A música tem o poder de nos levar de volta no tempo. E quando ela se une à força de uma orquestra e ao encantamento das canções infantis, o resultado é um espetáculo que mistura nostalgia, alegria e imaginação.
Essa é a proposta do concerto especial que a Orquestra Contemporânea Brasileira (OCB) apresenta neste domingo, 1º de junho, no Theatro José de Alencar. Com arranjos que transitam das cantigas de roda às trilhas da Disney, o espetáculo é uma celebração da infância — para crianças e adultos.
Sob a regência do maestro Arley França, a OCB divide o palco com o grupo cearense Dona Zefinha, conhecido por unir música, teatro e palhaçaria de forma inventiva e bem-humorada. Os palhaços Bufão, Panfeto e Pafim conduzem a narrativa com poesia e comicidade, criando um espetáculo que emociona, diverte e aproxima.
"O mais bonito que eu achei nesse projeto inteiro é ouvir essas canções que a gente fez de forma popular ganharem um ar de erudição com os arranjos da orquestra. É muito emocionante. Eu, como artista, me vejo ali no palco acompanhado por metais, cordas, percussão… Isso tudo me toca profundamente", diz Orlângelo Leal, fundador do Dona Zefinha e um dos intérpretes do concerto.
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O repertório mescla músicas autorais do grupo — como as do álbum "O Círculo Sem Teto da Lona Furada dos Bufões", — com clássicos como "A Arca de Noé" (Toquinho e Vinícius), "Lindo Balão Azul" (Guilherme Arantes) e trechos de "Os Saltimbancos" (Chico Buarque).
"Acreditamos que o público vai se emocionar com esse reencontro entre o popular e o erudito", reforça Orlângelo.
A relação entre o maestro e o grupo vem de longa data. "Conheci o Dona Zefinha em 2008, quando fizemos um musical com composições do Flávio Paiva (cronista do O POVO). De lá pra cá, desenvolvemos outras parcerias, e essa afinidade artística facilitou muito a criação do concerto atual", relembra Arley França. "Foi essa alegria que pautou nossas escolhas: músicas, arranjos, participações".
Mais do que um show, o concerto é pensado como uma experiência sensorial. Em cena, os palhaços apresentam os instrumentos da orquestra de forma lúdica, explicando timbres, famílias e sons. A plateia acompanha não apenas as músicas, mas também os bastidores da orquestra e as possibilidades do som.
"A figura do palhaço quebra a rigidez da música de concerto. A gente interage, apresenta os instrumentos, brinca com os timbres e cria um ambiente sonoro acessível. É uma porta de entrada para quem nunca viu uma orquestra ao vivo", diz Orlângelo, que também toca instrumentos alternativos, como um banjo feito com panela de pressão e peças recicladas.
Para Arley, esse é justamente um dos objetivos da OCB: romper barreiras e formar novos públicos. "Muita gente que vai a esse concerto está entrando em um teatro pela primeira vez. E é essencial causar uma boa impressão. Queremos que essas pessoas queiram voltar, que sintam que o teatro também é delas", afirma.
Orquestra Contemporânea Brasileira (OCB) convida Dona Zefinha