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Gerson Ipirajá celebra 30 anos de carreira com mostra em Guaramiranga
Vida & Arte

Gerson Ipirajá celebra 30 anos de carreira com mostra em Guaramiranga

Exposição celebrativa aos 30 anos de carreira do artista cearense Gerson Ipirajá será aberta nesta sexta-feira, 4, em Guaramiranga
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Obra do artista cearense Gerson Ipirajá compõe a exposição que estará disponível em Guaramiranga a partir de sexta-feira, 4
 (Foto: GERSON IPIRAJÁ/DIVULGAÇÃO)
Foto: GERSON IPIRAJÁ/DIVULGAÇÃO Obra do artista cearense Gerson Ipirajá compõe a exposição que estará disponível em Guaramiranga a partir de sexta-feira, 4

Gerson Ipirajá é, sobretudo, um teimoso. Artista visual cearense que ultrapassa os 30 anos de carreira, ele afirma, sem medo, que faria tudo novamente. Dos estudos realizados com o icônico Zé Tarcísio em Aracati aos meses trancados no ateliê, do esforço para realizar pesquisas à necessidade de se manter visível para o mercado.

Com 52 anos de idade e muita experiência acumulada, ele explica que, apesar das agruras naturais de ser artista, todo o empenho valeu a pena quando vislumbra o passado e vê os conjuntos de obras construídos em várias técnicas, épocas, materiais, impulsos e singularidades.

Uma parte significativa da produção de Gerson estará disponível para apreciação a partir desta sexta-feira, 4, em Guaramiranga. Os turistas e moradores da cidade serrana vão ter a oportunidade de traçar um encontro com as séries "Ferramentas Ancestrais" e "Pinturas e Objetos" - desenvolvidas entre 2005 e 2025. A cronologia, entretanto, segue a linearidade do processo artístico - e não apenas do tempo contado em anos.

O artista cearense "foi e voltou" aos trabalhos, deixou a pintura comandar em alguns momentos, passou meses recluso durante a pandemia - mas sempre atento ao interesse estético que move as coleções. "O meu trabalho aborda questões ancestrais de toda essa imagética que compõem as nossas raízes ameríndias", pontua em entrevista ao O POVO realizada dias antes da abertura da exposição.

A mostra só vai se tornar concretude graças ao trabalho do colecionador Joaquim Figueiredo - que, há mais de uma década, se detém à aquisição de obras realizadas por Gerson Ipirajá. O volume de peças, a ligação dele com a cidade de Guaramiranga - onde mantém uma residência -, e o interesse do poder público local - que viabilizou local e apoio para a mostra - foram os combustíveis para que o panorama da produção do artista pudesse ir até onde o maior alvo está: o público, no chão da galeria, aberta de forma gratuita.

"Eu sou apaixonado por arte, especialmente a arte cearense. 90% do meu acervo é cearense. Não é porque eu sou cearense. É porque o Ceará e Pernambuco dominam", brinca Joaquim - que tem a coleção de arte como um "hobby". É ele que detém a posse das 50 peças que poderão ser vistas de sexta-feira a domingo, das 17 às 21 horas.

A escolha do mês não foi uma coincidência. Julho, época de férias, é também um período aquecido no turismo de Guaramiranga. A expectativa, aponta Joaquim, é conseguir ter não apenas os moradores da cidade como participantes - mas, também, mostrar a arte para os visitantes.

De Guaramiranga, a mostra já tem destino certo: Aracati - a cidade onde Gerson se encontrou como artista. Foi lá que, ainda na juventude, ele conheceu sua maior inspiração, o multiartista Zé Tarcísio, e resolveu que também seguiria no caminho da cultura. Adolescente sem muitas ocupações, Gerson conta que fora morar com um tio em uma "casa na rua grande" e, lá, soube da existência de Zé.

E, de tantos encontros e fusões culturais, parte da cena cearense acredita que eles são "pai e filho". Até hoje, a proximidade entre os dois é legítima - tanto que o primogênito de Gerson trata Zé como "avô". "Mas é uma relação paternal no sentido da arte, mesmo", elucida Gerson. Algumas obras de Zé Tarcísio que se conectam esteticamente com a produção de Gerson compõem a mostra que entra em cartaz nesta sexta-feira. O evento deverá ter a presença de representantes da Prefeitura de Guaramiranga.

"Eu não sou um devoto, mas sou um curioso. tenho a minha conexão com as coisas invisíveis, mas não sou um devoto de qualquer que seja a religião ou crença", conta Gerson Ipirajá, ao lembrar que parte das obras expostas foi desenvolvida após um encontro, realizado em 2022, com um amigo que guiava um terreiro no Conjunto Ceará.

O "interesse estético" por elementos da ritualística guiou uma produção que vem como uma presença ímpar. "A figura humana, a figura ser, nunca tinha sido abordada no meu trabalho", pontua. O personagem - fundido a ferramentas e couraças - se torna símbolo do trabalho desenvolvido pelo artista cearense. "Eu entendo o meu trabalho como um trabalho figurativo", diz, e completa: "Só se faz 30 anos de carreira quem é muito teimoso, pois as adversidades são imensas, mas eu faria tudo de novo, com todas as dificuldades que envolvem o trabalho de um artista".

Gerson Ipirajá - Pinturas e Objetos

  • Produção: Joaquim Figueiredo
  • Curadoria: Gerson Ipirajá
  • Expografia e designer: Studio 4
  • Monitoria: Amanda Colares

 

Exposição "Gerson Ipirajá - Pinturas e Objetos"

  • Quando: abertura na sexta-feira, 4. Visitação nas sextas-feiras, sábados e domingos, das 17 às 21 horas. Em cartaz até agosto
  • Onde: Memorial Juarez Barroso (Av. Vicente Soares, s/n, Centro, Guaramiranga)
  • Gratuito
  • Instagram: @atelie_gerson_ipiraja

 

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