“O bordado tem o poder de conectar pessoas. É um fazer manual que atravessa gerações e pode ser praticado com diferentes finalidades — desde a arte contemporânea até um passatempo que estimula a criatividade ou uma prática terapêutica”. As palavras de Wilma Farias anunciam a capacidade do bordado para além de um gesto individual.
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Organizadora do Borda – Festival Arte, Bordado e Experimentação, ela acredita que a atividade pode ser uma experiência coletiva e, dependendo do contexto, estimular reflexão “sobre o tempo, a criação de conexões e a prática do cuidado com o espaço que ocupamos”.
No contexto de refletir, por meio da arte têxtil, sobre a responsabilidade coletiva na criação de um futuro mais justo, sustentável e conectado com a natureza, o festival promove nesta quarta-feira, 30, às 15 horas, uma ação gratuita em Fortaleza para celebrar o Dia Internacional do Bordado. Na ocasião, será bordado um manto de cinco metros, em que várias pessoas terão oportunidade de bordar sobre o tecido.
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A atividade ocorre no Parque Rio Branco e abre a programação do festival. São reunidos bordadeiras, artistas, coletivos e pessoas interessadas em práticas manuais para criações e conversas em torno do gesto de bordar. Qualquer pessoa pode participar. Não é necessário ter conhecimento sobre bordado nem se inscrever previamente.
Com o tema "Tecer Amanhãs", o festival convida os participantes a pensarem sobre o futuro. O evento foi criado para “explorar o universo têxtil em diálogo com a cidade”, com a compreensão de que bordar “é um gesto político, artístico, e poético”, como afirma Wilma Farias, diretora criativa do Borda. Para ela, aliás, não é somente um evento, mas uma plataforma colaborativa de formação e inovação cultural.
Prova disso são as ações promovidas ao longo dos últimos anos. Desde 2019, foram realizadas oficinas, vivências, intervenções urbanas, exposições e conversas com artistas para “refletir sobre as temáticas do nosso tempo”. Em 2025, o intuito é ocupar os espaços urbanos com atos ao ar livre.
Em vez de programação concentrada em quatro dias de atividades, serão feitas iniciativas em parques e praias de Fortaleza até 2026. Durante quatro meses, o público poderá conferir intervenções de bordado coletivo em manto de cinco metros em parques da Capital. Na faixa litorânea da Cidade, haverá circulação de instalações temporárias revestidas com linhas entre setembro e junho de 2026.
Após a ação desta quarta-feira, 30, a proposta do bordado coletivo percorre quatro parques em diferentes bairros da Capital. Há o convite para refletir sobre a interdependência entre seres humanos, animais, vegetação, rios e mares.
“O Borda propõe pensar o tempo que virá como possibilidades que se costuram no presente, ponto a ponto, gesto a gesto — com escuta, cuidado e responsabilidade. É também um chamado à imaginação: tecer e sonhar futuros possíveis, mais sustentáveis, sensíveis e conscientes. Ao reunir pessoas para bordar, conversar e ocupar os espaços públicos com arte, o festival busca mostrar que o amanhã não é algo distante ou uma miragem, mas algo que se costura com nossas ações, escolhas e relações no agora”, explica.
Comemorado nesta quarta-feira, 30, o Dia Internacional do Bordado é uma lembrança a uma arte cujos benefícios são compartilhados também por Laura Moreira, idealizadora e co-produtora do festival. “Comecei a bordar em 2014, em meio a um período de muitos desafios pessoais. Naquele momento de tanto caos e ansiedade, o bordado chegou como um bálsamo, uma arte manual que me reaproximou do meu centro e me resgatou”, afirma.
Professora de bordado desde 2016, ela participa do Borda desde a primeira edição e, logo na segunda, ministrou oficina de bordado mexicano. Para a versão de 2025, destaca o prazer de bordar coletivamente e compartilhar o momento “com outras pessoas que também são entusiastas dessa arte”. Laura também publica em seu perfil no Instagram percepções sobre o bordado.
Outra participante é Lúcia Ferreira. “O bordado, para mim, é alegria, satisfação e prazer de ver aumentar o número de bordadeiras e bordadores na nossa Cidade e Estado”, indica. Bordadeira desde criança, hoje dá aulas e oficinas no Minimuseu Firmeza, Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, Ceart e Pinacoteca do Ceará.
Além disso, faz rodas de bordado em feiras e praças. “Quero estar presente e contribuir com essa iniciativa valorosa do bordado livre como expressão de liberdade, criatividade, uma atividade leve que várias pessoas que bordam podem acompanhar em diferentes espaços. É um ato de entrosamento, relacionamentos e felicidade”, pontua.
Borda - Festival Arte, Bordado e Experimentação