Adaptação das obras de Lourenço da Fonseca Barbosa, mais conhecido como Capiba (1904-1997), o musical "Capiba, pelas ruas eu vou" desembarca para curta temporada em Fortaleza. O espetáculo será apresentado no Theatro RioMar Fortaleza nesta quarta-feira, 30, e na quinta-feira, 31, às 20 horas. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Uhuu.
A obra dramatúrgica conta a história de Capiba, músico e compositor pernambucano. O artista é reconhecido pelos frevos, mas o musical mostra que seu trabalho não se resume a um único ritmo. Sob a direção-geral da bailarina e diretora do projeto Aria Social, Cecília Brennand, o espetáculo conta com a participação de 60 artistas - entre bailarinos, cantores e músicos.
"Estamos felizes em levar 'Capiba' (para) além das fronteiras (pernambucanas), porque muitos ainda não conhecem sua produção. Nosso objetivo é fazer com que o Brasil escute Capiba e conheça a riqueza da música e cultura pernambucana", explica Cecília em entrevista ao O POVO. O artista se aventurou na valsa, baião, samba, maracatu e até nas produções eruditas. No musical, o intuito é levar o público a mergulhar na diversidade de sons e ritmos.
Assistido por mais de 26 mil espectadores, desde a sua estreia em 2022, o musical homenageia especialmente a cultura nordestina. Toda essa história é contada por meio da "junção de teatro, dança, música e cinema para poder refletir a diversidade da cultura pernambucana", como define a maestrina e diretora musical da obra, Rosemary Oliveira.
Ela explica que o trabalho musical precisa de todos os estágios de produção, desde a idealização das canções, danças e figurinos até o momento em que as cortinas se fecham. A coreografia e as indumentárias contam uma história, pois, como explica Rosemary: "Depois que terminei as músicas, a Ana Emília Freire idealizou as coreografias, assim como a Beth Gaudêncio começou a preparar os diversos figurinos". "Uma etapa depende da outra, e toda a base é a música de Capiba", pontua.
No repertório da peça, o público poderá visitar desde frevos-canção clássicos até um pot-pourri ao som de "Oh Bela", "De Chapéu de Sol Aberto", "É Frevo, Meu Bem" e "Trombone de Prata". Mas Rosemary Oliveira define que o ponto alto do espetáculo é a "Missa Armorial", em que uma orquestra de músicos de câmara, ao vivo, representa a manifestação da fé de Capiba.
A versão original de Capiba da "Missa Armorial" é uma obra de quase uma hora. "Ela por si só já é um único espetáculo", argumenta a maestrina. Mas, para essa versão, ela explica que procurou manter as características da peça original e do sentimento do autor. Outra preocupação do processo foi evidenciar o Movimento Armorial, criação do escritor Ariano Suassuna, que busca evidenciar a cultura nordestina.
A diretora musical explica que considera esse o momento mais alto da produção porque "não há nada igual à 'Missa', o antes e o depois são momentos diferentes". Em suas palavras, é algo "divino".
Ela ainda explica que a decisão de contar a história de Capiba ocorreu por ele possuir "grande repertório" e também pelo pedido de Dona Zezita, esposa do compositor: "Não deixem a música do meu marido morrer".
O espetáculo é resultado do trabalho do projeto Aria Social, cujo objetivo é promover a transformação humana por meio da arte-educação, oferecendo a crianças e adolescentes formação e profissionalização na música e na dança. Entre os objetivos da iniciativa também estão levar a cultura nordestina ao Brasil todo e elevar o nível de produção de peças musicais no Nordeste.
Rosemary percebe que continua "bem longe" de chegar a níveis de Broadway, pois "é uma estrada longa que vamos seguir percorrendo e sempre levando da cultura do Nordeste".
Musical "Capiba, pelas ruas eu vou"
Quando: quarta-feira, 30, e quinta-feira, 31, às 20 horas
Onde: Teatro RioMar Fortaleza (Rua Des. Lauro Nogueira, 1500 - Papicu)
Ingressos: a partir de R$ 40. Vendas no site Uhuu
Mais informações:
@projetoariasocial