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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 28-11-2023: Gilherme Nobre em Especial DOM Repente V&A fala sobre a cultura e práticas dos repentistas  (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 28-11-2023: Gilherme Nobre em Especial DOM Repente V&A fala sobre a cultura e práticas dos repentistas (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

Apesar da discriminação ainda existente apontada por Geraldo Amâncio, Guilherme Nobre encontrou nessa arte o ofício de sua vida. Com 22 anos, é, atualmente, um dos destaques da cantoria cearense, não tendo tempo para se dedicar a outro trabalho.

Ele conheceu o repente pelo programa de TV apresentado por Geraldo quando tinha 11 anos e, em seguida, foi levado pelo pai a uma apresentação do mestre cultural com outro cantador, Antônio Jocélio. "A partir daquele momento, senti uma sensação que nunca tinha sentido na minha vida", conta.

"Passei a acompanhar as cantorias mais vezes. Os cantadores me colocavam para cantar, que na nossa gíria chamamos de 'tirar um baião'", continua. Se profissionalizou cedo como repentista, aos 14 anos, e hoje divide palco pelo mestre que foi sua inspiração inicial.

Mas Guilherme defende, assim como Geraldo, que a cantoria é algo hereditário. Clarificando o ponto de vista, ele conta que tinha um tio que era repentista, apesar de que descobriu apenas quando já praticava o ofício. "Foi uma questão de sangue, um dom que já estava por ali", sustenta.

A família, no entanto, não apoiou inicialmente a escolha do cearense em seguir carreira como repentista. "Quando passei mostrar que aquilo estava dando certo para mim, que eu estava sendo aceita naquele meio. Automaticamente aqueles que não acreditavam, passaram a acreditar", detalha.

"Tenho oito anos de cantoria de viola e vivo tranquilamente apenas com ela", sustenta, acrescentando que o período de maior procura é depois do inverno.

E finaliza: "Quero que esse trabalho gere resultados de um serviço prestado à cultura popular. Que ele seja reconhecido e aproveitado, que marque minha geração de cantadores, não apenas o meu, mas dos meus colegas também, para que essa arte seja reconhecida".

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