Quando Airton S. iniciou sua carreira musical, montar uma banda pós-punk gótica na ensolarada Fortaleza estava longe de ser sua primeira escolha. Contudo, a partir da fruição musical entre amigos, surgiu em 2005 o coletivo Plastique Noir, expoente do gothic rock no Ceará.
Nesta segunda-feira, 17, o grupo, que é formado atualmente por Airton S (voz e eletrônicos), Danyel Fernandes (guitarras e synths) e Deivyson Teixeira (baixo), anunciou sua primeira turnê europeia, que terá início com um show em Paris, na França.
A apresentação tem data marcada para o dia 13 de junho de 2025, e acontecerá na casa de shows QG Oberkampf.
A estreia europeia, na realidade, é ancorada pelo convite ao Wave-Gotik-Treffen (WGT), o maior festival de música gótica e dark do mundo. Com realização anual, mais de 150 bandas sobem ao palco durante os quatro dias de evento em Leipzig, na Alemanha.
De acordo com o baixista Deivyson Teixeira, o convite para participar do WGT não é novidade, visto que a organização do festival contata a banda desde 2010. Após 15 anos de tentativas e planejamento financeiro, este ano o grupo concretiza o sonho antigo.
“Esse desejo já estava consolidado há muito. Sobretudo de ir para a Alemanha, que é o berço do gênero que tocamos. Não deixa de ser um desafio, mas este ano resolvemos encarar, devido à janela propícia que temos tido nos últimos anos com a musicalidade de nossos álbuns”, afirma.
Graças ao contato com uma agência de booking de shows, a banda não se limitou ao festival alemão e, além do show na França, fechou contratos na Espanha e Portugal, que devem ser anunciados em breve. Em 2024, o trio realizou sua segunda turnê pela América Latina, dando prosseguimento à primeira, que aconteceu em 2018.
Apesar da recepção dos vizinhos latinos, o baixista destaca o acolhimento do público brasileiro e, sobretudo, cearense.
“Me perguntam se temos um bom público para música gótica e respondo: ‘Para que precisa de público quando temos uma cena inteira?’ A música gótica em Fortaleza nunca esteve tão viva quanto hoje. As bandas têm crescido muito e se tornado autossustentáveis. Sempre falei que, na Cidade, tínhamos a melhor banda, com os melhores artistas, mas com os piores cenários possíveis. Mas, em contramão a tudo isso, temos uma qualidade descomunal”, argumenta.
Lidando com cachês baixos e uma estrutura física para shows, que por vezes é insuficiente, o baixista comenta, ainda, a descentralização do gênero, que antes tinha shows concentrados apenas na Praia de Iracema.
“Temos tocado muito no Benfica, e ano passado tocamos na Maraponga, duas vezes no Maracanaú. É muito bacana, pois é nesses lugares que a cena cresce também. Apesar da insegurança da noite, das dificuldades de mobilidade, a gente vê o público chegando junto em diferentes locais”, pontua.
Para além do âmbito nacional, ao ser questionado sobre a temporada de shows internacionais, Deivyson fala que, apesar da logística financeira, do custo de transporte dos instrumentos e de todo o investimento que nem sempre vem com garantia de retorno, a realização e a expectativa são grandes para esta nova fase.
“Essa turnê é o resultado de um trabalho árduo, e quem vive do underground sabe o esforço diário que é para se manter tocando. Temos a agenda lotada quase todos os finais de semana até a tour, estamos preparando um merchandising personalizado e, no fim, muito felizes por poder mostrar ao mundo que o Ceará tem música gótica darkwave de ponta”, finaliza.
Plastique Noir na França