Quando o primeiro longa da franquia "Deadpool" estreou em 2016, foi um sucesso imediato. Com piadas que não poupavam nem os estúdios Fox - responsável pelo longa na época -, quebra de quarta parede, cenas de violência explícita e um personagem extremamente carismático, vivido brilhantemente por Ryan Reynolds, o filme conquistou o público de imediato.
Quase uma década se passou e a Fox acabou sendo comprada pela Disney, na época já detentora da Marvel Comics, empresa de quadrinhos que deu origem ao personagem. Porém, era inegável que o humor e estilo de roteiro do anti-herói não "combinavam" com a nova era de super-heróis no cinema, quem dirá com a Disney.
No entanto, os fãs nunca perderam a esperança de que o personagem entrasse de vez no Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). Não só ele, mas muitos outros personagens icônicos do estúdio, como os de "X-Men", por exemplo.
Até que, em 2024, finalmente chega aos cinemas um novo longa-metragem de "Deadpool" dentro deste universo, mas dessa vez ele conta com a presença de um personagem lendário dos quadrinhos: Logan, mais conhecido como Wolverine.
Wade (Ryan Reynolds) se encontra aposentado da vida de Deadpool. Após os acontecimentos do segundo longa, o protagonista entra em uma espécie de crise identitária e não consegue entender qual o propósito de ter o poder que possui.
Até que descobre que a linha temporal à qual pertence corre um grande risco. Para tentar solucionar esse problema, Wade volta ao seu traje de Deadpool e parte em busca de uma possível parceria ideal com Wolverine (Hugh Jackman).
"Deadpool & Wolverine" não perde tempo em mostrar que a ida do personagem para os estúdios Disney não vai mudar em nada a essência de seu roteiro e muito menos do personagem.
Trazendo uma cena inicial com muito sangue e violação de um túmulo, embalada por uma trilha sonora de boyband, o filme já mostra que não só vai honrar a história desse personagem nas telas, como também inovar.
Que a aparição de Wolverine com o seu traje clássico, semelhante aos quadrinhos, e a volta de Hugh Jackman eram muito aguardadas pelos fãs, não é segredo. A surpresa aqui é a forma como o roteiro utiliza para homenagear toda a história do personagem, desde sua altura original nos quadrinhos até situações icônicas vividas por ele. Isso gera uma onda de referências sobre o mutante nos primeiros momentos de sua aparição.
Porém, Wolverine nos cinemas não seria o mesmo sem Hugh e vice-versa. E o roteiro sabe muito bem disso e vai além, fazendo uma grande homenagem não só aos filmes de heróis dos estúdios Fox, mas a toda a carreira de Hugh Jackman até agora.
E, apesar das diversas piadas em relação à saída do longa do "universo Fox", o roteiro traz diversos momentos emocionantes que são uma homenagem direta a esse legado do estúdio nos filmes de heróis.
Já a trama que embala todo o longa é confusa, acelerada e lotada de personagens, mas isso definitivamente não é um problema. "Deadpool & Wolverine" se beneficia muito de todo o caos em cena, nos trazendo muitas cenas de ação bem dirigidas e divertidíssimas. Fazendo da vinda desses vários personagens sempre uma grata surpresa, em todos os sentidos.
Além, claro, do extremo carisma de Ryan como o anti-herói mais desbocado da Marvel. Reynolds está extremamente à vontade de volta no papel que sempre quis interpretar, e faz isso valer em cada segundo de cena durante todo o filme. Trazendo mais uma vez um personagem com falas muito sujas, mas, ao mesmo tempo, incrivelmente desconstruídas em diversos sentidos.
Valendo-se para muito além da nostalgia e referências soltas, "Deadpool & Wolverine" é uma sátira divertida dos filmes de super-heróis, com imenso destaque para a comédia e uma excelente trilha sonora. Conseguindo agradar desde o fã mais ferrenho do universo Marvel e seus quadrinhos até o espectador mais descompromissado com esse enredo.
"Deadpool & Wolverine"