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Cine Ceará: festival estreia neste sábado celebrando o audiovisual ibero-americano
Vida & Arte

Cine Ceará: festival estreia neste sábado celebrando o audiovisual ibero-americano

A 35ª edição do Cine Ceará, que estreia neste sábado, 20, celebra diversidade do audiovisual ibero‑americano com longas e curtas inéditos
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Cena do filme
Foto: Petrus Cariry/Divulgação Cena do filme "Gravidade"

Assim como todo artista busca um "case de sucesso" para sua carreira, um estado que se propõe como agente ativo no cinema nacional precisa ter sua grande marca. Dessa forma, está o Cine Ceará para a Terra da Luz, que se destaca como palco de um dos principais festivais de cinema do País.

Neste sábado, 20, inicia a 35ª edição do Cine Ceará — Festival Ibero-americano de Cinema — com estreias nacionais e internacionais que competem em mostras durante a semana. Entre os destaque está a exibição especial de "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, e uma homenagem à atriz Mariana Ximenes.

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A diretora de programação do Cine Ceará, Margarita Hernández, conta que o festival teve recorde de inscrições em suas mostras competitivas: foram 329 longas, vindos de 14 países além do Brasil. Já na categoria nacional de curtas, foram 1.172 obras inscritas.

"Esse crescimento se relaciona com o aumento do interesse pelo audiovisual e com a formação de novos cineastas. Hoje temos cursos superiores de cinema em universidades aqui no Estado e em várias partes do Brasil, além de escolas técnicas, como a Vila das Artes e o Porto Iracema, em Fortaleza", diz.

Sobre a formação de público, para a realizadora, mudanças no consumo cultural afetam positivamente a busca pelo cinema: "Vivemos cada vez mais conectados à imagem. As pessoas leem menos, os textos estão mais curtos e muitas vezes a comunicação é substituída por imagens: um emoji, um meme, uma foto. É uma forma de traduzir sentimentos visualmente. Então, o audiovisual encontra aí um terreno muito fértil".

O Cine Ceará acontece tradicionalmente em quatro diferentes pontos de Fortaleza: o Cineteatro São Luiz, o Cinema do Dragão, o Hotel Sonata de Iracema e em uma praça pública, que, neste ano, é a Praça dos Leões. No primeiro local, são exibidos os eventos de abertura, premiação e exibição das mostras competitivas. O Dragão, por sua vez, recebe a Mostra Olhar do Ceará, com produções regionais.

No Hotel Sonata, são destacadas as rodas de conversas com realizadores de obras que participam das mostras nacional de curta-metragem e ibero-americana de longa-metragem. Por fim, a Praça dos Leões recebe ações coletivas culturais, como o Cinema na Praça.

"Os festivais são muito mais importantes do que muitas vezes se imagina. Eles são o espaço para exibir filmes que dificilmente chegarão às salas comerciais ou ao streaming, especialmente os curtas. O festival funciona como palco, vitrine e ponto de encontro para essa produção", enaltece Margarita, que cita ainda o espaço dedicado aos filmes cearenses como ferramenta de difusão.

Ela conclui: "Além disso, os festivais formam plateia. Mostram ao público um cinema diferente do que se vê nas grandes redes, dominadas pelos blockbusters americanos. Não é uma comparação de melhor ou pior, mas são propostas distintas: o cinema de festival valoriza a arte, a cultura, a reflexão, as dores e as aspirações humanas".

 

Longas-metragens

"Quando a gente vai ao Cine Ceará, realmente vê filmes que ainda não tiveram nenhuma exibição. Tem muito esse caráter de ser a primeira vez", diz Bruno Carmelo, curador da Mostra Ibero-brasileira de Curtas-Metragens, elogiando o festival.

Para ele, o precioso desse evento é o que mais atribui valor ao cinema fora do radar comercial: "Gosto muito dessa proposta que o Cine Ceará tem de não necessariamente exibir um cinema extremamente popular e acessível, mas também não cair em algo hermético demais. O festival sempre manteve isso, além de trazer filmes inéditos".

O especialista analisa a chegada de maior diversidade entre as produções inscritas este ano para o Cine Ceará. Em 2025, segundo ele, chegaram "excelentes produções vindas de países menos representados", como o Equador e Porto Rico. "Isso nos entusiasma, porque queremos olhar também para cinematografias que nem sempre chegam às salas comerciais", pontua.

"De uns tempos para cá, vemos cada vez mais filmes que buscam outras formas de representar a realidade. Este ano temos filmes que flertam com a ficção científica, como 'Gravidade', do brasileiro Léo Tabosa. Temos também comédias irônicas, que discutem problemas políticos e sociais bem-humoradamente, como 'Um Cabo Solto', coprodução entre Uruguai, Argentina e Espanha", observa Bruno sobre os longas-metragens deste ano.

Ele avalia: "Então, o que mais me chama atenção hoje é justamente esse uso de recursos como humor, paródia, fantasia e ficção científica para refletir sobre a realidade".

 

Curtas-metragens

Vicente Ferraz, curador da Mostra Brasileira de Curta-Metragem, aponta para uma diversidade temática e cultural dos filmes inscritos nesta 35ª edição.

"Para mim, independente dos valores de produção, o que torna um curta bom é a sua verdade. O filme precisa transmitir a proposta do autor, precisa emocionar, tocar, mexer com o espectador. Eu, no processo de curadoria, me coloco como espectador: penso em como aquele filme vai chegar ao público. O cuidado técnico é importante, claro, mas o essencial é sentir que o realizador conseguiu plasmar no filme aquilo que queria contar", define o crítico.

O cineasta compara ainda a crescente produção de curtas-metragem com as novas formas de produção audiovisual nas redes sociais como fatores que podem estar relacionados: apesar de considerar a maior parte dos atuais realizadores de curtas ser jovem, de uma geração criada em múltiplas telas, o resultado é fora da curva.

"O que vejo, na verdade, é uma tentativa de buscar uma linguagem que recupere um tempo mais reflexivo, mais analítico, mais contemplativo — algo que está se perdendo. Talvez as gerações anteriores, que vieram antes da internet, do YouTube, das plataformas de streaming e agora do TikTok, tivessem mais naturalidade nesse ritmo acelerado. Mas os jovens de hoje, curiosamente, parecem buscar no curta-metragem uma experiência oposta a isso", opina.

 

Olhar do Ceará

Além das categorias gerais de curtas e longas-metragens, o Cine Ceará reserva mostra competitiva especial para produções cearenses, a Olhar do Ceará. Nela, os filmes concorrem ao Troféu Mucuripe em categorias conforme
suas durações.

A curadora desta etapa é Camila Osório, que celebra a crescente participação do Ceará na cena do cinema nacional e no repertório dos jovens cineastas. "Eu já fiz a curadoria desta mostra algumas vezes e sempre tento trazer visibilidade à diversidade da produção do estado. É muito bom perceber que, ao longo dos anos, essa diversidade só aumenta. Temos sempre mais filmes do Interior inscritos do que no ano anterior, e vemos essa produção amadurecer. Este ano recebemos muita coisa boa e inventiva", diz.

"Nesta edição, destaco a presença das animações: este ano temos três, o que não é comum, já que a animação ainda é menos produzida aqui. Mas é possível perceber o impacto positivo da Escola Pública de Animação da Vila das Artes. Antes, tínhamos somente a Casa Amarela, o grande berço dos nossos animadores. Agora, com duas escolas, esse campo se fortalece ainda mais, o que se reflete na quantidade e na qualidade das animações inscritas", analisa Camila.

 

FORTALEZA, CEARÁ, 03-12-2021: Premiação e Cerimônia de Encerramento do 31º Cine Ceará. Na foto, a entrega do Prêmio Samburá, realizado pela Fundação Demócrito Rocha e o Vida&Arte. (Foto: Fernanda Barros/ Especial Para O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, 03-12-2021: Premiação e Cerimônia de Encerramento do 31º Cine Ceará. Na foto, a entrega do Prêmio Samburá, realizado pela Fundação Demócrito Rocha e o Vida&Arte. (Foto: Fernanda Barros/ Especial Para O Povo)

Troféu Samburá

O Grupo de Comunicação O POVO e a Fundação Demócrito Rocha (FDR), apoiadores oficiais do Cine Ceará, marcam presença em mais um ano do festival com a entrega do Troféu Samburá. A premiação determina Melhor Curta-Metragem e Melhor Direção entre os curtas brasileiros.

Os votantes são colaboradores do O POVO envolvidos em críticas e produções audiovisuais: Guilherme Gonsalves, Chico Marinho, Arthur Gadelha, Luana Sampaio, Marcos Tardin e Raquel Aquino.

 

Programação completa

Sábado, 20 de setembro

Onde: Cineteatro São Luiz

18h30min
Abertura do 35º Cine Ceará (Festival Ibero-Americano De Cinema)

Projeto Compartilha Animação: exibição de curta-metragem

Homenagem Mariana Ximenes

Mostra Competitiva Ibero-Americana De Longa-Metragem: "Gravidade", de Leo Tabosa (Ficção. - 90' - Brasil)

Domingo, 21 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

10 horas
"Gravidade", de Leo Tabosa (Ficção - 90' - Brasil) Debate com os realizadores

Onde: Cinema Dragão do Mar

14 horas
Mostra Olhar do Ceará

  • "Fortaleza Liberta", de Natália Maia e Samuel Brasileiro (Documentário - 16')
  • "Vermelho de bolinhas", de Joedson Kelvin e Renata Fortes (Documentário - 19')
  • "Faísca", de Bárbara Matias Kariri (Híbrido - 12')
  • "Verbo ser", de Nívia Uchôa (Documentário - 76') Debate com os realizadores

Onde: Cineteatro São Luiz

18 horas
Mostra Competitiva Brasileira De Curta-Metragem:

  • "Minha mãe é uma vaca", de Moara Passoni (Ficção - 15')
  • "Para Vigo me voy!", de Lírio Ferreira e Karen Harley (Documentário - 99' - Brasil)

20 horas
Exibições especiais do Programa Directors' Factory Ceará Brasil

  • "A fera do mangue", de Wara e Sivan Noam Shimon (Ficção -14' - Brasil/França)
  • "A vaqueira, a dançarina e o porco", de Stella Carneiro e Ary Zara (15' - Ficção - Brasil/França)
  • "Ponto Cego", de Luciana Vieira e Marcel Beltrán (Ficção - 19' - Brasil/França)
  • "Como ler o vento", de Bernardo Ale Abinader e Sharon Hakim (Ficção - 14' - Brasil/França)

Segunda, 22 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

10 horas
"Minha mãe é uma vaca", de Moara Passoni (Ficção - 15' - Mato Grosso do Sul / São Paulo) Debate com os realizadores

Onde: Cinema Dragão do Mar

14 horas
Mostra Olhar do Ceará

  • "Secundária", de Amanda Pontes, Michelline Helena (Ficção - 16')
  • "Límite", de Lucas Melo e Thamires Coimbra (Ficção - 13')
  • "Resumo da ópera", de Honório Félix e Breno de Lacerda (Ficção - 92') Debate com os realizadores

Onde: Cineteatro São Luiz

19 horas
Mostra Competitiva Brasileira De Curta-Metragem: "Amores na pasajen", de Daniele Ellery (Documentário - 18' - Ceará)

Mostra Competitiva Ibero-Americana De Longa-Metragem: "Do outro lado do pavilhão", de Emilia Silveira (Documentário - 72' - Brasil) e "Eco de Luz", de Misha Vallej (Documentário - 78' - Equador)

Terça, 23 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

9 horas
"Amores na pasajen", de Daniele Ellery (Documentário - 18' - Ceará) Debate com os realizadores

10 horas

  • "Do outro lado do pavilhão", de Emilia Silveira (Documentário - 72' - Brasil) 2025
  • "Eco de Luz", de Misha Vallej (Documentário. 78'. Equador) Debate com os realizadores

Onde: Cinema Dragão do Mar

14 horas
Mostra Olhar do Ceará

  • "Na peleja brasileira", de Victor Furtado (Ficção - 20')
  • "O medo tá foda", de Esaú Pereira. Animação. 16')
  • "Centro ilusão" de Pedro Diogenes (Ficção - 85') Debate com os realizadores

Onde: Cineteatro São Luiz

19 horas
Mostra Competitiva Brasileira De Curta-Metragem: "Réquiem para Moïse", de Caio Barretto Briso e Susanna Lira (Documentário - 19' - Rio de Janeiro)

  • "Brincadeira de criança", de João Toldi (Ficção - 12 - São Paulo)
  • "Boi de salto", de Tássia Araújo (Ficção - 15' - Piauí)
  • "Fogos de artifício", de Andreia Pires (Ficção - 21' - Ceará)

Mostra Competitiva Ibero-Americana De Longa-Metragem: "Esta Isla", de Lorraine Jones e Cristian Carretero (Ficção - 114' - Porto Rico)

Quarta, 24 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

  • 9 horas
    "Réquiem para Moïse", de Caio Barretto Briso e Susanna Lira (Documentário - 19' - Rio de Janeiro)
  • "Brincadeira de criança", de João Toldi (Ficção - 12' - São Paulo)
  • "Boi de salto", de Tássia Araújo (Ficção - 15' - Piauí)
  • "Fogos de artifício", de Andreia Pires (Ficção - 21' - Ceará) Debate com os realizadores

10 horas
"Esta Isla", de Lorraine Jones e Cristian Carretero (Ficção - 114' - Porto Rico) Debate com os realizadores

Onde: Cinema Dragão do Mar

14 horas
Mostra Olhar do Ceará

  • "Acaso Revisitado", de Felipe Camilo (Híbrido. - 12')
  • "Na estação das mangas, ela alimenta o bairro inteiro", de Carlos Dias Oliveira, Lino Fly, Tiago Coutinho e Yan Tavares (Ficção - 8')
  • "Bom fim", de Rafael Vilarouca (Documentário - 84' - Ceará) Debate com os realizadores

Onde: Cineteatro São Luiz

19 horas
Mostra Competitiva Brasileira De Curta-Metragem: "O amor não cabe na sala", de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira (Ficção - 18' - Bahia)

  • "Canto", de Danilo Daher (Ficção - 21' - Goiás)
  • "Thayara", de Mila Leão (Documentário - 15' - Paraná)

Mostra Competitiva Ibero-Americana De Longa-Metragem: "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho (Ficção - 158")

Quinta, 25 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

  • 9 horas
    "O amor não cabe na sala", de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira (Ficção - 18' - Bahia)
  • "Canto", de Danilo Daher (Ficção - 21' - Goiás)
  • "Thayara", de Mila Leão (Documentário - 15' - Paraná) Debate com os realizadores

Onde: Cinema Dragão do Mar

14 horas

  • Mostra Olhar do Ceará "Do lado de dentro", de Marina Hilbert (Ficção - 15')
  • "Tempo trem", de Roberta Filizola e Guilherme C. (Animação - 15')
  • "Estrangeiro", de Edigar Martins (Ficção - 16')
  • "Alheio", de Pedro Paulo Araújo (Híbrido - 7')
  • "Revoada" de Tuan Fernandes, Gabrielle Neara e Dinorá Melo (Animação - 3') Debate com os realizadores

Onde: Cineteatro São Luiz

19 horas
Mostra Competitiva Brasileira De Curta-Metragem: "Peixe morto", de João Fontenele (Ficção - 14' - Ceará)

Mostra Competitiva Ibero-Americana De Longa-Metragem: "Ao oeste, em Zapata", de David Beltrán i Mari (Documentário - 74' - Cuba/Espanha)

"Um cabo solto", de Daniel Hendler (Ficção - 94' - Uruguai/Argentina/Espanha)

Onde: Praça dos Leões

19 horas
Ações Coletivo Arruaça

Cinema Na Praça

Sexta, 26 de setembro

Onde: Hotel Sonata de Iracema

9 horas
"Peixe morto" de João Fontenele (Ficção - 14' - Ceará) Debate com os realizadores

  • 10 horas
    "Ao oeste em Zapata", de David Beltrán i Mari. (Documentário - 74'. Cuba/Espanha)
  • "Um cabo solto", de Daniel Hendler (Ficção - 94' - Uruguai/Argentina/Espanha) Debate com os realizadores

Onde: Praça dos Leões

19 horas
Ações Coletivo Arruaça

Cinema Na Praça

Onde: Cineteatro São Luiz - às 19 horas

Cerimônia de premiação

Exibição especial de "Morte e vida Madalena", de Guto Parente (Ficção - 85' - Brasil)

 

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