Neste sábado, 6, é celebrado o Dia de Reis, uma das datas mais importantes para a religião católica, momento em que se conclui o período natalino. A celebração é marcada por eventos em diversos locais do país, que apresentam homenagens a Jesus. No Ceará, os reisados são popularmente mais conhecidos.
Em Fortaleza, a manifestação cultural vai ser realizada por artistas na Estação das Artes com a XVI Mostra Estadual Ceará Ciclo Natalino 2023, neste sábado,6, em uma programação especial de férias. Com 14 apresentações de grupos de tradição e projeção folclórica, do interior e da capital cearenses, o equipamento cultural também vai receber cortejo, exposição de presépios, mostra de documentários e exposição fotográfica.
Nesta edição o tema é “Chegou, chegou, chegou - Mestre Chico é brincador: no som da gaita pife, celebramos o Natal do Ceará!”, em homenagem ao Mestre Chico, referência de grupos de bois da região do Vale do Jaguaribe.
O Pastoril Pirambu do Instituto Cai Cai Balão faz parte da programação e é composto por 45 pessoas, entre brincantes e produção. O grupo já existe há 16 anos e recebe crianças e adolescentes do Grande Pirambu e adjacências.
“Para nós tem um significado muito importante (a data), pois é uma tradição que está enraizada no grande Pirambu e o nosso grupo busca resguardar através do nosso pastoril, deixando esse período como data de encerramento das nossas atividades do ciclo natalino. O Dia de Reis é quando vestimos nossos figurinos e vamos às ruas do Grande Pirambu, fazendo a nossa Tiração de Reis (Reisado)”, declara Fábio Lessa, coordenador do grupo.
O Grupo desenvolve ações de formação contínua com crianças e adolescentes, entre eventos, cursos de dança, música, teatro, folclore, lazer, reciclagem com arte, embalagem e outras manifestações da cultura popular.
“São envolvidas diretamente no projeto 35 pessoas entre, brincantes, coreógrafos, aderecistas, costureiras, sapateiros, artesãos, técnicos de som e palco, além do apoio de ex brincantes”, esclarece Fábio.
O artista também expõe que os jovens presentes na produção entendem a importância em participar da manifestação cultural e que isso vai proporcionar um encontro com os diversos grupos e mestres, além do momento de confraternização que a data oferece.
“Estamos muito felizes por termos sido escolhidos para participar em mais um ano da mostra estadual. Percebemos que as crianças que participam do grupo, estão ansiosas para isso. Aproveitamos essa data para além da manifestação artística e cultural, mas sobretudo social e de preservação dos saberes, envolvendo todas as crianças e adolescentes em todos os processos de criação e finalização das atividades. O bom é que a população ajuda na tiração de reis com uns “trocados” e daí aproveitamos e confraternizamos com pizzas para as crianças”,expõe.
Já o grupo de pastoril Nossa Senhora de Fátima é todo composto pela família Costa e possui 77 anos de existência. Foi fundado por Dona Rita no dia do seu casamento com o intuito de levar a história do reisado para a vizinhança.
“Nosso grupo conecta passado, presente e o futuro, Das futuras gerações trazemos essa herança cultural. Eu procurei reunir gerações nesse espetáculo que tem avós, filhos e netos. Estamos na sexta geração da família e se minha mãe estivesse viva estaria com tataraneto dançando dentro do grupo”, declara Nelly Costa, mestra do grupo e filha de Dona Rita, que faleceu em 2004.
Nelly afirma que durante todo o período de existência o pastoril já teve que enfrentar muitos preconceitos, inclusive o racial, em uma época que ainda não existia políticas afirmativas.
“Nós fomos muito discriminados porque a minha mãe era negra. Eu e minhas irmãs também. E como diziam que o pastoril é de origem portuguesa, tinha que ser dançado por meninas brancas. Então, minha mãe sempre foi além do tempo dela, mesmo sem as leis de políticas afirmativas. Ela dizia: ‘Eu estou fazendo, vou levar minhas negrinhas pra dançar e elas vão ser aplaudidas, sim. Quem quiser assistir, assista. Eu não vou pintar minhas filhas de branco pra fazer uma representação folclórica’”, relata Nelly.
No Brasil, a comemoração foi trazida pelos portugueses no período da colonização. Hoje a data é muito tradicional e se tornou parte importante da cultura brasileira.
O grupo é composto por mais de 30 pessoas, mas sempre recebe integrantes que se apaixonam pelos reisados após assistirem as apresentações. “ A gente não tem isso de fazer seleção para novos integrantes, além da nossa família quem quiser participar é bem vindo”,afirma.
“De acordo com a religião católica, os antigos falavam que essa data foi o dia que Jesus foi batizado, por isso que é chamado epifania do Senhor. No nosso grupo é queimado as palhinhas em referência a história em que Herodes queria matar as crianças com medo do novo Rei, que seria Jesus Cristo. Por isso os pastores queimaram palhas para esconder os passos de Maria e José. Então essa data para a gente tem uma significância muito grande”, revela a mestra.
Outras festas de Reisado pelo Ceará
Em Canoa Quebrada, a data é comemorada em uma festa à fantasia que foi criada em 1982 pelo carioca Paulo Rogério Kurc e já se tornou umas das comemorações mais tradicionais do município de Aracati. O festejo terá seu início na Broadway, famosa rua da Cidade, terminando no Circo Escola a partir das 23 horas. O responsável pela animação será o DJ Dinossauro.
No Bom Jardim, a Folia de Reis também já é tradição. Desde 2012, o grupo Reisado do Boi Jardim bate à porta da população para declamar o famoso trecho "Oh senhor dono da casa abra a porta e acenda a luz!", com máscaras, tambores e participação das crianças da comunidade São Francisco, localizada no bairro.
Neste sábado, 6, as apresentações ocorrem no Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), a partir das 19h. O grupo vai apresentar um giro pela fauna, flora e história de moradores contadas na beira das calçadas.
Programação Férias na Estação
Sábado, 6 de janeiro
Domingo, 7 de janeiro
Gratuito