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Com Gringo Cardia, Jornada Mundial do Design acontece em Fortaleza
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Com Gringo Cardia, Jornada Mundial do Design acontece em Fortaleza

Uma das atrações da IV Jornada Mundial do Design em Fortaleza, o artista gráfico Gringo Cardia defende poder do design em uma sociedade cada vez mais imagética
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Designer e artista gráfico Gringo Cardia tem no currículo mais de 100 capas de álbuns desenhadas para músicos como Marisa Monte e Carlinhos Brown (Foto: Ellie Kurttz/Divulgação)
Foto: Ellie Kurttz/Divulgação Designer e artista gráfico Gringo Cardia tem no currículo mais de 100 capas de álbuns desenhadas para músicos como Marisa Monte e Carlinhos Brown

"O visual é fundamental. Hoje em dia, você olha primeiro para depois escutar, dificilmente você escuta para então olhar. Hoje, a ordem é essa. Vivemos em um mundo altamente visual. A televisão e o celular nos bombardeiam com imagens o tempo todo. É algo massacrante. O meu trabalho é decantar um pouco disso tudo e fazer as pessoas começarem a ver as coisas importantes da vida".

As palavras do designer, artista gráfico, cenógrafo, arquiteto e diretor artístico Gringo Cardia ecoam uma percepção que tem se acentuado nos últimos anos: a sociedade está cada vez mais imagética e atraída pelo visual. Atualmente, as mensagens ganham ainda mais ênfase quando recursos assim são utilizados.

O discurso é emitido por um profissional com vasta - e múltipla - experiência no campo. Afinal, Gringo criou mais de 100 capas de discos para artistas como Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Marisa Monte, fez cenografia para peça internacional, dirigiu mais de 70 clipes musicais e recebeu mais de 20 prêmios como designer no Brasil. Assim, receber o que ele tem a dizer é se deparar com análises sobre a relação da arte com o meio visual.

Não à toa ele é um dos convidados da IV Jornada Mundial do Design, que se inicia em Fortaleza nesta segunda-feira, 6. O evento seguirá até sábado, 11, com programação gratuita formada por oficinas, exposições, shows, feira criativa e intervenções com o objetivo de envolver a Cidade no universo da tecnologia visual.

A jornada pretende celebrar o design como processo e ferramenta de inovação social, conectando criadores e criações do design local, nacional e internacional. Alguns dos nomes confirmados são Lucy Niemeyer (professora doutora da Uerj e da Puc-Rio e autora de livros de design) e a colombiana Clara Zapata, mestre em gestão e cooperação cultural.

Designer e artista gráfico Gringo Cardia tem no currículo mais de 100 capas de álbuns desenhadas para músicos como Marisa Monte e Carlinhos Brown(Foto: Ellie Kurttz/Divulgação)
Foto: Ellie Kurttz/Divulgação Designer e artista gráfico Gringo Cardia tem no currículo mais de 100 capas de álbuns desenhadas para músicos como Marisa Monte e Carlinhos Brown

 

Ao longo da Jornada, haverá também intervenções visuais interativas em projeção 3D em espaços públicos, bem como shows em uma tenda montada na Beira-Mar. Além das oficinas formativas, haverá palestras a partir de quinta-feira, 9. Gringo Cardia, por sinal, será o primeiro palestrante, com fala marcada às 19 horas.

No evento, o designer compartilhará sua trajetória e mostrará como os trabalhos, por mais diferentes que possam ser, "costuram uma linguagem única quando são misturados". "É um panorama de como uma coisa se junta à outra. Esse é o teor da minha palestra", revela.

Por falar em trajetória, o percurso de Gringo nas artes teve início "oficial" quando ingressou no curso de Arquitetura, mas seu gosto pelo mundo visual o acompanha desde pequeno. A escolha por Arquitetura esteve relacionada ao receio de não conseguir caminhar de forma profissional nas artes - mas logo ele soube que a área serviria "como base para todos os projetos de arte" com os quais sempre sonhou.

Ao finalizar a graduação, passou a realizar trabalhos com profissionais do teatro, desenvolvendo cartazes para grupos. Um deles, por sinal, foi o Asdrúbal Trouxe o Trombone, que deu origem à banda Blitz. Depois, produziu artes para capas de discos de artistas da música e entrou a fundo no design gráfico.

Gringo também investiu na cenografia, com a produção de cenários para shows, e diversificou ainda mais seu leque de atuações. "Foi importante e muito legal para mim, porque me deu uma formação mais completa. Cada coisa que eu entrava eu aprendia. Estamos sempre aprendendo e, enquanto você está fazendo trabalhos, você está crescendo. Quando você para de aprender é porque você parou no tempo. Então, eu gosto de desafios", afirma.

Assim, Gringo é arquiteto, cenógrafo, designer gráfico, diretor, curador e no que mais decidir ingressar, e sempre relacionando sua produção à cultura. Em sua história de parceria com nomes como Jota Quest, Cássia Eller e Legião Urbana, ele se via como um "tradutor visual", e pontua que seus trabalhos foram sempre voltados ao lado cultural, e não publicitário.

Ele também tem sido requisitado com trabalhos para museus internacionais, que buscavam "novas linguagens" diante da "defasagem" em meio às demandas tecnológicas e visuais do século XXI. "Esses museus começaram a chamar os artistas visuais para ressignificarem a linguagem", aponta, defendendo que atualmente esses equipamentos são "espaços cenográficos e imersivos nos quais a pessoa se sente dentro de um universo".

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Cardia projetou, por exemplo, o novo Museu da Cruz Vermelha Internacional em Genebra, fez a curadoria do Museu das Telecomunicações Oi Futuro: tecnologia, comunicação e Filosofia, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e foi curador do Memorial Minas Gerais - Vale, que fala sobre a história e a cultura do estado.

"Nós precisamos de representação visual de tudo. Através desse elemento, tento trazer o conteúdo, que é o principal que deve chegar às pessoas. Como as pessoas leem pouco atualmente, você tem que, por meio da parte visual, levar todo esse conhecimento de uma maneira lúdica, teatral e imersiva. Esse é o trabalho que faço hoje", complementa.

O profissional também afirma que as principais tendências do mundo do design atualmente envolvem a valorização da cultura popular - se antes eram "depreciadas", agora são levadas ao universo contemporâneo a partir de ligação com a tecnologia. O design, então, segue tendo grande importância para a transformação social.

"Todo o mundo quer beleza. É ela que dá sentido à vida. Você tem que gostar das coisas, apreciá-las. O design faz isso de uma maneira muito viva, porque ele mostra elementos que às vezes as pessoas não valorizam, e então as ensina a valorizá-los", compreende.

IV Jornada Mundial do Design

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