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De presente, o agora: CasaCor Ceará inspira futuro na arquitetura com sustentabilidade
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De presente, o agora: CasaCor Ceará inspira futuro na arquitetura com sustentabilidade

Entre sustentabilidade e meio ambiente, transformações no presente se tornam espelho do futuro na CasaCor Ceará 2024
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Poltrona Hound, presente no espaço
Foto: B&S Home/Divulgação Poltrona Hound, presente no espaço "Reflexos do Presente", de Luciana Brasileiro, na CasaCor Ceará 2024

Ao ler o tema da atual edição da CasaCor Ceará, saltam os diferentes significados de uma construção curta, mas extensa ao mesmo tempo. "De presente, o agora" evoca olhares atentos para a atualidade e também lembra ao visitante os caminhos que podem ser percorridos, em especial sobre o cuidado com as mudanças climáticas.

Além da diversidade e inovação dos ambientes e revitalização de uma das áreas mais importantes de Fortaleza, o evento reúne projetos que abordam a sustentabilidade de alguma maneira. Refletir sobre o assunto parece uma tendência cada vez mais urgente também na arquitetura.

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A relação do homem com o meio ao seu redor é vista cada vez mais com preocupação e suscita a necessidade de refletir sobre suas origens diante do futuro que se apresenta. Como conciliar essas questões? Logo ao entrar na CasaCor Ceará 2024, o visitante se depara com um ambiente que trata desses pontos.

Projetado pelo arquiteto Victo Alves Braga, "Duna" consiste na bilheteria e em um lounge com características de "casas de veraneio, remetendo em suas cores, formas e texturas ao litoral cearense". Os espaços com linhas fluidas e orgânicas são representação da areia e visam convidar as pessoas para se "reconectarem com suas raízes e com o seu habitat".

Além disso, "Duna" busca propor reflexões sobre a relação com o meio ambiente e com a construção de um futuro sustentável. Segundo o arquiteto, a partir do tema do evento houve a inspiração de resgatar suas próprias vivências em relação ao litoral. Assim, resgatou as tradições em um desejo de se conectar com o tema da CasaCor deste ano.

A construção do ambiente também remete ao desejo de conservação. Victo aponta parcerias feitas com empresas comprometidas com o meio ambiente: "São empresas que conseguem ter aproveitamento de resíduos, minimizar os gastos de insumo, ou seja, há um reaproveitamento. Se houve geração de entulho, ele passa por reuso. Parece pouco, mas esse pouco já faz muita diferença para o todo, principalmente quando falamos de grandes indústrias".

Outros exemplos são o revestimento com cristais retirados de sobras de pedreiras: "A obra limpa é o ponto-chave para conseguirmos não só redução de prazos, mas também menos agressividade no todo. No meu projeto, tivemos menos insumos de obra, geramos obras secas. O teto vinílico, material que usaremos no forro, é um material de reuso, então depois que terminar a CasaCor ele terá uma nova vida que eu posso aplicar em outro ambiente", explica.

Sustentabilidade em projetos arquitetônicos

E como os clientes têm percebido a sustentabilidade em projetos arquitetônicos? Victo afirma que, quando se fala em reaproveitamento, o custo de obra diminui. Além disso, houve aumento de pedidos em seus projetos pelo uso de placa solar (energia limpa e renovável), reaproveitamento de móveis antigos e preferência por ambientes "mais verdes".

Outro ponto envolvido é o giro da economia local, com a compra de objetos de artesanato regionais. Diante disso, surge o espaço "Entre Nós - Loja Ceart", assinado por Paloma Estrela. O projeto "explora como nossa memória cultural é transmitida através das gerações, especialmente pela tradição artesanal cearense, uma expressão viva do legado feminino e coletivo".

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No ambiente, há elementos que remetem ao crochê e destacam o trabalho manual e o artesanato local, inspiração em redes cearenses e "leitura poética da arte cearense, resgatando o crochê e suas formas orgânicas".

"O tema da CasaCor fala da nossa conexão com o presente e o que queremos levar para esse futuro. Acho que o que podemos associar ao nosso artesanato é que, enquanto povo, levamos nossa cultura, é assim que guardamos nossas memórias. Nada mais cultural, então, do que o nosso artesanato, essa nossa forma bem cearense de viver", pontua a arquiteta.

Para construir o projeto, Paloma Estrela se aprofundou sobre personalidades expoentes do Ceará que carregam essa cultura, envolvendo, por exemplo, as Rendeiras do Iguape. O ambiente reúne pedras naturais na composição e dialoga também com a economia sustentável, provocando reflexões sobre materiais que inicialmente "não eram considerados perfeitos, mas que se transformaram em boras de arte".

Ela cita o aproveitamento de materiais explodidos em pedreiras: "É uma forma de utilizar um material que antes era descartado, mas de uma forma muito elegante, bonita e tendo essa economia circular em mente, valorizando cada vez mais e levando esse legado para o nosso futuro".

CasaCor Ceará 2024 terá continuidade

De fato, o tema da CasaCor Ceará 2024 pode gerar "infinitas interpretações", como destaca o arquiteto Luiz Deusdara, responsável pela fachada, o "Átrio" e banheiros públicos desta edição. Entre as possibilidades está o questionamento de "como poderia explorar os ciclos da natureza", desde as transformações cotidianas à influência da Inteligência Artificial.

Um dos ciclos investigados foi o uso do cobogó, material que passa desde o barro bruto até a transformação em "um elemento tão rico" para um grande painel - que virou a fachada do prédio da CasaCor e traz conforto térmico ao ambiente, diminuindo a necessidade de ar-condicionado. Houve a preocupação sobre como a estrutura poderia ser aproveitada posteriormente.

Por isso, após o término da edição, ela não será "completamente desmontada" e terá outro uso: "Isso é muito interessante em termos de sustentabilidade. Eu não farei uma fachada imensa para depois de alguns meses ser desmontada. Essa CasaCor é diferente. É como se todos nós, arquitetos e designers, estivéssemos dando um presente para a Cidade. O que estamos fazendo permanecerá".

O aproveitamento do legado também passa pela região onde o prédio se localiza. A ideia é deixar um grande presente, de fato, para a Praia de Iracema, com a elaboração de um design, moda e gastronomia. Para Luiz Deusdara, as discussões sobre o tema deste ano passam também pela ancestralidade, do que recebemos dos antepassados e como cuidaremos disso.

"Esse é o legado que a gente vai deixar para quem virá depois de nós. Assim como nós recebemos de quem veio antes, o que a gente deixará para quem virá. Então, acho que essa é a lição maior que tiro desse evento", conclui.

Com o ambiente "Reflexos do Presente", a arquiteta Luciana Brasileiro deseja levar ao visitante reflexões sobre o que a sociedade enfrenta atualmente. Diante das redes sociais e das tecnologias, um espaço para se desconectar e voltado para quatro sentidos do ser humano: audição, olfato, visão e tato.

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O espaço conta com pedras naturais, luminosidade "para despertar vários sentimentos" e trazer aconchego e vegetação natural, por exemplo. A ideia é proporcionar um espaço convidativo para as pessoas contemplarem e terem sensação de aconchego e acolhimento. A preocupação com o meio ambiente não passa despercebida.

"Costumo indicar fornecedores que não agridam o meio ambiente. Uma das empresas na CasaCor é a Cerbrás, que reutiliza os materiais tanto da matéria-prima para fazer os porcelanatos e as cerâmicas como da água. Eles utilizam todo tipo de resíduo de várias formas. Tento sempre utilizar fornecedores para fazer projetos sem agredir o meio ambiente e melhorar nosso planeta", reflete.

 

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