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"Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" decente aventura familiar
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"Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" decente aventura familiar

Marvel tenta cativar novamente o público com o Quarteto Fantástico; grupo retorna aos cinemas em boa versão, mas sem explorar todo o potencial
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Pedro Pascal (Reed Richards), Vanessa Kirby (Sue Storm), Joseph Quinn (Tocha Humana) e Ebon Moss-Bachrach (Coisa) são o peso a mais que difere
Foto: MARVEL STUDIOS/DIVULGAÇÃO Pedro Pascal (Reed Richards), Vanessa Kirby (Sue Storm), Joseph Quinn (Tocha Humana) e Ebon Moss-Bachrach (Coisa) são o peso a mais que difere "Quarteto Fantástico: Primeiros Passo" de um filme qualquer

O Quarteto Fantástico é, com certeza, um dos maiores grupos de super-heróis dos quadrinhos. A ponto do título da equipe, na informalidade, virar sinônimo de um agrupamento de quatro pessoas em situações familiares e de amizade. Mas, apesar de querido e popular, o projeto sempre ficou devendo em suas adaptações para o cinema.

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A história da franquia tem filme cancelado, dois longas que não envelheceram tão bem e até um desastre de produção na mais recente tentativa de trazer os heróis para os cinemas ("Quarteto Fantástico, de 2015).

Por isso, existia a expectativa para que "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" não desperdiçasse o potencial, ainda mais agora, em 2025, na primeira vez da narrativa sendo produzida pela Marvel Studios.

Não é difícil argumentar que este longa é o mais bem produzido e que menos deve dividir opiniões, podendo até dar um fôlego maior a Marvel depois de filmes com pouco sucesso financeiro ou de qualidade bem abaixo do costumeiramente esperado.

Apesar disso, a mais recente produção deixa de explorar tudo o que podia por ficar presa em fórmulas.

'Quarteto Fantástico: Primeiros Passos': um quarteto amado por todos

Com uma pegada retrofuturista - em um mundo onde não existe Capitão América, Homem de Ferro, e Homem-Aranha -, o quarteto é amado por todos. O início mostra os personagens já no quarto ano de trabalho heroico e passa apressadamente por suas origens.

Já é um universo estabelecido, mas ainda é necessário realizar apresentações. O formato documentário e "tirado de talk-show" é interessante, porém, afasta o espectador de ir se sentindo mais próximo da "família".

As narrações dizem e comunicam mais do que nos é apresentado durante o filme. Os heróis são os grandes salvadores, mas pouco vemos estes feitos. Pois o que é dito nem sempre é justificado.

A direção de Matt Shakman nada foge do básico "feijão com arroz" que os filmes da Marvel costumam ser, sem trazer qualquer esmero ou autenticidade nova.

Ele nos prepara para uma abordagem mais galhofa e tenta impor sentimento de gravidade que não condiz com o gênero proposto. Já com o elenco estão os maiores êxitos.

'Quarteto Fantástico: Primeiros Passos': os protagonistas

Pedro Pascal (Reed Richards), Vanessa Kirby (Sue Storm), Joseph Quinn (Tocha Humana) e Ebon Moss-Bachrach (Coisa) são o peso a mais que difere "Quarteto Fantástico: Primeiros Passo" de um filme qualquer.

E eles estão a altura de talento que se busca em formar uma família, das mais importantes das histórias de quadrinhos.

Pascal, rosto bastante familiar e em alta em Hollywood, não aparenta entregar tudo de si, embora seu Senhor Elástico seja o homem mais inteligente do mundo na mesma medida em que é inseguro e sem confiança.

Joseph tem carisma que poderia ser mais explorado e Ebon é um funcional CGI ("Computer-Generated Imagery", ou imagens geradas por computador em na tradução).

O brilho fica totalmente por parte de Vanessa Kirby. Sua presença é segura, imponente e decidida desde a primeira cena.

São os momentos da Mulher Invisível de maior drama, que envolvem o seu filho Franklin, chave deste filme, e em duas boas, e talvez isoladas cenas de ação, uma aventura côsmica e um terceiro ato forte.

Em quase todas as suas ações, os quatro integrantes precisam dos demais, dando importância devida a todos, embora uns com mais e outros com menos peso.

Cada um tem seu espaço e sua característica. Isso é respeitado como personagens individuais e, principalmente, como equipe, a maior importância do quarteto.

O mundo inteiro é ameaçado por Galactus, um dos mais intimidadores seres já apresentados nos quadrinhos. Sua primeira aparição causa de fato impacto em quem vê, a ponto de se sentir acanhado diante da dimensão que ele tem.

Já no momento de encarar e enfrentar o quarteto, o sentimento é de que não foi totalmente apresentado.

O longa ainda inclui a Surfista Prateada, vivida por Julia Garner, que funciona. A personagem é uma mensageira da maior ameaça e empecilho dos heróis. Sua origem e ambições são rapidamente explicadas, com o tempo necessário neste caso.

'Quarteto Fantástico: Primeiros Passos' é a melhor versão da equipe nos cinemas

Em resumo, "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" funciona como a melhor versão que esta equipe já recebeu nos cinemas com um elenco forte, interação divertida, mas que deixa de explorar tudo aquilo que pode, talvez preso em uma fórmula Marvel difícil de ser deixada, ou até por medo de errar com um produto que se tinha muita expectativa.

Fato é que por ele ser isolado do mundo que já acompanhamos em mais de 30 filmes, além de séries, acaba sendo mais desprendido para abordar só estes personagens.

Ao tentar incluir muitos aspectos do universo, precisar ligar pontos para sequências dos Vingadores em projetos futuros e se perder em uma busca por não tratar da origem inicialmente enquanto relembra e apresenta muito mais do que talvez devesse. Este quarteto é decente.

Decente e divertido como filme de herói e quadrinhos, capaz de agradar os maiores fãs e ser um bom chamativo para as novas gerações. Entre a decência e algo de fato mais inspirado, creio que a Marvel não quis se arriscar tanto em uma furada e jogar fora um grupo tão importante, mas é um desperdício do que poderia ser. 

Afinal, nós já vimos a história aqui contada pela mesma fórmula, só não com os mesmos personagens, e o Quarteto Fantástico merecia algo único.

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