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Como heróis negros reconstruíram narrativas nos filmes e quadrinhos
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Como heróis negros reconstruíram narrativas nos filmes e quadrinhos

Nas telas ou nas páginas de quadrinhos, muito heróis negros tiveram suas histórias contadas levantando debates e abrindo mais espaço para a representatividade
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Wesley Snipes no papel do vampiro caçador da Marvel  (Foto: Reprodução/Marvel Entertainment)
Foto: Reprodução/Marvel Entertainment Wesley Snipes no papel do vampiro caçador da Marvel

Tanto Shon e Daniel veem a obra criada pelos dois como uma ferramenta de representatividade, possibilitando que pessoas negras, desde crianças a adultos, entendam que podem ocupar lugares e espaços que lhe foram negados historicamente. "Para mim é muito importante trazer esse personagem, essa história, que possa agir como um modo para as pessoas se reconhecerem e poderem produzir algo em cima daquilo." defende Daniel.

"Acredito que a criatividade hoje em dia nasce da junção de elementos. Então, a reformulação é a maior ferramenta que temos, você consegue imaginar elementos de outra forma. Quando pegamos clássicos e reformulamos com base na cultura negra e africana no geral, estamos dizendo às pessoas que podemos ocupar esse espaço, sabe?", completa Anderson Shon. "O personagem de 'The Boys' por exemplo, A-Train, para mim ele não é o Flash negro, ele é uma pessoa negra com poder de super velocidade. Toda vez que eu vejo um negro ocupando esse espaço eu vejo que ele está fazendo algo que deveria estar fazendo há muito tempo", continua o autor.

Tamara Lopes, jornalista, fotógrafa e mestranda em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, acredita que as novas propostas de clássicos são fundamentais para a luta antirracista. "Nós temos uma carência muito grande de símbolos que nos representem de uma maneira positiva. Porque a maioria das figuras que aparecem tanto na cultura quanto em obras literárias que remete ao negro são figuras negativas.", ilustra. "E aí quando tem essa subversão, digamos assim, transformando o Super-Homem em um homem negro e do continente africano, isso pode trazer um uma nova visão pros jovens negros. Uma nova perspectiva de futuro mesmo.", conclui.

Prospectar um futuro a partir da ancestralidade afro através da moda, do cinema, literatura e qualquer outra linguagem artística recebe o nome de Afrofuturismo. Contudo, Anderson Shon e Daniel relatam que sua obra fala sobre urgências do hoje. Por isso, sugerem o termo "Afropresentismo"."Esse gênero vai falar sobre a mudança que seria se você tivesse alguma pessoa negra e africana em destaque. Porque estamos olhando para o nosso presente, nós queremos que a mudança seja agora", elucida Anderson.

Luke Cage foi o primeiro herói negro da Marvel a ter a própria história em quadrinhos(Foto: Reprodução/Marvel Comics)
Foto: Reprodução/Marvel Comics Luke Cage foi o primeiro herói negro da Marvel a ter a própria história em quadrinhos

A mestre em Literatura pela Universidade de Brasília e doutoranda em Horror Negro pela mesma instituição, Anne Quiangala acredita que as reformulações também são uma forma de trazer pautas sociais importantes para a jubventude. "A consciência social vem muito a partir da cultura pop, as pessoas mais jovens têm aprendido muito sobre o que é o sexismo, machismo, o que é mansplaining, enfim. E aí eu acho que os personagens eles vem também trazendo esses conceitos, assim, pra pra popularizar, para expandir", explica.

O pesquisador cabo-verdiano Andy Khamidi alerta para o perigo de enegrecer histórias que eram originalmente brancas. "Porque elas continuam levantando o olhar do mundo ocidental sobre uma sobre uma narrativa. Por exemplo, se você pegar a história da Branca de Neve e colocar uma menina negra, será que isso vai se conectar com a cultura negra? Enfim, de onde quer que seja, continente africano ou da diáspora, sabe?", questiona o também publicitário, mestre em História e Letras pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e doutorando em História Social pela UFC.

Inclusive, Daniel Cesart defende "Estados Unidos da África" não é uma história de super herói. "As pessoas nos perguntam se 'é um quadrinho de super-herói'? Nós falamos que não, é um quadrinho com super-herói, é uma fantasia politizada." "Não é uma história de herói contra um vilão. O vilão é um sistema ", conta o ilustrador.

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Mas, e o os super-heróis negros no mainstream?

A última pesquisa quantitativa sobre quantos heróis negros haviam nas editoras Marvel e DC Comics foi realizada em 2018 por Fernanda Pereira da Silva, no artigo "Super-heróis negros e negras: Referências para a educação étnico racial e ensino da história e cultura afro-brasileira e africana". Na época, foram contabilizados 51 personagens pretos nas duas empresas, dentre 152 no total. Ou seja, mais da metade são pessoas brancas.

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Raio Negro

O Raio Negro foi o primeiro super-herói negro da DC Comics, criado em 1977 enquanto Falcão foi o primeiro da Marvel, em 1971. O segundo surgiu como ajudante do Capitão América.

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Monica Rambeau

Monica Rambeau foi a primeira Capitã Marvel e chegou a liderar os Vingadores nas HQs da Marvel. No entanto, ao longo do tempo ela perdeu o posto. Após sofrer um acidente com um gerador de energia extradimensional, ela tornou-se capaz de transformar o corpo em energia.

 

Blade

Blade foi o primeiro herói preto da Marvel a ter um live-action, em 1998.

 

Luke Cage

Luke Cage foi o primeiro super-herói negro da Marvel a ter uma história em quadrinhos própria, em 1972, um ano após a primeira aparição do Falcão (1971) nos quadrinhos e seis anos depois da criação do Pantera Negra (1966).

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