"Pode ter certeza que você vai rir, vai se emocionar e vai ficar com essa mensagem dentro de você", garante a atriz Regiane Alves, que integra elenco do espetáculo "Nosso Irmão".
Com estreia em solo cearense, a peça de teatro se debruça sobre a resolução de um conflito familiar. Entre os temas abordados, a discussão sobre os direitos de pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA) ganha ênfase.
O espetáculo chega a Fortaleza nos dias 8, 9 e 10, deste mês, no Teatro Brasil Tropical, marcando também a retomada dos espetáculos promovidos pelo grupo Cena, antigo Circuito Cearense de Teatro.
A peça "Nosso Irmão" conta a história de Teresa, Maria e Jacinto: três irmãos que se reencontram após o falecimento de sua mãe, na casa em que viveram durante a infância. O cenário do espetáculo se passa na Espanha, onde os três se reúnem para decidir como irão cuidar do caçula, Jacinto, um rapaz com TEA.
"O jogo cênico criado a partir dos embates psicológicos entre os irmãos faz do público o voyeur da história, observando as cenas de diferentes ângulos e captando variadas nuances do trio", afirma o diretor Dan Rosseto.
Além dos debates que problematizam os tratamentos e os preconceitos que envolvem pessoas com o transtorno do espectro autista, a peça também mostra os dilemas e as complicações familiares que nascem a partir da herança deixada pela mãe, mostrando outras camadas de um conflito familiar.
Conhecida do grande público por personagens nas telenovelas – a exemplo da vilã Dóris (de “Mulheres Apaixonadas”) e mais recentemente a popular Clara (de “Vai na Fé”) –, Regiane Alves dá vida à Teresa. Em "Nosso Irmão", a irmã mais velha provoca importantes tensões na trama do espetáculo.
“É uma peça em que a gente se aprofundou muito no tema do autismo, sobre como a gente tira o poder de escolha dessa pessoa autista, como a gente julga pensando que 'ele não é capaz'. E ele (Jacinto), no decorrer da peça, mostra que é quem está mais atento a tudo que acontece ao redor”, elabora a artista, em entrevista ao Vida&Arte.
A atriz paulista se afirma como "cria de televisão", mas demonstra apreço pelas artes cênicas: "Eu adoro o teatro porque eu consigo estar perto do público, eu consigo falar, as pessoas conseguem me ver, eu consigo tirar foto".
Regiane complementa: "O teatro é um processo mais artesanal. Você cria vínculos que se tornam uma família, e você tem mais tempo de estudo, de preparo, de dedicação."
A intérprete que tem no currículo ainda novelas como “Laços de Família” e “Fascinação” explica que não é sua primeira vez atuando em solo cearense. Inclusive, ela compartilha que, em um certo momento de sua vida, já viveu a rotina fortalezense.
"Eu amo voltar para o Ceará, toda vez. Morei mais de um mês aí (em Fortaleza), então é um lugar assim que eu tenho muito carinho, porque eu sou muito bem recebida. As pessoas gostam do meu trabalho, é um lugar delicioso. Eu como sempre bem, tem uma brisa ótima, as pessoas sempre são muito simpáticas", se alegra a atriz, compartilhando sua vivência pelo Estado.
Com convite para a presença do público, Regiane deixa provocação sobre o encontro da plateia com os temas delicados da dramaturgia: “Eu queria convidar todos vocês para assistir ao espetáculo, é uma história muito bonita, uma história muito tocante. Quero muito que as pessoas possam ir, possam se identificar e possam repensar certas atitudes e preconceitos”.
Espetáculo Teatral "Nosso Irmão"