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'Carlota Joaquina, Princesa do Brazil' chega aos cinemas em versão remasterizada
Vida & Arte

'Carlota Joaquina, Princesa do Brazil' chega aos cinemas em versão remasterizada

Com o retorno de "Carlota Joaquina, Princesa do Brazil" às telonas, diretora Carla Camurati relembra os processos do longa lançado em 1995
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Foto: credito legenbda

Há 30 anos, "Carlota Joaquina, Princesa do Brazil" estreava nos cinemas. O longa é considerado, pela imprensa especializada, um marco da Retomada do Cinema Nacional, dado o período em que o filme foi produzido. Na época, o audiovisual do País passava por uma crise devido a extinção da estatal Embrafilme, em 1990, durante o governo de Fernando Collor de Mello.

A obra também foi o primeiro longa-metragem dirigido por Carla Camurati, que até então já tinha exercido a função em dois curtas. "Eu sempre gostei da ideia de dirigir, São coisas que eu gostava, quando eu trabalhava muito como atriz, eu gostava de chegar junto com a técnica", diz Carla, que atuou em novelas como "Fera Radical" (1988).

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Para celebrar as três décadas, a produção chega às telonas remasterizada em 4k nesta quinta-feira, 14. Antes disso, houve uma sessão no final de julho, em Fortaleza, com a presença da cineasta no Cineteatro São Luiz. Com Marieta Severo, como Carlota, Marco Nanini, intérprete de Dom João VI, e outros nomes, a obra acompanha a chegada da família real portuguesa no Brasil, a partir da perspectiva da monarca.

Carla está feliz em poder rever seu primeiro filme com a qualidade de imagem melhorada, pois, quando foi para o streaming, as imagens ficaram "aquém" do que poderia ser. "'O Carlota (Joaquina, Princesa do Brazil)', na época que ele foi produzido, que a gente passava no cinema, era muito lindo", relembra a diretora.

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Com roteiro de Melanie Dimantas e Angus Mitchell, a obra estreou com uma cópia de 35 mm, em 1995. "Impecável, tanto que a gente ouvia muito, nossa, nem parece filme brasileiro", continua a artista. "O que estava acontecendo é que quando acabou a carreira dele do cinema e ele foi para o digital, ele foi com uma beta digital. Então, a qualidade do filme para o mundo digital, para o streaming, para a TV, estava muito aquém", explica Carla.

A ideia de fazer uma sátira sobre a vinda da família real portuguesa para o Brasil durante a colonização surgiu a partir do gosto da realizadora audiovisual por história. "História para mim sempre foi uma, como se ampliasse a minha compreensão da vida, sabe?", revela. Conhecer o passado auxiliava na compreensão do presente e a pensar no próprio futuro.

"Eu conseguia me entender no tempo e no espaço", pontua.

"E queria dirigir um longa e é claro que imediatamente o que vem na minha cabeça foi fazer um longa sobre a história do Brasil", relata a cineasta que antes havia dirigido "A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal" (1987) e "Bastidores" (1990), ambos com duração menor.

Inicialmente, Carla queria abordar o "descobrimento" do Brasil, mas, ao estudar sobre o tema, perdeu o interesse. "Achei que não era tão bom assim e aí comecei a ler a história do Brasil, do descobrimento em diante", rememora. Ao chegar na vinda da família real ao Brasil, ela enxergou uma possibilidade de contar uma história divertida.

Carlota Joaquina, Princesa do Brazil

"Eu tive certeza que era ali, porque era um momento não só que um mundo descobriu o Brasil, quer dizer, a Europa, Portugal, mas o Brasil conhecia o mundo e começava a entender quais seriam as regras do mundo", argumenta a artista, que trouxe uma sátira com críticas condizentes para a época, mas que se mantém atuais mesmo na contemporaneidade.

Para Camurati, esse aspecto se deve tanto a "ousadia da linguagem" do roteiro quanto ao fato de estar localizado em outra época. "Porque ele não tem um recorte do presente, do que a gente está vivendo. Ele está num tempo e espaço que a gente não vê", salienta. Além disso, o filme se mantém coeso com o hoje porque direciona sua acidez a toda a população brasileira, segundo a diretora.

"E eu acho que é muito bom exatamente porque ele é crítico, né? Não tem pra ninguém, né? Todo mundo toma seu peteleco. Isso dá a ele uma contemporaneidade nesse mundo que a gente vive hoje, que é um mundo mais. Mais crítico, mais delicado", finaliza.

 

"Carlota Joaquina, Princesa do Brazil"

  • Quando: a partir desta quinta-feira, 14
  • Salas e horários: Ingresso.com

 

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