relação entre corpo, mente, consumo, espaço e meio ambiente.

"A escolha do tema 'Corpo e Morada' foi inspirada na profunda conexão entre o espaço em que vivemos e nossa própria essência. Queríamos explorar como a arquitetura e o design de interiores podem afetar nosso bem-estar, nosso equilíbrio emocional e nossa qualidade de vida. O 'Corpo' representa o ser humano como centro do espaço, enquanto a 'Morada' é o ambiente que o acolhe. É uma reflexão sobre como nossos espaços podem se tornar extensões de nós mesmos, influenciando nosso corpo e nossa mente", declara Neuma Figueirêdo, diretora da mostra.

Ao adentrar a propriedade, o paisagismo dá as boas vindas. Os lagos ornamentais, tendência que ganhou destaque nas redes sociais através da adesão de famosos como Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, trazem sofisticação e relaxamento para a entrada da casa.

De um lado, os paisagistas mineiros Droysen Tomich e Gerson Munayer estão por trás do "Jardim dos Encontros e Despedidas". O ambiente permite uma imersão sensorial através do som da água e espécies tropicais adaptadas ao clima local. Outro espaço apresenta uma piscina biológica com mais de 100m² em projeto assinado pelo paisagista Thiago Borges. A área utiliza um sistema de filtragem que mantém a água cristalina sem o uso de produtos químicos.

Ao longo da propriedade, os visitantes encontram diversos espaços, desde opções modernas e minimalistas até ambientes mais rústicos e cheios de elementos cearenses. Há também lojas, espaços gastronômicos, oficinas e apresentações musicais, cuja programação é divulgada através das redes sociais da Casacor.

As visitações acontecem de terça a sábado, das 16h às 22h, e aos domingos, das 15h às 21h. Os ingressos custam R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia), podendo ser adquiridos através da bilheteria virtual do evento ou presencialmente na entrada da propriedade.

Além do endereço no Meireles, a Casacor contará ambiente extra projetado no shopping Iguatemi Bosque pela arquiteta Brenda Rolim, que será inaugurado ainda em Outubro, com data a ser confirmada pela organização da exposição.

 

FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023.  (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Memória e afetividade

Corpo e morada não se conectam sem memória e afetividade. Ambientes do Casacor Ceará unem história e modernidade, mostrando que dá para fazer espaços atuais e sofisticados sem esquecer do passado.

Para a arquiteta Adelina Feitosa, a pandemia impulsionou um novo olhar sobre as casas. "Depois da pandemia as pessoas estiveram muito mais ligadas ao morar, muito mais sintonizadas com os ambientes, já que nós passamos tanto tempo dentro de casa", pondera.

"Eu acho que isso é uma tendência, uma tendência da nova arquitetura. Você respeitar o morar e respeitar também a história da pessoa e tentar introduzir isso tudo dentro do projeto", pontua.

Responsável pelo quarto "Ser Tão Ravi", Adelina se inspirou nas vivências próprio filho, Ravi, de 21 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), mostrando como a arquitetura pode proporcionar espaços acolhedores para jovens como ele, dando destaque ao que ele mais gosta: a cultura sertaneja. Palha indiana, tijolinhos rústicos, baú e sanfona são alguns dos elementos que permitem aos visitantes mergulhar na cultura do sertão.

Além dos elementos culturais, a arquiteta também pensou em comodidades e tecnologias que facilitam o cotidiano de uma pessoa com TEA. "O ambiente é monitorado por uma câmera com inteligência artificial, que reconhece o Ravi, faz o reconhecimento facial dele e emite sinais sonoros pelo aplicativo para o meu celular", pontua.

Outro exemplo de preservação da memória aliada a elemento modernos é a "Vim do Areial Sala Lounge", projetada por Roberto Pamplona Junior. O espaço é uma homenagem aos primeiros proprietários da casa, Manoel Machado e sua família, e mantém elementos originais da residência.

Para ele, a sala remete ao tema desta edição, "Corpo e morada", ao transmitir a mensagem de "cuidar do corpo como se cuida da casa". "O cuidado que você tem com o corpo, é o mesmo que você teria com a casa, paralelo depois com a cidade, depois com o planeta. O ponto é o cuidado. Quando eu trago identidade, cuidado com o que a gente fez nesse espaço, pensando nas memórias, a questão afetiva, eu estou dentro do tema. Então, a partir do momento que é uma sala, traduz a pessoa que vive nela, é um cuidado maior", pontua.

FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023.  (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Olhar para as raízes

A Comedoria 3 é um dos espaços de tirar o fôlego no Casacor Ceará. Elaborado por Ney Filho em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, o ambiente celebra o design local e o título de Fortaleza como Cidade Mundial do Design pela UNESCO. A área de 130 metros quadrados é preenchida por elementos naturais e rústicos, como bambu, pedra e madeira.

"Sempre a minha inspiração é o Ceará. Eu não consigo fugir disso. A minha inspiração sempre, toda a minha arquitetura é voltada olhando para o meu povo, para a minha origem, para as minhas raízes", afirma Ney Filho.

Além de reverenciar a cultura local, a comedoria traz alternativas sustentáveis e inovadoras. O bambu, por exemplo, é usado de diversas formas, desde a cobertura de estrutura parametrizada no teto até as luminárias, rodapés, canaletas e pilares. O arquiteto espera que o ambiente estimule um novo olhar sobre o bambu.

"É uma questão educacional. A gente trabalha muito com a madeira e a gente tem um elemento ancestral muito forte no planeta, que é o bambu. A gente não tem tanto aqui a cultura do bambu. Se a gente colocar ele para o uso, se a gente começar a criar culturas, cultivar e ver o uso do bambu, a gente vai aprender muito com esse novo elemento estrutural, que tem capacidade de resistência, que tem beleza, que tem plástico e tem uma usabilidade gigantesca", comenta.

O espaço arquitetônico é delimitado por taipa de pilão e alvenaria e o paisagismo preenche o interior. A presença desses elementos, juntamente com a cobertura de bambu, permite a permanência de uma atmosfera climática agradável, apesar do calor cearense. "Eu sei a importância da arborização, das árvores. O espaço já está debaixo de duas mangueiras incríveis, enormes. Então eu criei um espaço todo aberto, com uma coberta de bambu, cheio de recortes para o vento passar e a natureza fez a parte dela. Não criei nenhuma magia, não teve nada excepcional", pontua.

"Eu acho que a gente tem que sempre procurar saídas, novos elementos, mas não necessariamente elementos que precisam de uma extrema tecnologia. São elementos que estão aí na natureza, que já nos mostram como uma alternativa para a gente harmonizar e olhar tanto, para a gente não ficar tão amargurado com desperdício, com problemas ecológicos, climáticos, que já estão batendo à nossa porta", ressalta.

FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023.  (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, 22-09-2023: Casa Cor Ceará, edição de 2023. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Integração

Ambientes integrados atraem cada vez mais adeptos ao permitir maior amplitude de espaço e aproximação entre moradores e visitantes. A proposta também traz versatilidade, possibilitando que um cômodo tenha múltiplas funções.

Pensando nesses aspectos, Marçal Barros criou o "Aprochegue-se". Originalmente feito para ser uma garagem, o ambiente se tornou mais do que isso ao agregar ao espaço uma sala de estar e cozinha para refeições informais.

"O princípio do que eu pensei pra cá seria uma sala onde o pessoal pudesse receber fora de casa. Então por isso que tem esse nome 'Aprochegue-se', que é o chegar, o receber, a parte do acolhimento mesmo", conta.

"A gente quis mostrar que o carro, ele pode ficar integrado sem estar aquela cara de garagem, aquela coisa estranha, que geralmente uma garagem é, nunca é uma garagem bacana", conta o arquiteto.

A proposta de Marçal é promover um ambiente em que as pessoas possam descansar, mas também curtir, receber uma visita. As obras de arte também chamam a atenção. Uma delas é o painel cerâmico elaborado por Junne Fontenele, trazendo o encontro da arte regional com a modernidade projetada no ambiente.

Casacor Ceará

Quando: até 29 de outubro, de terça a sábado, das 16h às 22h. Domingos, das 15h às 21h

Onde: Rua Tibúrcio Cavalcante, 607 - Meireles

Ingressos: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia)

Bilheteria virtual: https://appcasacor.com.br/events/ceara-2023/tickets

Mais informações: https://casacor.abril.com.br/mostras/ceara/

Instagram: @casacorceara

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