Com cerca de 150 quadros já produzidos, o cearense Zec Junior realizou as primeiras exposições em Fortaleza no Centro Cultural Belchior, no Centro Socioeducativo do Canindezinho e no Salão das Ilusões.
Em fevereiro deste ano, o cearense participou da exposição coletiva "Descolonizando o Olhar" na Galeria Casa Odisseia, em São Paulo, apresentando quatro quadros da série "Olhares".
A mostra apresentou um encontro plural de perspectivas, com obras de artistas de vários países para revelar as nuances de uma experiência global.
"Quando fui à abertura da exposição, fiquei de olho o tempo todo, torcendo para que as pessoas dessem uma olhada nos meus quadros. Estou me sentindo muito orgulhoso e extremamente grato a todos que têm me apoiado", expressa o cearense, acrescentando que todos seus quadros expostos foram vendidos.
Com o sucesso na capital paulista, Zec recebeu o convite para expor suas obras em Portugal, em junho, na galeria Geraldes da Silva em Porto. Mas ainda não sabe se irá pessoalmente para a exposição, pois os custos incluindo passagem, hospedagem e alimentação são muito altos.
"Meus quadros eu tenho certeza que vão, mas eu não. Fiz até uma vaquinha online para tentar arrecadar o valor de tudo, mas ainda não consegui", relata.
A mostra na Europa tem como tema evidenciar o cotidiano através da linguagem visual que transcende a mera representação, adentrando os recantos psicológicos de cada indivíduo.
E entre São Paulo e Portugal, Zac vai expor no próximo mês de abril, em Fortaleza, uma série intitulada "reflexão" na Casa Gastronômica Amélie Restô. Que ficará em exibição durante 90 dias e possui curadoria de Dias Brasil.
Sobre os temas escolhidos para as obras, Zec destaca as relações sociais e raciais presentes na sua construção estética. Riscos cobrindo a boca e olhos simbolizando a opressão que pessoas negras sofrem no cotidiano já são características marcantes em seus quadros. Nas imagens, o artista busca evidenciar o mundo da forma real e as inúmeras possibilidades existentes para a mudança ocorrer.
"As marcas no rosto e cicatrizes, não são suficientes para nos fazer desistir. As cores vibrantes representam a esperança de um futuro melhor. Infelizmente, muitos não conseguem alcançá-lo, mas até mesmo esses se tornam luz e força para as nossas vidas", declara.
Zec pontua que é essencial que políticas culturais incluam medidas específicas para apoiar e promover a diversidade artística em Fortaleza, garantindo que artistas de todas as origens tenham oportunidades igualitárias de participação e reconhecimento.
"A emergência de novos equipamentos culturais em Fortaleza pode indicar um avanço na cena artística da cidade. Contudo, muitos artistas periféricos enfrentam dificuldades para obter incentivo e visibilidade nesse contexto", expõe.
Com todas as batalhas que já enfrentou, conquistas e reconhecimento que vem recebendo, o apoio da família e de sua esposa, Edilania Vítor Batista, foram essenciais para fazer o cearense acreditar em seu potencial.
"Já passei por muita coisa complicada e difícil na minha vida, e não foram meus amigos que me ajudaram, foi minha família. Minha esposa é essencial, quando acreditava que não tinha mais jeito pra mim, ela me fez acreditar novamente, quando eu pensava que não existia a possibilidade de amar ela mostrou que ainda era possível", declara e acrescenta que a esposa, que trabalha com gestão de redes sociais, o ajuda na entrega das obras para os clientes, organizando finanças e dando apoio moral.
Diante de tudo que já vivenciou e impulsionado por suas experiências , o designer tem como objetivo criar um projeto social para apoiar pessoas das periferias e mostrar que através da arte vidas podem ser salvas.
"Estou com 38 anos e morei até os 32 na periferia, mas ela nunca saiu de mim. Mantenho contato com minhas raízes e busco fortalecer artistas que muitas vezes não têm recursos para produzir arte visual. Me vejo como um potencializador de outros, apoiando aqueles que buscam seguir o sonho de viver da arte", declara o artista visual.
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