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Bastidores do filme
Foto: Évila Silveira/Divulgação Bastidores do filme "Mapinguari", ainda em produção pela Tamborim do Amanhecer

A Tamborim do Amanhecer nasceu a partir de um curta produzido no curso de cinema da Universidade Federal do Ceará, o “Cabeça de Boi”. Com foco em fazer filmes que sejam acessíveis para todos assistirem, “expandindo o cinema para o povo”. Mesmo recente, a produtora já teve dois curtas selecionados para o Cine Ceará 2024, na mostra “Olhar do Ceará”: “O Verbo” e “Sirius Não É Tão Longe”, obras produzidas sem ajuda financeira de um edital.

Entre os desafios iniciais, como acesso a editais, produção e criação de portfólio, uma coisa que ela afirma também ser importante para a produtora é a distribuição do material pronto para o público.

“(Pode ser) um exagero, mas acho mais fácil produzir e gravar o filme, do que finalizá-lo e colocá-lo na distribuição de festivais”, argumenta. Pode parecer algo simples, mas é uma produtora independente que está iniciando e lida sozinha com a distribuição de suas obras em festivais, que costumam exigir muitas documentações.

“A Tamborim atualmente está com cinco filmes para distribuir e mesmo que seja pouco para distribuidoras maiores, é muita coisa para nós, porque somos poucas pessoas com outras demandas”, pontua.

Se falarmos em editais, os produtores e diretores independentes que estão iniciando encontram o desafio de serem poucas vagas para um público abrangente. Ariza Torquato estreou neste ano seu primeiro curta-metragem, “Quando Meus Lábios Sagrados Disseram Palavras Secretas”, co-dirigido por Briar e Kaye Djamillá, e vencedor da categoria “Ceará Sinistro”, do Sinistro Fest.

Em entrevista, ela lembra que um edital de produção para iniciantes que tentou participar pedia como requisito que os interessados tivessem um filme que passou em três festivais. “Fiquei: “Ué, mas estou justamente tentando entrar nisso (fazer um filme). Tem muito da nossa cara de pau de procurar os equipamentos culturais e tentar vender o filme, mas não é fácil”, memora.

“Acredito também que tem poucos editais de distribuição, mas tem muitos de feitura. Então, ficamos com muitos filmes feitos, porém onde eles estão? Circularam, porque muitas tinha assim (no edital): ‘Você vai passar em tal canto’. E a partir disso, você está sozinho”.

Se você, leitor, se perguntou em algum momento dessa reportagem, sobre o motivo que essas obras não são disponibilizadas em sites como Youtube, há um requisito que alguns festivais exigem o ineditismo da obra, ou não “podem estar em plataformas públicas”.

As plataformas de streaming nesse caso também não são fáceis. Juliana Craveiro cita a existência de algumas que recebem curtas-metragens independentes, como a Itaú Culural Play, mas aponta para uma data de validade para as obras saírem, afirmando ser um tempo curto.

Já Juliana chama a atenção para a dificuldade de produtores e diretores independentes ocuparem esse espaço, mesmo que sejam um espaço bastante popular entre o público. “Tem obras prontas que os produtores ficam batendo (na porta), tendo várias reuniões com os produtores dos streamings. E eles ainda usam esse argumento: ‘Não é tão visto’”, afirma a diretora.

E completa: “Acredito que seja algo que retroalimenta. Precisa ter uma valorização inicial do cinema. Nosso cinema é muito bom, é referência no Brasil, mas quando se consegue essas reuniões com alguém da Netflix, por exemplo, são diretores que já tem um nome (reconhecido) e podem negociar”.

Juliana Craveiro corrobora na discussão: “Precisamos de uma rede de distribuição amior, principalmente aqui em Fortaleza, que vem se tornando um polo do audiovisual. Porque não fazemos filmes apenas para mandar para festivais, também fazemos para as pessoas verem e formarem opiniões sobre”.

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