A música está presente na vida de Roberta Sá desde a infância. Nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, mas crescida no Rio de Janeiro, a artista foi apresentada ao rock com Beatles e Jovem Guarda, MPB e canções regionais pelos pais. Aos 18 anos, fez intercâmbio nos EUA para estudar canto com um coral. Depois, seguiu fazendo aulas no Rio enquanto estudava Jornalismo e trabalhava como balconista.
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A carreira deslanchou com a participação dela no programa Fama, em 2002. Na ocasião, Roberta conheceu Felipe Abreu (irmão de Fernanda Abreu), que a indicou para gravar sua primeira demo. De lá para cá foram oito álbuns lançados em duas décadas de carreira, a serem celebradas com o show “Tudo Que Cantei Sou”, que chega em Fortaleza nesta sexta-feira, 25.
O POVO: A última vez que você esteve aqui foi em 2024, durante o Pré-Carnaval, e agora retorna com a turnê. Como é sua relação com a Cidade?
Roberta Sá: Eu tenho uma relação com Fortaleza desde criança. Sempre falo disso porque é uma memória muito forte: quando eu morava em Natal e minha avó paterna precisava comprar algo mais sofisticado, como um tecido para um vestido de noiva de alguma tia ou até algo especial para casa, ela ia para Fortaleza, e eu ia junto. Essa lembrança me acompanha até hoje. Depois, já trabalhando, voltei muitas vezes à Cidade. Fiz shows antológicos na Praia de Iracema e também no Dragão do Mar, onde levei a turnê “Quando o Canto É Reza”, que considero um dos melhores shows da minha vida. Eu nunca vou esquecer a surpresa de ver o público cantando tudo. Fortaleza é uma cidade que não pode faltar no meu roteiro.
OP: Nesse show, você irá apresentar sucessos mais antigos e também os recentes. Quais canções te marcaram mais nesses 20 anos de carreira e por quê?
Roberta: Acho que cada canção conta uma história da minha vida. Por isso esse show se chama “Tudo Que Cantei Sou”: cada música é um pedacinho de mim. Desde “Eu Sambo Mesmo”, que abriu meu primeiro disco, passando pelas canções de Roque Ferreira (que foram fundamentais na minha trajetória); parcerias, como a que tenho com Gilberto Gil, em “Fogo de Palha”; ou, ainda, músicas feitas especialmente para mim, por artistas como Adriana Calcanhotto, “Me Erra”, e Martinho da Vila, “Amanhã é Sábado”. Cada canção foi construindo um pedaço de mim, todas são muito importantes. Eu termino o show com “Olho de Boi”, que dá nome a esse trabalho. Tem um verso que me acompanha desde sempre: “Rezo pelo popular”. Nada mudou desde que comecei a cantar, há 20 anos. Eu sigo apaixonada pela música popular brasileira e por todas as possibilidades que ela me apresenta.
OP: O show promete ser mais intimista. O que motivou essa escolha? E o que o público pode esperar desse show?
Roberta: O formato intimista permite uma interação muito grande com a plateia... Dá pra ouvir até a respiração do público! Eu tenho ficado muito emocionada nesses shows, porque vejo as pessoas se emocionarem também, e isso cria um ciclo muito bonito. Pelos depoimentos que recebo, percebo o quanto essas canções também fazem parte da vida de quem me escuta. É uma celebração dessa relação. O público fica em silêncio, e acho que isso hoje é uma das maiores formas de respeito artístico: estar presente, não pegar tanto no celular, viver aquele momento. Esse silêncio é, para mim, uma declaração de amor do público.
OP: Sua turnê celebra suas duas décadas de carreira. O que mais te impactou nesses anos e quais foram os desafios?
Roberta: O maior desafio, num País como o Brasil, é se manter atuante. A gente enfrenta dificuldades enormes: passagens caríssimas, malha aérea reduzida… Levar um show pelo Brasil é um esforço gigante. Manter essa circulação é o que mais exige de mim. E existe também o desafio da vida pessoal. Hoje minha família, minha filha, meu marido e minha casa são uma prioridade, e conciliar isso com uma agenda cheia de shows é sempre uma equação delicada. Esses são, para mim, os maiores desafios.
OP: Como você avalia o cenário da música popular brasileira atualmente?
Roberta: Vejo a música brasileira vivendo um momento muito criativo. E me toca profundamente ver artistas nordestinos cantando com o sotaque presente, bonito, sem disfarces. Acho que estamos vivendo uma explosão criativa na música popular brasileira e observo isso com muito entusiasmo.
Show "Tudo Que Cantei Sou"