Há décadas, o Brasil tem se consagrado como uma das maiores potências de moda e indústria têxtil do mundo, sendo destaque com cores, texturas e tecidos. Esse mérito, no entanto, tem um contrapeso: a produção de lixo.
Cada brasileiro gera, em média, 343 quilos de lixo por ano; sendo o País produtor de cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos no mesmo período. Tal número não seria tão alarmante caso houvesse maior investimento em um dos recursos da sustentabilidade: a reciclagem, que representa apenas 4% do destino desses materiais. As informações constam em dados de 2024 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
A indústria têxtil, por exemplo, é conhecida como um dos vilões do efeito estufa por seu consumo excessivo de recursos naturais, poluição da água e do ar, e a geração de resíduos que demoram até séculos para se decompor.
É considerando o impacto ambiental que artistas brasileiros se reinventaram ao longo do tempo para produzir moda e artesanato de forma ecológica e financeiramente rentável. Nesse contexto, cada vez mais trabalhos que priorizam o "lixo zero" ganham destaque entre o público consumidor.
Na 25ª edição da Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte), que aconteceu até o último domingo, 20, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, era possível encontrar veteranos e novos empreendedores da arte sustentável. Estes se apropriaram de recursos como o upcycling (reciclagem/transformação de resíduos) para produzir obras com informações de moda e criatividade.
"Não adianta o produto ser só sustentável. Ele também precisa ser bonito", destaca Érika Andrade, artesã pernambucana e proprietária da marca de acessórios sustentáveis Treli.