Entre a correria das ruas do Centro de Fortaleza, com seus camelôs, lojas e fachadas históricas, um aroma marcante entre os demais se destaca: o do café quentinho, passado na hora. Esse cheirinho afetivo leva o público a espaços que já se tornaram rota de encontro, que celebram a trajetória da cidade.
O movimento dos cafés no Centro não é só tendência exclusiva desta década. Ainda no final do século XIX, com a ascensão da Belle Époque, período em que a cidade buscava os padrões de vida europeia, os ambientes para tomar aquele cafezinho eram populares com a sociedade da época.
"Os cafés eram afrancesados em suas linhas arquitetônicas e simbolismos, tinham mesas ao ar-livre, portanto bonitos e agradáveis", explica o historiador Tião Ponte. O também professor da Universidade Federal do Ceará destaca as influências dos estabelecimentos presentes na Praça do Ferreira.
"Sobretudo os quatro que ficavam na Praça do Ferreira, de onde se podia ver, enquanto se bebia e se conversava, o desfile do moderno em curso através do vai e vem de bondes, carruagens, de pessoas de todas as classes", ressalta.
Na capital cearense, os cafés eram símbolos de efervescência intelectual, encontros políticos e boemia. Um dos lugares importantes para esse desenvolvimento é o Café Java. Inaugurado na Praça do Ferreira em 1887, o estabelecimento cresceu junto aos artistas e escritores da Cidade, que realizam saraus, eventos de música e encontros culturais.
A cafeteria abrigou a Padaria Espiritual, um movimento literário que surgiu no fim dos anos 1890, justificado pela ânsia de despertar o interesse pela literatura e pelas artes na cidade. Dessa forma, os 20 membros eram chamados de "padeiros" e se agrupavam em "fornadas", suas reuniões para criar um periódico quinzenal, "O Pão".
"O Java era o mais simpático e convidativo café da região, especialmente para escritores e boêmios, por causa do dono, Mané Côco, conhecido por sua cuca-fresca", acrescenta Tião.
O movimento foi fundado por artistas e intelectuais cearenses, reunindo nomes como Antônio Sales, Lívio Barreto, Ulisses Bezerra e Rodolfo Teófilo. Assim, a Padaria Espiritual se destaca entre os movimentos literários do Ceará mantendo papel fundamental para a memória cultural.
Em 2025, esses espaços voltam a ocupar esse lugar sob novos sabores, novos públicos, mas com o mesmo desejo de vivenciar e compartilhar. Para relembrar a trajetória da Padaria Espiritual, em março foi inaugurado o Café Java, estabelecimento que está localizado ao lado da Academia Cearense de Letras (ACL). Após uma breve pausa, o novo estabelecimento volta a funcionar e resgata o charme do café original com um quiosque no estilo Art Nouveau, com opções de pratos como croissants, tapiocas e cuscuz com aquele toque daqueles sabores da terra.
Café Comércio
Em frente ao passeio público, um prédio do século XIX abriga a nova sede do Café Comércio. Com opções de café da manhã e almoço diariamente, o público pode saborear sua refeição à moda Belle Époque fortalezense.
O ambiente, que tem a iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), conta com um cardápio diverso com salgados, crepiocas e sanduíches. Já para o almoço, o público pode provar os populares pratos Atum Defumado e Mignon de Sol.
Os sabores unem a sofisticação sem deixar de lado a regionalidade, na parte da confeitaria apresenta opções de bolos, brigadeiros e macarons com recheios regionais. E ainda conta com pratos veganos a quiche de três queijos cearenses, sanduíche de cogumelos e chutney de manga e o falafel de feijão verde.
Café Java
O Café Java, recriação do histórico estabelecimento que funcionou na Praça do Ferreira, está aberto para visitação dos consumidores. O local, no fim do século XIX, foi um espaço que funcionou como importante encontro intelectual do grupo chamado Padaria Espiritual. O novo local foi inaugurado em abril e mantém algumas características do estabelecimento histórico.
O "Novo Java" está localizado ao lado da Academia Cearense de Letras (ACL), que administra a cafeteria. Em 1887, o Café Java foi inaugurado na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza. A história do estabelecimento foi marcada por artistas e escritores da Cidade, que realizam saraus, eventos de música e encontros culturais no espaço. Foi nessa cafeteria que teve origem a história da Padaria Espiritual, um movimento literário que surgiu no fim dos anos 1890, fundado por artistas e intelectuais cearenses, como Antônio Sales, Lívio Barreto, Rodolfo Teófilo e Temístocles Machado. Os membros do movimento tinham como objetivo despertar o interesse pela literatura e pelas artes nos fortalezenses. Para isso, os 20 membros "padeiros" se agrupavam em "fornadas" (reuniões) e criaram o periódico quinzenal "O Pão".
A Padaria Espiritual é considerado um dosmovimentos literários mais importante do Ceará e teve papel fundamental para o desenvolvimento de movimentos como o Realismo e para o nascimento do Simbolismo no Estado. (Raquel Aquino)
Nana Café & Bistrô
Entre artesanato e regionalidade, Nana Café & Bistrô é a opção ideal para quem procura aquele tradicional café no prédio do Centro de Turismo do Ceará.
Incentivada pelo pai, Ana Cordeiro também conhecida como Nana, deixou o ramo da confecção e inaugurou em 2024 a sede do café no Centro.
O espaço surgiu inicialmente como Café regional e depois passou a vender pratos de almoço aos sábados e, a pedido dos clientes, manteve a opção das refeições durante os dias da semana.
Com um ambiente colorido e com astral cearense, Ana afirma que uma das opções preferidas dos clientes é o cuscuz com carne do sol e queijo crocante, a tapioca crocante e os café da nossa região coados na hora.
Café & Cultura
Antes de aproveitar sua programação cultural faça uma pausa para um café. Conheça equipamentos públicos da cidade onde estão situados café charmosos para lanchar.