Em “Alba e os fantasmas”, uma garotinha tem o dom de conversar com espíritos e o seu anjo da guarda. Desenvolvida durante a pandemia, a animação estreia nesta segunda-feira, 8, no Canal FDR, com exibições às 8h30min e às 16 horas. Neil Armstrong é responsável pela direção do projeto, o roteiro é assinado por Caroline Treigher

A inspiração para a trama veio da infância da esposa de Neil e uma das produtoras executivas da série, Mayara Billy, que costumava ver vultos quando criança. “Eu aproveitei para criar uma história voltada para o público infantil feminino. A Alba surgiu então como uma criança que conversava com fantasmas e com seu anjo da guarda”, explica o diretor. A ideia inicial era produzir uma série voltada para meninas, no entanto após exibições testes, Armstrong decidiu ampliar o público. “Só que nas exibições de teste, por conta dos personagens fantasmas, percebemos que os meninos vibraram muito também”, pontua.

Para construir a história, o também escritor e podcaster convidou Caroline Treigher. “Ela gostou da ideia e juntos nós construímos esse universo. Ela fez tantas contribuições que acabou que o projeto passou a ser de criação nossa”, relembra. “Conseguimos construir um universo muito interessante onde a criança pode se deparar com seus medos e suas angústias do dia a dia de forma alegre e divertida. Um misto de filosofia e espiritualidade para crianças, em forma de comédia e aventura”, conclui.

“O processo de produção foi bem interessante porque nós tivemos que começar a fazer essa história durante a pandemia. Então foi realizada totalmente de forma online”, revela o diretor. Outro fator que tornou o desenvolvimento mais complicado foi a demora para o recebimento da verba do edital Prodav 2 da Agência Nacional de Cinema (Ancine), de 2016, com o qual foram contemplados. O recurso só foi liberado cerca de cinco anos depois. Em razão disso, a série só foi finalizada em 2022.

Apesar do imprevisto, Neil conta que foi possível seguir com a concepção da obra. “Conseguimos restabelecer equipes e formatar uma pipeline (etapas do processo) bastante funcional, o que deu um brilho à animação. Um dos problemas era fazer um efeito especial nos fantasmas, de forma que destacasse, sem ser de forma grosseira, e sem tanta pós-produção, pois não cabia no orçamento que tinha”, revela Neil.

A escrita do roteiro da série foi um processo muito fluido para Treigher. “As ideias eram todas de um universo conhecido por mim. Primeiro, porque sou mãe; segundo, sou psicóloga. Então, eu lembrava de coisas da infância dos meus filhos e escrevia. E tentava unir ao conhecimento em psicologia do desenvolvimento. A Alba tem muitos medos infantis. A gente vai trabalhando um medo em cada episódio”, relata. A psicóloga também afirma que aproveitou o trabalho para abordar a relação das crianças com o luto. “E acabou que, como também me interesso muito por Tanatologia (estudo científico da morte), aproveitei o fato dela ter perdido o pai para tocar a questão do luto em crianças”, salienta.

Para a roteirista, um dos momentos marcantes ao longo da construção do enredo foi a escrita do último episódio. “Cheguei a chorar - e não sou tão chorona, hoje em dia. Mas acho que estávamos tão sensibilizados. Trancafiados. De repente, aquela história da Alba trazendo o pai dela, entre os anjos. É muito lindo”, revela Caroline, que também dublou a mãe de Alba, que teve a voz interpretada por Carolina Geraldo.

A série já fez sua estreia com o episódio piloto em festivais como II Festival Internacional de Cinema de Animação em Khabarovsk “Animur”, na Rússia; na Competição de Séries Animadas, Animated Expressions Expo, na França; na Lift-Off Filmmaker Sessions, na Inglaterra; e nos nacionais 22ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis e no 33° Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema.

Gerente-geral da Fundação Demócrito Rocha, Marcos Tardin destaca a importância de um veículo como o Canal FDR transmitir “Alba e os fantasmas”. “As produções independentes aqui do Ceará sempre são um foco muito grande da Fundação, procuramos incentivar através de editais. Queremos sempre valorizar, jogar luz, foco, dar destaque, projeção para essas obras independente do cenário, quaisquer que sejam os formatos”, aponta.

Por enquanto, ainda não há certeza se “Alba e os fantasmas” terá mais uma temporada. “A partir da estreia, vamos vendo o retorno do público e nos preparando para a busca de financiamento de novas temporadas”, explica Neil.

Alba e os fantasmas

Quando: a partir de 8 de janeiro, às 8h30min e 16h; com exibições sempre às segundas

Onde: Canal FDR; sinal digital aberto (canal 48.1) e por sinal fechado: 23 - Multiplay | NET 24 (SD) e 523 (HD)) | 138 - Brisanet