No Ceará, a Universidade Federal do Ceará e a Universidade de Fortaleza representam dois polos importantes na formação no curso superior de cinema do Estado. Wolney Oliveira relembra que, a cada semestre do ano, turmas são formadas e se tornam disponíveis para entrar no mercado de trabalho.
Mas o cineasta também pontua que, para este mercado receber os recém-formados, o setor precisa de investimentos para que as produções sejam realizadas, ou esses talentos serão exportados para outras regiões.
"Se eu me formar em cinema e audiovisual no Ceará e não tiver um trabalho, vou procurar no Rio [de Janeiro], em São Paulo, Estados Unidos; onde for", exemplifica.
Com essa migração, recursos que poderiam estar sendo injetados no Estado por meio das áreas econômicas que o setor interage também são exportados para outras localidades. Com o programa Ceará Filmes se tornando uma empresa ou agência, a expectativa é que o cenário mude.
Não apenas para as novas gerações, Wolney espera que as gerações mais velhas do audiovisual também recebam uma atenção especial. Ele cita como exemplo editais da Bahia, que preveem uma reserva de cotas para pessoas que estão na "melhor idade" — como ele chamou.
"Um cineasta como Rosemberg Cariry, que fará 71 anos, é uma pessoa que está aí: lúcida, viva e cheio de energia, mas que há cinco anos não consegue filmar", cita, explicado o que acredita que deveria ser feito pelo governo na criação da Ceará Filmes.
As expectativas também são voltadas para a distribuição do conteúdo. Roger Pires, produtor da Nigéria Filmes, aponta que muitos filmes cearenses são exibidos em festivais internacionais, mas que "uma série de produções não são comercializadas com grandes plataformas de streaming, onde poderiam ser acessados pelo público".
"Está rolando muita coisa, porém ainda está de uma maneira precarizada. Precisamos melhorar esse apoio, esse suporte", afirma.
Outro anseio que ronda a Ceará Filmes é a segurança que o projeto representará para futuras produções audiovisuais. "Se ela for criada bem consolidada e bem formulada como empresa autônoma e sustentável, temos uma garantia, independente do governo estadual, de um bom desenvolvimento pelos próximos 10, 20 anos", avalia.
E assim como Wolney, Roger acredita que com os investimentos do programa, os recursos que seriam injetados em outros estados gerarão empregos para aquelas localidades que estarão sendo pontos de filmagens, por exemplo, assim como haverá uma maior especialização no setor.
Ele ainda afirma que o momento atual de investimentos na cultura, com a Lei Paulo Gustavo e Aldir Blanc oferecendo subsídios federais, tornam favoráveis para o que está se propondo e se pode construir com a Ceará Filmes.