"A jornada é aprender a fazer amor e paz em todas as nossas relações". É com essa força interior e espiritualidade pulsante que a cantora e compositora franco-cearense Laya apresenta seu novo projeto: "Dorme Sonha Acorda", um pequeno álbum com três canções e um curta-metragem que formam, juntos, um conjunto visual.
A estreia nacional do trabalho acontece nesta quarta-feira, 18, no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. Com foco na espiritualidade e no ciclo natural da vida, o projeto reúne as faixas "Calma Cabeça/Jai Saraswati", "Pele Olho Coração" e "Há de se entregar". As músicas foram gravadas durante o isolamento da pandemia, em um processo de introspecção.
O trabalho, que une música e imagem, foi filmado nas praias do Ceará antes da artista embarcar em turnê pela Europa, onde o álbum teve sua primeira apresentação. O projeto "Dorme Sonha Acorda" fala do movimento espontâneo da vida e, segundo a artista "de um mantra que pode ser cantado de formas tão diferentes por cada um de nós, cada um com seu tom". "Sonhando, dormindo, acordando, aprendendo a falar, a ouvir e a compreender a imensidão e a impermanência da nossa existência", explica.
No show, o público vai assistir ao curta-metragem de 15 minutos dirigido por Laya e pela educadora Natália Coehl. "Essa é sempre uma questão existencial pra mim: o que me motiva a criar? Trabalhar com arte, muitas vezes, é um paradoxo. Quando componho uma canção que me encanta, me sinto mais viva, sensível, sinto uma expansão na minha existência. Quando compartilho com as pessoas e percebo que consigo gerar esse movimento em mais corpos pelo mundo, isso me motiva", explica Laya.
A ideia de unir som e imagem nasceu durante o isolamento da pandemia, quando Laya passou um período na capital cearense. Em meio ao silêncio e à reclusão, a artista começou a desenvolver visualmente o conceito das canções que compõem o álbum. "Fui criando o pequeno álbum como quem conduz uma meditação", pontua.
As imagens foram registradas nas paisagens da Praia da Baleia e de Lagoinha, no Litoral Oeste do Ceará, em um processo colaborativo com outras artistas. A presença feminina atravessa o projeto, tanto na concepção estética quanto na força simbólica da jornada.
"Sim, exatamente, é disso que estamos falando. A caminhada de uma mulher é lenta e constante. A guerra é antiga. Ancestral. As armas perdidas vão sendo encontradas pela terra e a força vem da raiz, da seiva, que dá vida a tudo que existe, que mantém vivas as árvores, mesmo quando as cortam pelo tronco", finaliza Laya.
Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio
Estreia na Europa
O álbum visual teve sua estreia na Europa, com o primeiro show realizado em Bolonha, na Itália. Laya, que atualmente vive em Lisboa, percorreu também Portugal e Espanha, onde se apresentou ao lado da cantora Malu Maria.
"Foi um desafio e, ao mesmo tempo, uma libertação: subir ao palco sozinha, com voz, violão e percussão. O público recebeu muito bem o show, entrou em sintonia, e foi uma bela noite de encantamento. O que me motivou a continuar a jornada", celebra.
A artista carrega mais de 20 anos de trajetória, marcada por uma fusão entre arte, introspecção e espiritualidade. Laya é professora de canto e yoga, e se dedica ao estudo de mantras, que influenciam diretamente sua criação.
"Para mim, a vida é espiritual. Somos seres integrais, cheios de mistério, e estamos todos unidos - todos os seres - por um grande mistério". Em constante transformação, Laya enxerga a arte como um campo de experimentação e sensibilidade, onde é possível encontrar respostas, ou ao menos novas perguntas, sobre si mesma e o mundo.
E finaliza: "Música é som e silêncio, é como a respiração, inspira, expira, escuta e soa. Aprendi com a arte ancestral do yoga e nas experiências da vida, a importância das pausas, de abrir espaços, de ser um corpo sensível e penetrável".
Dorme Sonha Acorda