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Espetáculo de dança 'MALEMOLE' é apresentado em Fortaleza
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Espetáculo de dança 'MALEMOLE' é apresentado em Fortaleza

Espetáculo "MALEMOLE" celebra a malemolência e a malandragem com reflexões sobre corpos dissidentes
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Espetáculo
Foto: Alan Sousa/Divulgação Espetáculo "MALEMOLE"

Malemolência: substantivo feminino. Dentro da dança e da música está relacionada ao samba e ao comportamento dos ditos malandros, boêmios que usam da esperteza para viver a vida. O conceito é também o que conduz o espetáculo "MALEMOLE", estreia desta quinta-feira, 5, no Teatro Dragão do Mar, a partir das 19h30min.

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Idealizado por Jônatas Joca e Déborah Santos, a obra surgiu quando os dois artistas tiveram contato com o texto "Filosofia do Malandro: Estéticas de um corpo encantado pela desobediência", de Lau Santos, doutor em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina.

A palavra citada no início desta reportagem aparece no texto como algo que perpassa a existência de corpos dissidentes e malandros no Brasil. "A malemolência está colada à malandragem como um grande gesto de desobediência ao colonialismo e aos padrões coloniais impostos ao corpo e ao conhecimento", explica Jônatas.

A montagem propõe questionar a perspectiva negativa sobre esses conceitos. "Por quais motivos 'malemolência' e 'pelintra' são abordadas de maneira tão negativa e preconceituosa nos dicionários de língua portuguesa? Que receios são esses com os corpos malemolentes?", continua o também intérprete do espetáculo.

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A concepção da produção funcionou como início da pesquisa do trabalho de conclusão do Curso Técnico em Dança da escola Porto Iracema das Artes. O ponto de partida foi a investigação da malemolência existente tanto em Jônatas quanto em Déborah, que divide o palco com ele.

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"O trabalho vai caminhando com uma pesquisa corporal dentro desse eixo corpo-diáspora-malemolência, mas também envolvendo a potente comunicação que esses corpos expressam, ainda que difusos e opacos. Está no corpo e é um convite para afirmar esse corpo malemolente", ilustra o também produtor executivo do espetáculo.

Com referências afro-diaspóricas e afro-indígenas, o espetáculo traz elementos do samba, pandeiro, cavaco, capoeira, agogô e toré, além de referências ao jazz. A dinâmica das coreografias são "distantes das perspectivas retas, abraçando caminhos circulares e curvos", de acordo com Jônatas Joca. As referências ancestrais também estão presentes no figurino todo branco, feito por Larissa Ribeiro, relacionando-se com a capoeira e o candomblé.

 A celebração do espetáculo 'MALEMOLE'

"MALEMOLE", grafado em caixa alta, é uma celebração a malemolência que assenta esses corpos ao mesmo tempo que questiona o que os atravessa. "Quais saberes valiosos são expressados por esses corpos?", indaga o artista. "Junto a isso, acreditamos demais na possibilidade de fortalecimento das poéticas pretas e indígenas em cena, da pluralidade existente nessas poéticas e de como elas invocam para uma construção artística fértil e de resistência ao colonialismo iminente com nossos corpos", elucida.

O nome da montagem também vem da "malemolência" como forma de traduzir a atmosfera da obra. "A ideia foi fixar um nome que disparasse uma ludicidade, um tom brincante e, claro, dançante", conta Jônatas Joca, mestrando em Artes pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Além da coreografia concebida pela dupla, o trabalho conta com interlocuções dramatúrgicas de Clarissa Costa que, segundo Jônatas, "são cruciais para muitas escolhas que o trabalho foi firmando". A trilha sonora é do cearense Thiago Almeida e auxilia na compreensão da dramaturgia da obra e do seu roteiro.

A preparação física foi um dos desafios durante o processo de produção da montagem, além de finalizar o trabalho. Lidar com um prazo a ser seguido foi outra questão com as quais tanto ele quanto Déborah se depararam ao longo da preparação. Mas foi algo possível de solucionar por meio do cronograma de produção.

"Acredito que esse foi o maior desafio, junto ao desafio de firmar que temos um trabalho finalizado. O que para nós é algo importante e imprescindível: assumir que o trabalho é processo. Ele tem direito de se dizer finalizado, mas também em processo de transformação", explica Jônatas.

"MALEMOLE"

Estreia

  • Quando: quinta-feira, 5, às 19h30min
  • Onde: Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Gratuito

Apresentação

  • Quando: sexta-feira, 13, às 19 horas
  • Onde: Hub Cultural Porto Dragão (Rua Boris, 90c - Centro)
  • Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
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