Em setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções tomou conta de uma das residências de maior valor cultural e histórico do Brasil. Localizado na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, o Museu Nacional sensibilizou milhares que acompanharam a tragédia que destruiu e danificou inúmeros itens que carregavam um pouco da história da humanidade.
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No acervo, que abrangia diversas áreas de estudo, artefatos de culturas africanas e indígenas, objetos da era imperial no Brasil e coleções de fósseis de dinossauros e humanos, como o da Luzia – o mais antigo já encontrado na América do Sul –, foram algumas das peças prejudicadas no incidente.
Sete anos se passaram e, em junho de 2025, uma singela parte do Museu Nacional foi reaberta com a exposição “Entre Gigantes: Uma experiência no Museu Nacional”. A mostra instalada em três ambientes do equipamento tem como obra de destaque o meteorito Bendegó, resgatado com sucesso durante o incêndio, sendo uma representação de resistência e superação, tanto para o Museu como para aqueles que compreendem as consequências que o fogo teve na preservação da memória da existência humana.
“Eu tinha uns 9 ou 10 anos quando vim ao Museu Nacional pela primeira vez. Hoje, estou trazendo a minha filha que tem essa mesma idade e está conhecendo só agora o espaço. É um sentimento de nostalgia entrar aqui depois do que aconteceu, daquele grande incêndio, e lembrar de como era antes de ter sido destruído. Tinha muitas obras, objetos, esqueletos, eu lembro bastante de passear por aqui”, recorda Hadassa Camila da Silva Pereira, que visitava o Museu Nacional numa manhã de domingo ao lado do esposo, Elias Pereira, e da filha, Alice.
Movendo-se entre os ambientes que também apresentam ao público obras do artista visual wapichana Gustavo Caboco além do esqueleto de um cachalote, que possui 15,7 metros de comprimento, a fisioterapeuta reforça a importância dessa reabertura, mesmo que parcial. “É muito triste ver que uma parte da história foi danificada, mas estar aqui novamente após toda aquela tragédia só confirma que ela pode ser reconstruída”, comenta.
Assim como a profissional de saúde, mais de 15 mil pessoas visitaram o local desde o dia de reabertura, esgotando em poucos dias os ingressos disponibilizados gratuitamente até o fim de agosto e fazendo filas na espera no jardim da Quinta da Boa Vista.
“A nossa previsão inicial era de 12 mil pessoas para toda a temporada, mas a gente já conseguiu atender 15 mil somente neste primeiro mês. Isso nos fez perceber que o Museu está nesse imaginário e que tem o carinho do público”, detalha Amanda Cavalcanti, museóloga do equipamento inaugurado em 1818.
Com apenas três ambientes reabertos de uma construção grandiosa de três andares que recebia diversas instalações, a gestora avalia esse momento como uma etapa de reaproximação com o público.
“Para nós, é muito importante que os visitantes consigam ver o que está acontecendo atualmente no Museu, entender as etapas da obra e como está o processo de restauração, porque quem não acompanha pode não entender a ‘demora’ para reabrir. É uma prestação de contas para a sociedade, vamos mostrar o que tem sido feito e que o trabalho está avançando, mas que ainda há muito o que realizar. Essa é a importância da exposição neste momento: manter vivo o vínculo com o público”.
Possuindo uma relação de carinho com o Museu Nacional desde a infância, sentimento compartilhado entre os cidadãos cariocas devido ao espaço ter sido o primeiro museu que visitou, Amanda antecipa detalhes sobre o futuro do Museu que vão marcar as próximas gerações de crianças e família curiosas sobre a sua própria história.
“Nosso planejamento é reabrir novos ambientes até 2026 e promover a reinauguração total em 2028. Durante esse período, vamos abrir outros espaços, principalmente no bloco frontal, o bloco histórico. Vamos ter uma área expositiva muito maior do que antes do incêndio”, detalha a museóloga, afirmando que as peças resgatadas em 2018 estão na reserva técnica para armazenamento, restauro e conservação, retornando para o público em breve.
“A expectativa é que a instituição continue mantendo o vínculo com a sociedade, exercendo esse papel social como local de encontro da população. Antes, aqui já existia essa conexão, mas acredito que agora, após o incêndio, essa relação tenha ficado ainda mais forte”, afirma. Equipamento cultural vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu Nacional está aberto às contribuições de pessoas físicas e organizações privadas, além da administração municipal, estadual e federal.
Museu Nacional
Museu da República
Local que foi palco de momentos da história recente do Brasil, como o velório do ex-presidente Afonso Pena (1847-1909) e do suicídio do também ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954), o Museu da República apresenta em suas paredes, corredores e salões uma vivência na história da sociedade brasileira fora da sala de aula.
Abrigado no antigo Palácio do Catete, no bairro de mesmo nome na capital carioca, o espaço de arquitetura neoclássica foi inaugurado em 1867 e remonta a anos da formação do País. Com abertura parcial, atualmente, o Museu da República está com duas exposições artísticas.
No Palácio do Catete, o público pode verificar a mostra “Crônicas de uma Barbárie”, que reúne desenhos do chargista Carlos Latuff, produzidos durante a pandemia de Covid-19. Já na Galeria do Lago, está em cartaz a exposição “Do Chão que Piso”, do fotógrafo Jaime Acioli, aberta a visitação até o dia 24 de agosto.
Paço Imperial
Próximo a importantes locais de grande concentração de turistas, como Confeitaria Colombo, Real Gabinete Português de Leitura, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro e os Arcos da Lapa, o Paço Imperial se revela na Praça XV de Novembro, no Centro, como ponto de preservação de eventos que decidiram o rumo do Brasil.
Entre os muros e grandes salões, os ambientes do Paço foram espaço para eventos marcantes, como a declaração do Dia do Fico, a Abolição da Escravidão e a Proclamação da Independência. Atualmente aberto a visitação gratuita, o equipamento cultural, que também possui uma biblioteca própria, recebe exposições de diversos campos artísticos, além de concertos, espetáculos e atividades de formação.
Museu de Ciências da Terra
Localizado em um dos bairros mais turísticos do Rio de Janeiro, o Museu de Ciências da Terra compartilha a atenção dos visitantes da região com o Pão de Açúcar, a Praia Vermelha e o Morro da Urca. Fundado em 1907, o espaço abriga o maior acervo de fósseis do País, além de um amplo catálogo de minerais, rochas, fósseis e meteoritos, sendo considerada uma das coleções mais relevantes na América Latina.
Aberto para o público de todas as idades, a instituição une história e pesquisa, sendo espaço de preservação de artigos que contam a trajetória e o desenvolvimento do planeta. O espaço atualmente está com a exposição “Brasil Glacial”, com uma imersão à Era Glacial, e uma mostra em homenagem ao paleontólogo brasileiro Llewellyn Ivor Price (1905-1980). No Museu de Ciências da Terra, os visitantes também podem acompanhar os artefatos do Salão de Rochas e Minerais
Museu do Jardim Botânico do RJ
O Museu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro reflete uma das principais características da Cidade Maravilhosa: o apreço ao meio-ambiente e às paisagens naturais, além da atenção e cuidado com a natureza e tudo aquilo que ela pode nos oferecer.
Instalado na área do Jardim Botânico, o equipamento de cultura e pesquisa reúne exposições, conteúdos interativos, instalações artísticas e promove programações que levam conhecimento sobre a natureza e suas inúmeras formas de vida e existência.
Com entrada gratuita, atualmente o espaço conta com uma exposição de longa duração “Muito mais que um Jardim” que apresenta experiências interativas aos visitantes. Utilizado de artifícios tecnológicos, o espaço também fornece ao público de todas as idades mostras imersivas que educam sobre meio ambiente e sociedade.