Às vezes, depois de uma rotina cansativa, é comum a vontade de buscar um filme para assistir e imergir em narrativas oferecidas pela sétima arte. Para alguns, os dramas e suas sensíveis histórias são a melhor escolha, enquanto outros preferem a adrenalina proporcionada por um longa de terror ou ação.
E há os amantes das comédias românticas, que buscam um romance envolto de situações cômicas inseridas em situações cotidianas, mesmo com alguns respingos dramáticos já esperados, entregando uma experiência leve e confortável. As décadas de 1990 e 2000 foram um auge para esta categoria e seus apreciadores, entregando as mais variadas fórmulas e agradando diferentes públicos.
Clássicos surgiram nessa época em Hollywood, como “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999), “De Repente 30” (2004) e “A Proposta” (2009). No Brasil não seria diferente, com “Lisbela e o Prisioneiro” (2003) e “Se Eu Fosse Você” (2006). Mas, após a virada para a década de 2010, os fãs do gênero se sentiram frustrados com as produções — e externavam nas redes sociais. Acabaram as boas comédias românticas?
Em uma rápida pesquisa, é possível notar que a época teve em seus primeiros anos, alguns títulos que agradaram seus espectadores, mas depois a carência de boas narrativas se instalou. Para Carollini Assis, diretora da Associação de Autores Roteiristas da Bahia (AUTORAIS), a fórmula que antes estruturava as narrativas e personagens, ficou saturada.
“As pessoas estão buscando narrativas mais inclusivas, que reflitam uma diversidade de experiências e relacionamentos, acompanhando questões contemporâneas”, apontou a roteirista.
O primeiro fôlego do que pareceu ser uma “retomada” das “romcom” (como são conhecidas em inglês e na internet) foi com a adaptação “Para Todos os Garotos que já Amei” (2018), primeiro filme de uma trilogia lançada pela Netflix. O romance adolescente aplicou a conhecida receita do relacionamento falso, mas com detalhes da geração juvenil atual, sendo sucesso entre o público alvo.
Depois dele, outros longas foram aos poucos estreando e conquistando os espectadores que ansiavam pelas boas histórias. E elas tinham aliados: as redes sociais, como TikTok e X (Twitter), que proporcionaram um ambiente de divulgação orgânico das obras a partir das indicações feitas pelos usuários, como destaca Carollini.
Ela também pontua que o cenário de insegurança criado pela a pandemia da Covid-19 ajudou nesse movimento, visto que os espectadores buscavam tramas mais leves para passar o tempo. Essa procura, no entanto, envolvia achar e indicar boas histórias, atraindo cada vez mais pessoas para os títulos.
“O interessante é perceber que hoje vemos as pessoas assumirem o gosto por uma boa comédia romântica, com uma história bem contada e respeitando seus elementos enquanto gênero”, afirma.
Pedro Antonio, diretor de cinema, corrobora com a ideia, destacando que as produções também contribuíram ao trazerem de volta “personagens que o público sente vontade de torcer e acompanhar até o fim”. Ele acredita que a escolha do ator ou atriz também é uma influência para isso, visto que os espectadores gostam podem gostar da relação que o intérprete cria com o papel, tornando-o marcante.
Entre 2023 e o início de 2024, muitas obras conseguiram trazer esses acertos entre roteiro e personagens, animando os fãs do gênero para o novo caminho que estava sendo desenhado. O longa “Fazendo Meu Filme” (2024), dirigido por Pedro e que adapta o livro homônimo de Paula Pimenta, faz parte da lista.
Este e outros, como “Tá Escrito” (2023), mostram que assim como as internacionais, as produções do mercado brasileiro também seguem um ritmo de retomada. Inclusive, o diretor aponta que é um gênero cinematográfico em crescimento no País, mas que ainda não tem uma “produção maciça”.
Ele até considera “loucura”, visto que o público nacional tende a consumir muito romance, por causa das novelas, e gosta de filmes de comédia. Pedro acredita que a categoria pode crescer mais e que o baixo custo na produção pode ajudar nisso.
Outro fator é a busca dos espectadores por tramas que os representem de alguma e que um filme brasileiro consiga ter mais esse apelo. “É ótimo ver uma cena de um casal cantando em inglês, mas uma cena de um casal cantando em português é melhor”, sustenta Pedro.
“Você ter sua própria língua, o próprio País que vive, vê os personagens vivendo questões que são parecidas com a que vivemos no dia a dia. Acho que é uma identificação que o público brasileiro gosta e procura”, completa.
Com esse novo fôlego dos filmes de comédias românticas, o Vida&Arte separou algumas sugestões de longas que foram lançados nos últimos anos, para atualizar a lista do que se pode assistir quando se busca conforto, leveza e algumas risadas com tramas audiovisuais.
Upgrade: As Cores do Amor
Um bom filme conforto para fim de tarde, o filme traz Ana Santos, uma estagiária que recebe um upgrade para viajar na primeira classe de um voo rumo a Londres, para uma emergência de trabalho. Aproveitando o ambiente, ela conhece o belo e rico William e, após um mal entendido, decide manter a aparência de uma mulher rica e bem sucedida.
Todos Menos Você
Baseado na comédia de William Shakespeare, "Muito Barulho Para Nada', o filme traz Bea e Ben, que vivem em um encontro após se conhecerem de forma inusitada. Mas forma que tudo termina no dia seguinte, cria um sentimento desagradável entre eles. Quando se reencontram em um casamento na Austrália, fingirão um relacionamento para que nada atrapalhe as noivas.
Vermelho, Branco e Sangue Azul
Adaptando o livro de Casey McQuiston, o espectador conehce Alex Claremont-Diaz, filho da presidente dos Estados Unidos, e Príncipe Henry, da Inglaterra. Quando um conflito entre os dois acontece em um casamento real e estoura na mídia, a estratégia para conter danos é encenar uma falsa amizade entre ambos. Mas o fingimento começa a ganhar toques de romance quando eles se aproximam.
Ricos de Amor
Conheça Teto, filho de um rico homem conhecido como "Rei do Tomate". Prestes a herdar a fábrica da família, sua vida tem uma remexida quando ele conhece Paula, uma estudante de medicina que busca sua independência. Com medo da reação dela caso descubra sobre sua raízes, ele resolve fingir ser humilde. O problema é que isso gera uma série de desentendimentos.
Que Horas Eu te Pego?
Ótima para tirar boas risadas, esta comédia romântica traz a história de Maddie, uma mulher que pode perder sua casa de infância e precisa arranjar um emprego para mantê-la. Em meio aos anúncios, acha a proposta de pais desespero, que procuram uma namorada falsa para o filho de 19 anos, Percy, sem que ele saiba. A ideia é que ele viva experiências antes de ir para a faculdade.
Um Ano Inesquecível
Esta é uma quadrilogia nacional que adapta o livro homônimo escrito por Thalita Rebouças, Babi Dewwt, Bruna Vieira e Paula Pimenta. Cada um dos quatro filmes narra um conto presente na obra, representado por uma estação do ano, trazendo histórias de amor vividas por quatro garotas diferentes. O destaque para a série de longas é o segundo, intitulado "Outono", que traz a história de Anna Júlia e João Paulo, duas pessoas opostas que se apaixonam no meio da Avenida Paulista.
Fazendo Meu Filme
Se passando nos anos 2000, a trama acompanha Fani, uma adolescente comum, sonhadora e que ama cinema, vivendo as costumeiras descobertas e relações que a adolescência proporciona. Quando ela passa em um intercâmbio de 1 ano para a Inglaterra, após insistência de sua mãe, começa a descobrir sentimentos por seu melhor amigo, Leo.
Meu Eterno Talvez
Sasha e Marcus eram amigos e vizinhos, que compartilhavam experiências e descobertas durante a juventude. Quando uma tragédia abala a vida dele, acabam brigando e se afastando. Após 15 anos, a agora chef encontra o então músico e percebem que a atração entre eles ainda existem. Só que não será fácil se adaptarem a vida um do outro.