Descendo na avenida Desembargador Moreira, a um quarteirão de distância da Beira Mar, está localizado o restaurante coreano K-Bab. Seu fundador é Sung Hyung Woo — ou Branco, como é chamado —, que se mudou para o Ceará em 2013, na época que aconteciam as obras de construção de uma siderúrgica no Porto do Pecém.
Antes de chegar até a Vila do Cumbuco, onde ficou instalado enquanto trabalhava na obra, visitou cerca de 45 países como mochileiro, entre eles Chile e Colômbia. Nessa trajetória, encontrou e interagiu com diversas culturas, como a latina, e religiões — como a islâmica.
Foi em uma dessas viagens como mochileiro que ele ganhou o apelido Branco, de uns amigos mexicanos que passou um tempo trabalhando. Como gostou, adotou para si, por ser mais fácil a pronúncia do que o batismo.
Quando toda essa jornada o levou ao Ceará, Branco já programou, ainda durante a construção da siderúrgica, ficar no Estado. "Eu gostei daqui e pensava em abrir uma pousada ou restaurante por causa dos turistas", explica.
Ainda memorando a trajetória que percorreu nos últimos anos, ele conta que quando as obras acabaram, ele retornou para a Coreia do Sul para tirar o visto permanente e voltar. Hoje, quase 9 anos depois, vive na capital cearense com a esposa e a filha, ambas também coreanas.
A família aprendeu a falar português apenas dialogando com outros brasileiros que convivem durante a rotina cotidiana. A filha, por frequentar a escola, é fluente, mas Branco, por exemplo, revela que ainda tem dificuldade em entender algumas expressões ou palavras. "Tenho que tentar entender e aprender", afirma.
Isso não impede os seus diálogos com os clientes que frequentam o restaurante, sejam eles brasileiros ou não. Inclusive, essa comunicação com diferentes pessoas é ressaltada por ele. "Sou feliz [com o estabelecimento]. No dia a dia, eu encontro pessoas de vários lugares", compartilha, apontando em seguida para um mapa na parede do lugar com um mapa do mundo marcado com pontinhos em países, indicando a nacionalidade de pessoas que já frequentaram o espaço.
Com seu país natal, um dos contatos que Branco tem é por meio dos pais que todo ano vem visitá-lo, mas ele não consegue ir até lá. "Ficou difícil depois do restaurante, porque não tem outra pessoa", conta.
No entanto, em seus planos, ele pretende retornar para a Coreia em um futuro. "Quem sabe, né? Se Deus quiser", diz ele, pensativo. Caso volte, Branco já tem um negócio em mente: abrir uma tapiocaria - estabelecimento dedicado à comida típica cearense que mais gosta. "Estava pensando em abrir, porque não tem tapioca na Coreia", compartilha.
Finalizando, ele reafirma que gosta de viver aqui: "Sou um coreano que ama o Brasil".
Onde: av. Desembargador Moreira, 88 - Meireles
Informações: Instagram