Originado na Itália, o panetone é uma peça tradicional da mesa de Natal, sendo o toque final entre os alimentos que preenchem a ceia. Lendas tentam atribuir uma história bonita que especificasse quando, onde e como surgiu a receita do famoso pão, no entanto, não há uma origem concreta.
O que a linha histórica consegue rastrear, em uma época medieval italiana, são os “pães de festas”, que tinham adição de açúcar e uvas passas, e eram consumidos em datas celebrativas. Familiar, certo?
Essa receita foi sendo passada e no início do século 20, observou um aumento no consumo do panetone, adentrando o cardápio de todas as regiões do país. Angelo Motta, um padeiro da época em Milão, teve contribuição com isso ao reformular, por exemplo, o formato do pão, lhe dando a forma abobadada como é conhecida hoje.
E claro, a competitividade que tinha com Gioacchino Alemagna — outro padeiro que em 1925 adaptou a receita de Motta e também fez sucesso — marcou o ponto de partida para a produção industrial do pão, ambos com marcas que levavam seus sobrenomes. Elas se mantiveram e até hoje são responsáveis pela venda do produto.
A aterrissagem do panetone no Brasil foi graças aos imigrantes italianos que chegaram, trazendo o alimento tradicional que, em poucos anos, se tornou peça essencial da ceia natalina. Uma dos que vieram foi a família Bauducco.
Chegaram ao País após a Segunda Guerra Mundial, no começo da década de 50. Carlo Bauducco, fundou a empresa e Luigi, seu filho, foi responsável por ajudar na expansão de uma das, atualmente, principais marcas de panetone do Brasil.
Mas ela não é a única. Devido a popularização da receita, os brasileiros também estudaram e passaram a produzir o pão. A Sucré, que nasceu como uma confeitaria, é uma das marcas responsáveis pela produção industrializada do alimento no Ceará.
Outro meio de consumo do alimento é o artesanal. A Cheiro do Pão e a Molino são padarias em Fortaleza que seus chefs estudaram a receita italiana para produzirem panetones de sabores variados, mas respeitando com ingredientes que trazem a Itália para a ponta da língua do cearense.
Casa Bauducco
Luigi Bauducco era o único filho de Carlo Bauducco, fundador da Pandurata Alimentos, empresa a qual a marca Bauducco está relacionada. Eles, juntamente com a matriarca da família Margherita Constantino, vieram ao Brasil no início da década de 1950, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Da Itália, a família trouxe a massa madre, fermento natural e um dos principais ingredientes da receita que origina a preparação dos panetones da empresa.
A marca pode ter sido fundada pelo patriarca, mas foi Luigi o responsável por expandir e consolidar a fama. Quando faleceu em 2020, aos 88 anos, deixou o legado da Bauducco ser uma das maiores fabricantes de panetone do mundo nas mãos dos três filhos: Massimo, Silvana e Carlo Andrea.
Para homenagear este que foi, por anos, líder da casa, a Casa Bauducco disponibilizou em edição limitada o Panettone Ricetta Originale Luigi Bauducco. Ele é feito artesanalmente, utilizando ingredientes selecionados como farinha italiana, frutas cristalizadas e o fermento massa madre, fermento natural que é parte essencial da receita da marca.
O panetone vem em uma caixa especial com informações sobre a receita, como a fermentação natural do pão, e origem. Ele tem um peso de 1,5 kg, custando R$ 399,90. Em Fortaleza, ele pode ser encontrado nas lojas da Casa Bauducco localizadas nos shoppings RioMar Fortaleza e Iguatemi Bosque. Ele custa
Molino
“Panetone o ano todo”, esse é o slogan da Molino. A produção do famoso pão não tem pausa na padaria, mas se intensifica no mês de dezembro. “Mantemos a produção o ano todo para quem realmente gosta desse produto”, explica Thales Romão, chef da casa.
Durante as fornadas ao longo dos 12 meses do calendário, combinações de sabores são testados e degustados, buscando aqueles que mais agradam o paladar do público. É assim foram escolhidos os que estão presentes no catálogo: pistache com chocolate branco e limão, chocolate duo (branco e ao leite) e chocolate com laranja.
São dois tamanhos, o mini panetone de 90 gramas, custando R$ 18, e o clássico de 550 gramas, no valor de R$100. Eles estão disponíveis para pronta entrega, mas também podem ser encomendados até o dia 20.
“Falamos em encomendas para não existir o risco de chegarem e não ter o sabor ou a quantidade que deseja”, esclarece.
E para aqueles que acham que o clássico com frutas cristalizadas não pode faltar, a padaria estará disponibilizando ele em breve no cardápio também para encomendas e pronta entrega.
Para o consumo, Thales indica buscar outras maneiras, como o “panetone na chapa”. “Fazer fatias dele douradas na manteiga e acompanhar com frutas, mel e geleia. Faz muito bem”, detalha o processo que pode ser feito. Ele também aconselha aquecer o pão no forno caso o desejo seja resgatar a umidade dele.
Sucré
Quando a Sucré iniciou suas atividades, foi como uma confeitaria/cafeteria. A alta demanda, no entanto, levou ao processo de industrialização de seus produtos, ocasionando o fechamento da loja em julho de 2022. Agora, são vendidos em um quiosque localizado no shopping Iguatemi Bosque, em Fortaleza, e no aplicativo.
Para o Natal, a marca trouxe um panetone já conhecido de seus clientes: o “Sucretone de Sucroc”. A massa do pão, feita com fermentação natural, acompanha um recheio de Nutella(creme de avelã), com pedaços de Sucroc, biscoito da marca, dentro e por fora, e uma camada de chocolate cobrindo por fora.
“A ideia que temos dele é para ser ‘matada’ a saudade da Sucré confeitaria, para quem conhecia”, explica Matheus Queiroz, analista da marca, acrescentando que os produtos foram feitos em edição limitada, ou seja, vendidos enquanto durar o estoque.
Por ser produzido com fermentação natural, seu tempo de duração é de 1 mês, devendo ser mantido fora da geladeira para manter a maciez do pão.
O panetone é vendido em dois tamanhos: o de 200 gramas, que custa R$49,90, e o de 800 gramas, que custa R$ R$129,90. Ele pode ser comprado pelo site de delivery, aplicativo da Sucré ou no quiosque presencialmente.
Cheiro do pão
Uma copa para eleger o melhor panetone do mundo? Sim, existe e o representante brasileiro de 2022 foi Brunno Malheiros, chef responsável pela Cheiro Pão. Ele ganhou a etapa nacional na categoria panetone clássico, sendo eleito o melhor do Brasil.
Viajou para a Itália, levando o País para a competição e ficando entre os dez melhores. O objetivo para a deste ano, já que ganhou mais uma vez a etapa nacional, é alcançar o top 3 em solo italiano. “Foi uma experiência incrível, de muito aprendizado e aprofundamento técnico”, celebrou.
A experiência, como destaca Brunno, também contribui no aprimoramento das técnicas de panificação da Cheiro do Pão. Entre os 3 dias de preparação, um ou dois são dedicados para preparação do fermento natural lievito madre. Em seguida, a massa é batida com os outros ingredientes duas vezes, com um intervalo de 12 a 16 horas entre elas e cada um com quantidade e tipos diferentes de insumos.
Esse processo cuidadoso rende aos interessados três sabores de panetone: o premiado, com as clássicas frutas cristalizadas, importadas para garantir uma maior qualidade, passas ao rum, fava de baunilha para saborizar a massa; o de pistache com gotas de chocolate branco, e o chocolate com massa de cacau e um recheio de que mistura gotas de chocolate ao leite, meio amargo e branco.
Todos são vendidos em um tamanho único de 550 gramas, custando R$ 135. Semanalmente, a padaria produz uma fornada de panetones para pronta entrega, que podem ser reservados pelos clientes que não querem correr o risco de ficar sem.