O Instituto Dragão do Mar, responsável por gerir 16 equipamentos públicos no Ceará, completou 27 anos na última segunda-feira, 27. Sendo a primeira Organização Social (OS) do Brasil, a instituição tem uma tarefa em meio ao trabalho: comandar equipamentos e buscar meios, além do Estado, para aumentar o valor orçamentário e injetar nas programações.
Em entrevista à Rádio O POVO CBN, Rachel Gadelha, diretora-presidente do IDM, explicou como funciona o trabalho: eles mantém um contrato de parceria com o Estado, que envia as diretrizes da política pública que deseja, e a OS transforma "isso em ações, em programas e metas".
"E, claro, em um plano de trabalho com um orçamento e o Estado monitora e avalia. Isso é uma parte. Recebemos do governo um orçamento X", explicou. Esse seria o valor inicial para montagem, mas não o final.
Por ser uma OS, consegue solicitar outros recursos para compor o orçamento dos equipamentos públicos. O IDM pode se inscrever em outros editais de apoio e solicitar a lei Rouanet, por exemplo.
"Foi isso que o IDM também fez nesses últimos anos. Conseguimos participar de editais nacionais, buscar novos parceiros e trouxe mais R$ 11 milhões de outros patrocinadores privados que vieram somar na programação dos equipamentos, que também gera volta para a população e para os artistas do Ceará", afirmou.
E completou: "Então, estamos buscando mais recursos para compor com os recursos que recebemos do Estado. E a resposta é: sempre devemos buscar mais, nunca é suficiente porque é muita coisa para fazer".
Entre os 16 equipamentos geridos pelo Instituto Dragão do Mar estão o Cineteatro São Luiz, Centro Cultural do Bom Jardim e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, locais que mantém uma programação diversificada para atender a população da Capital.
Além da gestão, ele também trabalha na elaboração e implementação de políticas culturais e projetos, impactando socialmente. Em 2024, por exemplo, Rachel declarou que o IDM atendeu um público de 1.131.492 pessoas, além de ter arrecadado um orçamento de R$ 124 milhões.
"Hoje entendemos que um equipamento não é ele ali entre aquelas quatro paredes. Um equipamento trabalha e atua no território, trabalha em rede com outros artistas e o IDM atua hoje, se não me engano, são 124 municípios do Ceará", sustentou.
A presidente do Instituto explicou que chega até esses locais por meio de programações ou "indo ou trazendo artistas e público". Para ela, a OS é como um relógio, o "motorzinho do meio que faz a coisa acontecer".
"A Secult e o Estado são muito importantes, porque formulam a política cultural, mas fazer a engrenagem (girar): contratarem, pensar, fazer os equipamentos funcionarem; fazer toda essa conexão — são as OS que fazem a roda girar nesse sentido", arrematou.
Durante a entrevista Rachel Gadelha também falou sobre a importância de manter diálogo com outras Organizações Sociais, se referindo especificamente ao Instituto Mirante, como uma forma de compartilhar experiências e aprendizados.
"Hoje trabalhamos em rede com o entendimento de que somos ligados à Secretaria da Cultura, que atuamos juntos com o mesmo propósito. E esse entendimento é tão fino que se estende a duas OS", afirmou.
Em seguida, concluiu: "Claro que cada OS tem sua forma de fazer gestão e isso é muito bom, mas somos instituições parceiras e podemos compartilhar o que uma tem de boa, trocar com a outra, porque quem ganha é a população, a comunidade, os trabalhadores".