A possibilidade de expressar seus sentimentos foi o que fez Luana Pitombeira, de 44 anos, dotar o balé clássico como hobby há dois anos. A relação com a dança começou quando ela era criança, mas com outra modalidade, o jazz. "Inicialmente porque minha mãe me colocou na escola, mas depois fui gostando e segui evoluindo até precisar parar naquele momento", relembra.
Chegou a fazer aulas de forró durante a adolescência, deixando jazz porque havia se mudado do Rio de Janeiro para São Paulo e passou a estudar em uma escola integral. Mas a atividade sempre esteve presente em sua vida, através de festas de família. "Sempre gostei de dançar. Em festas familiares e saídas com amigos, eu sempre era a 'empolgada' que dançava e puxava todo mundo", conta.
A ideia de entrar no balé veio como uma forma de superar a si mesma. "Comecei como um desafio pessoal de fazer algo novo, e simplesmente me apaixonei e sigo sem pensar em parar", afirma Luana que faz aulas no Studio ProDança - Thayssa Velozo. A filha de Luana, que é natural da Bahia, se sentiu inspirada pela mãe e quis fazer aulas de balé também, matriculando-se em 2024.
A gerente de mercado Juliana Menezes, por sua vez, se dedicou ao balé durante toda a vida, pausando por causa das demandas da vida adulta, como faculdade, estágio, entre outros. "Mas a dança sempre foi uma paixão", confessa a cearense de 44 anos que retornou à prática recentemente por causa da filha de 3 anos.
"Eu quis, me motivei também e quis mostrar para ela se espelhar em mim", diz a publicitária de formação. Atualmente ela faz aulas na Academia Vera Passos em uma turma só de mulheres adultas. Além de se reencontrar com o hobby da juventude, tem sido um momento de rever suas antigas colegas de balé.
Quando mais nova, Juliana chegou a fazer outras atividades, mas sempre preferiu a dança. "Eu fiz vôlei, fiz piano, fiz várias modalidades, mas o que eu me identifiquei desde sempre foi a dança", pontua a artista, que já chegou a realizar uma apresentação no teatro RioMar neste ano, abrindo o espetáculo de Dia das Mães.
A professora de dança do ventre Tida Salles também adotou o balé como hobby recentemente. A bailarina de 42 anos estava afastada da prática desde os 16, por causa de uma lesão no joelho. "O médico me aconselhou a parar por conta do problema no joelho e aí eu passei por várias danças até chegar na dança do ventre", conta Tida.
"Passava uma coisinha ali, uma coisinha acolá, mas nunca algo que me apaixonasse como o balé me apaixonou", explica a professora, que hoje dá aulas de dança do ventre e também faz aulas de balé clássico no estúdio ProDança. "Acho que a dança me escolheu. É uma paixão fulminante. É mais que um hobby, é um estilo de vida. Amo o ballet e ainda mais a dança do ventre", destaca.
Para Luana, a dança é um modo de se desligar da rotina. "Na dança consigo colocar minhas emoções, me desligar do mundo externo, da correria do dia a dia e ser apenas eu, a música e a sequência de exercícios ou coreografia a ser realizada", explica a dentista. "É o que chamo de 'meu momento'. Na dança me divirto e ainda cuido do meu corpo, da minha saúde física e mental", salienta a baiana.
As limitações de uma prática virtuosa e complexa como o balé clássico são suavizadas através do treino constante, como defende Luana. "Eu acredito que a nossa mente comanda muito do que o nosso corpo faz, e pretendo seguir dançando enquanto meu corpo e mente permitirem", completa.
Tida também não sente os entraves por ter retornado a dança mais velha. "Mesmo aos 42 anos não vejo limites no meu corpo. Sempre. Mas, com disciplina e a prática, posso qualquer coisa", afirma a professora. A bailarina diz que a modalidade se tornou uma necessidade quase biológica. "Não consigo viver sem a dança", finaliza.
Por outro lado, Juliana revela que sua flexibilidade e impulsos para os saltos comuns do balé não tem sido as mesmas de antes, no entanto, sente que ainda entende os conceitos e possui certa memória muscular. "Mas eu digo que é como andar de bicicleta, né? A gente não desaprende, a memória fica mais afetada para decorar uma coreografia, mas é um prazer tão grande", diz a gerente comercial do O POVO.
O retorno não promoveu somente uma nostalgia para ela, mas uma reconexão consigo mesma. "(Estou) Olhando mais para mim, vendo, me olhando mais como mulher, como pessoa. Fazendo algo que eu amo, que me dá prazer, dançar é uma terapia para mim. Eu esqueço de tudo, os problemas. Eu faço uma conexão, eu volto a me reconectar como mulher, como pessoa", conclui.
Escolas de balé com turmas para adultos
Escola de Dança Madiana Romcy