O TJA é um marco político. Embora não seja o nosso equipamento público de cultura mais antigo em atividade, ele possui uma centralidade nesse campo. Pela história do TJA, podemos ver diferentes abordagens e investimentos de políticas públicas para a cultura no nosso Estado.
Nesse sentido, ele é um balizador da urgência e da importância de uma atenção continuada e regular por parte dos agentes públicos para o setor cultural, um sinalizador poderoso de que a cultura é um direito.
Ainda, pensando no horizonte da linguagem teatral, é louvável que o TJA tenha, ao longo de sua vida, aprendido a falar com um lastro diverso de realizadores e públicos. Embora ainda hoje sirva às elites econômicas e políticas, visto que as solenidades ficam bonitas naquele cenário, não está amarrado a um entendimento de teatro que conforte esse público específico. No palco do TJA, cabem todos os teatros e cabe tudo de teatro. O TJA funciona para óperas, abarca experimentações do teatro moderno ao contemporâneo e tem também um carinho especial pelas manifestações ligadas às tradições populares.
O que talvez seja ainda mais importante é que o TJA se consolidou como um espaço que promove encontros de artistas veteranos e iniciantes, bem como de audiências letradas e especializadas com projetos de formação de plateia. O TJA é de todos.
Uma possibilidade que considero estratégica para o futuro é algo que já está, na verdade, no passado do equipamento. Hoje, temos na Cidade inúmeros espaços de formação de atores e encenadores. Há, porém, uma lacuna pesada na formação de profissionais de áreas como cenografia, iluminação e indumentária.
Além disso, já que estamos em pleno aniversário de 115 anos, por que não sonhar com uma biblioteca ampliada para o TJA, funcionando naquele prédio vizinho, abandonado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)?
Evidentemente, qualquer incorporação de novo projeto ao TJA só faz sentido se o equipamento estiver funcionando de modo pleno e seguro no que diz respeito à sua estrutura física e com recursos suficientes para dar conta daquilo que é de mais ordinário: ser palco e plateia para quem vive Fortaleza e o Ceará.