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Pra não dizer que não falei das cores
Vida & Arte

Pra não dizer que não falei das cores

Aqui no Ceará, as abordagens de apoio às causas LGBTQIA são quase nulas. As conclusões possíveis: somos uma ilha no mundo onde não existem consumidores gays, lésbicas, trans, bissexuais e outras identidades da sigla.
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A silhueta de um membro da comunidade é vista através de uma bandeira do Orgulho enquanto presta homenagem às vítimas do tiroteio em massa no Club Q, uma boate LGBTQ, em Colorado Springs, Colorado, em 20 de novembro de 2022. Pelo menos cinco pessoas morreram e 18 ficaram feridas em um tiroteio em massa em uma boate LGBTQ na cidade americana de Colorado Springs, disse a polícia em 20 de novembro de 2022.
 (Foto: Jason Connolly/AFP)
Foto: Jason Connolly/AFP A silhueta de um membro da comunidade é vista através de uma bandeira do Orgulho enquanto presta homenagem às vítimas do tiroteio em massa no Club Q, uma boate LGBTQ, em Colorado Springs, Colorado, em 20 de novembro de 2022. Pelo menos cinco pessoas morreram e 18 ficaram feridas em um tiroteio em massa em uma boate LGBTQ na cidade americana de Colorado Springs, disse a polícia em 20 de novembro de 2022.

As Olimpíadas possuem seus imortais. O britânico Tom Daley é, sem dúvida, um deles. Cinco medalhas olímpicas e um posicionamento de campeão. Tom, atleta de saltos ornamentais, foi um dos primeiros atletas de alta performance a se assumir homossexual, em 2013. Em torno do mito Daley, a Adidas criou coleções com a bandeira LGBTQIA em todo o mundo. As campanhas apoiavam outros atletas e as iniciativas inclusivas em eventos esportivos.

Nos últimos anos, a publicidade e o marketing, para não falar de todos os stakeholders do mercado de comunicação, levantaram as bandeiras da diversidade. Os motivos se apresentam como parte das estratégias de responsabilidade social, branding e fidelização de vários segmentos. A presença de pessoas LGBTQIA em campanhas, comerciais e conteúdos digitais tem aumentado gradativamente. Isso gera identificação e pertencimento para esse público e alinha a marca com valores de diversidade e inclusão.

Além da Adidas, outras marcas globais também entraram como apoiadoras da causa "arco-íris". A vodka Absolut é uma das pioneiras, com campanhas desde os anos 1980, patrocinando paradas da diversidade e produzindo edições especiais com bandeiras do orgulho. A Nike lançou uma linha com produtos inspirados na pluralidade de gênero e sexualidade. A Coca-Cola e a Skol fizeram campanhas mostrando casais. O banco Itaú trouxe para sua comunicação depoimentos reais de pessoas trans; e O Boticário lançou uma série de anúncios no Dia dos Namorados com casais e também reações homofóbicas por parte de setores conservadores.

Claro que também temos as marcas que, em vez de serem apoiadoras, são criticadas como preconceituosas. A plataforma Shein e as redes Zara e H&M são exemplos desse tipo de posicionamento.

Mas, e o nosso mercado? Aqui no Ceará, as abordagens de apoio às causas LGBTQIA são quase nulas. As conclusões possíveis: somos uma ilha no mundo onde não existem consumidores gays, lésbicas, trans, bissexuais e outras identidades da sigla. Outra possibilidade é a da cultura machista local. Seja qual for a explicação, fica aqui o desafio às nossas agências, anunciantes e profissionais: que tal abordarmos as questões de gênero e outras pautas de comportamento como conceitos em nossas estratégias e campanhas? Não podemos mais ficar num mundo à parte, seja por consciência social ou mesmo pelo tamanho deste mercado. As grandes marcas, globais e nacionais, já viraram a página e se posicionaram. Agora, pensando em voz alta, o que faremos a respeito?

DOIS PONTOS COM RICARDO ALCÂNTARA

Ricardo Alcântara é escritor, letrista e publicitário.(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Ricardo Alcântara é escritor, letrista e publicitário.

Ricardo Alcântara é escritor, letrista e publicitário, com longa experiência em marketing político, atua em projetos de Comunicação Estratégica nas áreas pública e privada.

O POVO - Qual o impacto real da Inteligência Artificial no marketing e na publicidade?

Ricardo Alcântara - Não é menor que o impacto provocado em outras atividades humanas, até mais centrais, como educação e pesquisa, produção industrial e gestão pública. Ao fim, resulta positivamente em uma ampliação dos meios de acesso, mas o desafio da qualidade permanece. E, como em toda inovação tecnológica, os agentes do mercado vão precisar de um tempo para separar o joio da reprodutividade do trigo genuíno do talento.

O POVO - Como você enxerga a relação do marketing político com as redes sociais?

Ricardo - Um divisor de águas, para dizer o mínimo. A relação vertical do processo de comunicação convencional (emissor x receptor) foi abalada por uma maior vocalização do coletivo. Campanhas não são mais sobre o que candidatos dizem para eleitores, mas sobre o que eleitores dizem uns para os outros sobre candidatos. O eleitor constrói e amplia a penetração de mensagens. Ao fim, os multiplicadores é que decidem.

O POVO - Como conceituar a reputação pública de uma pessoa, marca ou produto com as ferramentas digitais?

Ricardo - As possibilidades se ampliaram em acesso e precisão. Isto é, há mais oportunidade tanto de acesso a dados seguros com custos operacionais menores como também ampliaram as bases para abordagens qualitativas com maior margem de segurança. Mudanças são mais detectadas em estado latente. As tendências vieram à superfície. Hoje em dia, quem "se trumbica" não é só "quem não se comunica". Quem não pesquisa também.

O POVO - Qual o futuro da Comunicação para os próximos dez anos?

Ricardo - Há 40 anos, essa pergunta não faria o menor sentido. Nada mudava tão rápido. Hoje, ao contrário, prever o que acontecerá antes do próximo Natal já é temerário. O que permanece é a mudança. Sobreviverão os que melhor se adaptarem. E, como sempre, os agentes da mudança é que serão consagrados. Num ambiente onde todos tenham acesso tão fácil à produção do básico, ser criativo se torna ainda mais relevante. Ousadia no comando!

DICA DE LIVRO

Capa do livro Tecnofeudalismo: O que matou o capitalismo, de Yanis Varoufakis.(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Capa do livro Tecnofeudalismo: O que matou o capitalismo, de Yanis Varoufakis.

"Entre os bons livros que li recentemente está: "Tecnofeudalismo: O que matou o capitalismo", do economista grego e professor de Cambridge, Yanis Varoufakis. A obra defende a tese controvertida, mas bem fundamentada, de que as mudanças tecnológicas aceleradas fizeram com que as dinâmicas tradicionais do capitalismo não governem mais a economia, sendo substituídas por um sistema emergente sob o poder hegemônico das big techs. Editado pela Planeta, com 240 páginas."

STORYTELLING

Anúncio da Mega Feira da Casa Própria(Foto: Divulgação/Advance)
Foto: Divulgação/Advance Anúncio da Mega Feira da Casa Própria

Advance assina campanha para a Mega Feira da Casa Própria. A estratégia cria uma conexão com pessoas que estão vivendo momentos de vida que são gatilhos para compra de um imóvel. Casou? Separou? Aluguel pesou? Bebê chegou? Quer investir? O conceito lúdico com emojis foi aplicado nas peças da campanha, nos meios TV, portais, painéis de led, outdoor, rádio, redes sociais e redes de pesquisa.

O NOVO SEMPRE VEM

Anúncio do MBA em Branding Estratégico e Gestão da Experiência da Marca, da Unichristus.(Foto: Divulgação/Unichristus)
Foto: Divulgação/Unichristus Anúncio do MBA em Branding Estratégico e Gestão da Experiência da Marca, da Unichristus.

Unichristus lança MBA em Branding Estratégico e Gestão da Experiência da Marca. O curso é voltado para profissionais graduados em Marketing, Administração, Comunicação, Design e Moda, além de gestores, consultores, empreendedores e líderes de negócios. Uma oportunidade para as agências e profissionais que buscam atualização e ampliação profissional. Mais informações: www.unichristus.edu.br

EITA, MAH

Anúncio do lançamento da São Geraldo Zero.(Foto: Divulgação/Acesso Estratégia Criativa)
Foto: Divulgação/Acesso Estratégia Criativa Anúncio do lançamento da São Geraldo Zero.

A Acesso Estratégia Criativa assina a campanha de lançamento da São Geraldo Zero, com um filme para redes e plataformas digitais. A narrativa parte de depoimentos reais de consumidores para construir uma história divertida e estratégica, com foco nas "loucuras" que os fãs já fizeram pelo refrigerante. O conceito "Tu num queria? Pois cuida." valoriza o exagero cearense, o humor que aproxima e a escuta ativa da marca.

É PRECISO AGIR AGORA

Bolero Comunicação criou o filme para o Conexão ODS.(Foto: Divulgação/Bolero Comunicação)
Foto: Divulgação/Bolero Comunicação Bolero Comunicação criou o filme para o Conexão ODS.

A Bolero Comunicação criou o filme para o Conexão ODS, o maior evento de sustentabilidade do Nordeste. A peça traduz em imagem e som o propósito da iniciativa: engajar líderes empresariais e ativistas no compromisso com o futuro do planeta. A ação é promovida pelo Pacto Global da ONU e pela Somos Um, em parceria com a Plural e a Lógico Music.

 

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