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Medalha de Ouro: peça destrincha o sonho e o pesadelo de ser atriz
Vida & Arte

Medalha de Ouro: peça destrincha o sonho e o pesadelo de ser atriz

Espetáculo homenageia artistas que encararam o desafio de ser atriz no Ceará e no mundo. A curta temporada em Fortaleza termina com sessões nos dias 16 e 17 de agosto
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Larissa Góes e Sol Moufer em
Foto: Júnior Marinho /Divulgação Larissa Góes e Sol Moufer em "Medalha de Ouro", espetáculo dirigido por Andreia Pires

Quando eu estava produzindo um curta-metragem na escola Porto Iracema das Artes falei por mensagem com Andreia Pires, mesmo sem qualquer intimidade, para saber se ela poderia participar de um teste de elenco para o filme de conclusão do curso.

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Ela, já com densa formação e atividade em dança, teatro e cinema, educadamente me respondeu que a maneira como eu falei não era uma abordagem adequada. Eu, imaturo e com quase nenhuma experiência nesse trato, estava mesmo errado.

Quase 10 anos depois, essa memória adormecida voltou de forma vívida no Teatro Dragão do Mar, neste sábado, 9, na primeira noite de uma curta temporada de “Medalha de Ouro”, peça dirigida por Andreia Pires e estrelada por Sol Moufer e Larissa Góes, que foi desenvolvida justamente na Porto Iracema das Artes, com uma pesquisa intitulada “Ao Cansaço Segue-se o Sonho”.

Em certo momento, as atrizes e suas personagens conversam sobre situações tragicômicas, às vezes só trágicas, que passaram em testes de elenco com diretores e produtores badalados: os jogos de ego, a falta de traquejo, as fases intermináveis e as respostas que nunca vêm.

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“Será que não tem outro jeito de indicar transformação na vida dela sem ser com uma gravidez?”, a personagem interroga o diretor fictício - então Larissa reencena diversas vezes sua tentativa de se adequar às divagações vazias de quem escreveu aquela história.

Com ironia e franqueza, o texto mergulha nos sonhos e pesadelos da profissão, criando ficções que também partem de experiências reais de atrizes cearenses.

Medalha de Ouro: as atrizes

No palco, Larissa é também Mazé Melo Figueiredo, atriz laureada nos anos 1960 que teve seu sonho suspenso pelo conservadorismo da família, ou Aline Silva, que se viu obrigada a se afastar de tudo.

Num momento emocionante da encenação, a voz doce de Ana Marlene ecoa pelo teatro, enquanto a vemos dançar em imagens projetadas nas cortinas erguidas ao fundo.

Todos esses delírios, esperanças, tristezas e certezas tomam o palco através dos corpos daquelas duas atrizes, lado a lado, representando tantas gerações de mulheres que nunca fugiram do próprio encanto. Para selar o propósito da homenagem, Sol lê um longo pergaminho com nomes de atrizes inspiradoras.

A cobiçada “Medalha de Ouro” acaba se transformando num símbolo sarcástico porque, mesmo quando alcançada, seu valor pode não ser capaz de mudar o destino de artistas com tanta vontade de existir. Ao mesmo tempo que tenta significar a glória, é um símbolo que representa também a exclusão das que não venceram e das que nem tiveram a chance de concorrer.

Apesar do constante lamento, o espetáculo também sabe escapar dessa melancolia porque o humor está sempre ali, à espreita, escolhendo a forma mais adequada de nos contar uma dolorosa verdade.

A curta temporada de “Medalha de Ouro” em Fortaleza terá ainda sessões no sábado, 16, e no domingo, 17, às 19h30min, no Teatro Dragão do Mar. Larissa Góes, inclusive, estará também nos cinemas em setembro com “A Praia do Fim do Mundo”, suspense de Petrus Cariry que estreia na quinta-feira, 4.

Medalha de Ouro

  • Quando:  sábado, 16, e no domingo, 17, às 19h30min
  • Onde: Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Quanto: R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira). Venda de ingressos no Sympla e na bilheteria física
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