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Fortalezenses mostram interesse em cultura, mas encontram desafios para acessar
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Fortalezenses mostram interesse em cultura, mas encontram desafios para acessar

Fortaleza lidera interesse por linguagens como teatro e dança, mas acesso segue abaixo da média nacional; indicadores são encontrados em pesquisa de hábitos culturais
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Forró é o gênero musical mais escutado pelos fortalezenses, diz pesquisa (Foto: Evilázio Bezerra/especial para O POVO em 20/05/2016)
Foto: Evilázio Bezerra/especial para O POVO em 20/05/2016 Forró é o gênero musical mais escutado pelos fortalezenses, diz pesquisa

Fortalezenses mostram alto interesse em atividades culturais, mas encontram desafios para acessá-las. Esta é uma das respostas da pesquisa Cultura nas Capitais, levantamento do Instituto JLeiva Cultura & Esporte que analisa o comportamento dos habitantes das 26 capitais brasileiras, além do Distrito Federal.

Os dados avaliam 19.500 entrevistas, coletadas entre fevereiro e maio de 2024, com pessoas maiores de 16 anos. Os resultados mais recentes foram divulgados em evento realizado na manhã da quinta-feira, 5, na Biblioteca Pública Estadual do Ceará, com participação de gestores e agentes do segmento.

A publicação complementa as primeiras projeções, divulgadas em janeiro, sobre o cenário cultural nacional. Conforme noticiado pelo O POVO à época, Fortaleza está abaixo da média na maioria dos hábitos culturais pesquisados (mais informações no quadro "Acesso à cultura"). "O que a gente está trazendo de novo são os dados específicos de cada cidade. Quando a gente vai para o relatório de cada lugar, a gente mostra que tipo de peça de teatro a pessoa foi ver, o último museu que visitou, o espaço cultural que mais frequenta", exemplificou João Leiva, sócio e fundador do Instituto JLeiva Cultura & Esporte.

O aprofundamento viabiliza um panorama que pode guiar políticas públicas relacionadas ao fomento e consumo da área. Entre as capitais, por exemplo, Fortaleza lidera em interesse pela linguagem do teatro. Quando perguntados sobre a vontade de frequentar espetáculos, 56% dos entrevistados respondem 8 ou mais (em escala de 0 a 10). Entretanto, apenas 19% frequentaram espetáculos teatrais nos 12 meses estabelecidos pelo estudo.

O cenário é similar ao interesse em apresentações de dança (48%), enquanto o acesso à atividade chega a 22%. Os percentuais evidenciam o que o levantamento chama de "público potencial", ou seja, aqueles que não foram às atividades, mas demonstram vontade de comparecer. A cidade cearense tem o maior público potencial para shows (29%), por exemplo.

Muitos são os fatores que podem influenciar esta desproporção. Segundo João, as variáveis mais importantes para o acesso à cultura são escolaridade e renda. A localização das atividades é um coeficiente significativo, visto que 57% dos entrevistados ressaltam que frequentam ações longe do bairro onde moram. A diversidade de ofertas na programação também deve ser considerada, já que impacta no interesse de diferentes nichos - a fruição cultural de pessoas com mais de 60 anos caí em todas as cidades pesquisadas, por exemplo.

Secretária da Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa ressaltou, em uma das mesas do evento, a importância de descentralizar as ações e os equipamentos do campo: "Tem que passar pela mesa do gestor as estratégias para o alcance desse público (60 )". Também participaram Rafael Cordeiro, secretário executivo da Cultura do Ceará, e Rachel Gadelha, diretora presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM).

A pesquisa ainda avalia a percepção da população em relação ao setor. 85% dos participantes consideram arte e cultura essenciais para o bem-estar, enquanto 84% acreditam que "o governo deve dar atenção prioritária ao setor". Dentre a relevância do que deve compor uma programação cultural, Fortaleza se mostra a capital que mais considera temas sociais: 73% reforçam a importância dos eventos abordarem questões de gênero e orientação sexual e 91% acham essencial a presença de temas ligados à acessibilidade.

"A gente tem poucos dados relacionados à Cultura, principalmente dados relacionados ao público. A gente espera, com essa pesquisa, estar trazendo uma contribuição nesse sentido", pontua João.

 

FORRÓ E FESTA JUNINA

Fortaleza é a terceira capital que mais escuta forró, atrás apenas de Teresina e João Pessoa. 39% mencionam o gênero musical como favorito, mais que o dobro da média das demais cidades analisadas (16%). A opção engloba pé-de-serra, "forrónejo", forró das antigas, baião e xote.

Em sequência, aparecem gospel (28%) e sertanejo (27%). MPB (23%) , pop (18%) e rock (14%) compõem a lista.  O gosto é evidenciado nos festejos: a festa junina é considerada o evento cultural mais importante da capital cearense por 15% dos entrevistados, frente os 7% relacionados a shows de música e Carnaval.

 

Acesso à cultura

Conforme noticiado pelo O POVO em fevereiro, Fortaleza está abaixo da média nacional na maioria dos hábitos culturais pesquisados. Na leitura, alcança 56% dos 62% estipulados na média nacional.

Entretanto, é a capital nordestina com mais acesso a eventos literários, com 22%. Da mesma forma, desponta na linguagem circense com percentual de 15% frente os 14% dos demais territórios.

Também figura entre as capitais nordestinas com mais acesso aos museus, com 19% ao lado de Aracaju e João Pessoa, ambas com 21%.

O estudo também avaliou o acesso a jogos eletrônicos (47%), locais históricos (34%), bibliotecas (24%), festas populares (32%), saraus (9%) e concertos (6%). 

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