Neste domingo, 29, a palhaça Fran volta a subir no palco do Theatro Via Sul com o espetáculo solo "King Kong Fran", às 20 horas, questionando e denunciando a opressão reproduzida pela lógica machista, em uma fusão das linguagens de circo e teatro.
Criada pela atriz, diretora e fenômeno da internet Rafaela Azevedo, natural do Rio de Janeiro, Fran espelha situações de violência de gênero para gerar incômodo e criar consciência em sua plateia. A peça tem direção e dramaturgia da própria Rafaela em parceria com o diretor Pedro Brício e direção musical de Letrux.
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Em cartaz há quase três anos ininterruptos, "King Kong Fran" ganhou visibilidade com o grande alcance dos vídeos de Fran nas redes sociais, que mostravam uma inversão de papéis, fazendo com que os homens experimentassem um pouco a sensação de objetificação que as mulheres sofrem na sociedade. Para Rafaela Azevedo, as publicações foram uma importante ferramenta de conexão das pessoas com o assunto abordado em sua obra. "Uma das maiores forças que um artista pode ter é a conexão direta com o público", compartilha.
Formada pela Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, o teatro e a palhaçaria foram os caminhos escolhidos por Rafaela para expressar sua arte no mundo. "Palhaça e palhaço é a nossa humanidade estampada. Aquela máscara revela a sua vulnerabilidade, o que todo mundo quer esconder nesse sistema capitalista, que é muito opressor com qualquer diferença. A palhaça é uma ode à inadequação", reflete.
A artista mostra em cena que é preciso parar de naturalizar as diversas agressões contra as mulheres e provocar os homens para criarem consciência de que são agentes dessa violência. "Eu tenho a utopia radical de acreditar que a mulher vai ser ver como um indivíduo e não como objeto do patriarcado", pontua.
Assim como "King Kong Fran", que estreou em 2022 por meio de financiamento coletivo, Rafaela lançou, na quinta-feira, 26, o curta "O Reality da Fran II", no YouTube, como ponto de partida para também lançar o financiamento coletivo de sua próxima peça. A obra "A Igreja da Fran" deve estrear em 2026.
O próximo trabalho, que ela ainda vai desenvolver, será sobre política. "Eu acredito que os três poderes que fazem o nosso sistema acontecer da forma que é são o patriarcado, a religião e a política", elenca. "Então, desde o início, eu quero fazer essa trilogia. Realmente ter essas três obras que conectam a partir do humor e provocam reflexão".
King Kong Fran