Nego Bispo era um profundo crítico de todas as instituições coloniais. Segundo ele, era preciso sair de lógicas baseadas em experiências eurocêntricas, monoteístas e brancas.
Por isso, priorizava a oralidade como forma de transmissão de saberes e de resistência.
Ele afirmava que "mesmo que queimem a escrita, não queimarão a oralidade", e via seu próprio livro como uma forma de "ensinar o povo das escrituras a falar".
Um dos motivos que o afastou do movimento sindical foi justamente a avaliação de que a esquerda política adotou as regras do jogo impostas por quem os rivalizava.
Essencialmente, "lutar contra o capitalismo" era o mesmo que lutar contra um instrumento, e não contra a causa raiz, o colonialismo.
O contracolonialismo ganha aí seus contornos iniciais, sendo classificado por ele como um modo de ser, e não apenas um conjunto de ideias acadêmicas.
Existir, então, seria abraçar a ideia de que a vida está em um constante movimento não-linear.
Por isso, ele propunha "animalizar os humanos para desumanizar a animalidade".