Logo O POVO+
Artista plástico leva a Portugal obra que retrata a periferia cearense
Vida & Arte

Artista plástico leva a Portugal obra que retrata a periferia cearense

Através da arte, Zec Junior enxerga a oportunidade de evidenciar vivência periférica
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA, CEARÁ, 12-03-2024: Na foto, o artista visual, Zec Junior, que retrata a luta da comunidade negra. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)















































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 12-03-2024: Na foto, o artista visual, Zec Junior, que retrata a luta da comunidade negra. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

"Através do meu trabalho, espero que pessoas de todas as raças se unam em busca de igualdade e justiça. Quero que todos consigam enxergar a beleza desse povo negro incrível, que enfrenta bravamente todas as opressões". É esse o desejo do designer José Carlos Ferreira ou mais conhecido como Zec Junior, de 38 anos, que teve sua vida transformada através da arte.

O artista visual, por meio dos seus quadros, expressa um testemunho visual da beleza e perseverança da comunidade negra, abordando o racismo, desigualdade social e colocando em evidência que dentro de comunidades periféricas existe uma sede por vencer e ir contra as estatísticas impostas pela sociedade.

Sua jornada profissional começou com seu primeiro emprego em uma agência de publicidade, onde inicialmente servia café e fazia serviços gerais. Com o tempo e dedicação, evoluiu e se transformou em diretor de arte e designer.

“Minha mãe trabalhava como empregada doméstica na casa de um proprietário de agência de propaganda aqui em Fortaleza e quando completei 18 anos ela teve a ideia de mostrar meus desenhos ao departamento financeiro e ao dono da agência, na esperança de conseguir uma oportunidade para mim”, revela Zec, que cresceu no conjunto habitacional Planalto Pici.

E continua: “O tempo foi passando e eu ansiava por mergulhar no mundo criativo daquela agência, eu queria sair dos serviços gerais. Me dediquei intensamente nas horas de almoço, estudando sempre. Quando dei fé, estava criando os encartes de cosméticos, catálogos e anúncios de construtoras. Eu não estava acreditando naquilo, passei por arte-finalista a diretor de arte, antes de decidir seguir carreira como freelancer”, expõe o artista.

Para o artista visual, tentar viver de arte para quem vem de periferia é um desafio diario, pois as portas não se abrem tão fáceis e não existem muitos curadores e representantes negros no Brasil.

“Enquanto o racismo estrutural continuar existindo realmente como um funcionamento normal da sociedade, sem grandes mudanças na estrutura para visibilizar artistas da periferia para o Brasil e para o mundo, continuará sendo difícil”, declara.

Ele conta que suas inspirações ainda na infância passaram por cavaleiros do zodíaco, dragon ball e velocidade das motos, paixões que o inspiraram a tomar gosto pelo mundo das artes. Mas com o decorrer dos anos e da realidade vista e vivida, mudaram o foco.

“Hoje é tudo diferente, minhas inspirações são outras, minhas motivações também. O sofrimento, a dor, persistência e perseverança desse povo preto me inspiram muito. Através do meu trabalho, espero que pessoas de todas as raças se unam em busca de igualdade e justiça”, conta o artista.

As obras do norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988) servem como fonte de inspiração para o cearense, atualmente. Ele foi o primeiro afro-americano a fazer sucesso nas artes plásticas em Nova Iorque.

“Estudei sobre, assistir seu filme, vídeos e me apaixonei. Ele era supercrítico, sempre contra o racismo e contra a força policial racista, o que já estava presente nas peças digitais e levo de forma mais figurativa para obras em pintura” , expõe.

Acompanhe o artista

O que você achou desse conteúdo?