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Edson Gomes: o rei do reggae brasileiro realiza show em Fortaleza
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Edson Gomes: o rei do reggae brasileiro realiza show em Fortaleza

Celebrando 50 anos de carreira, o artista se apresenta em Fortaleza neste sábado, 27, com a turnê "Vem me regar"
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Edson Gomes é conhecido e celebrado como um dos maiores nomes do reggae brasileiro  (Foto: Jovane de jesus/DIVULGAÇÃO)
Foto: Jovane de jesus/DIVULGAÇÃO Edson Gomes é conhecido e celebrado como um dos maiores nomes do reggae brasileiro

"Vamos, amigo, lute, uô, vamos, amigo, ajude, senão, a gente acaba perdendo o que já conquistou, iê, ah. A gente acaba perdendo o que já conquistou (….)". Esse trecho faz parte da canção "Lili", idealizada e interpretada pelo cantor e compositor baiano Edson Gomes, o rei do reggae brasileiro.

Nascido em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, Edson Gomes é conhecido e celebrado como um dos maiores nomes do reggae e da música brasileira, e isso não é por acaso. Com 70 anos, e 50 dedicados à carreira artística, o cantor já tem oito álbuns de estúdio lançados.

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Suas músicas, que costumam abordar o cotidiano brasileiro, com temas ligados à política, desigualdade social, violência policial e até mesmo ao amor, são conhecidas e atravessam gerações. Entre elas, estão "Árvore", "Malandrinha", "Samarina" e "Camelô", hinos de sua carreira.

"O reggae foi o melhor veículo musical que eu encontrei para passar minha mensagem e minha visão do que eu acho do sistema e da vida", lembra sempre o cantor em suas apresentações. Para sua filha, Raquel Gomes, de 20 anos, que costuma acompanhá-lo em suas turnês ao lado dos irmãos, Isaque Gomes e Jeremias Gomes — também cantores —, o seu legado representa a resistência na sua forma mais bela.

"Ele canta em suas músicas o sofrimento que a população trabalhadora, dia após dia, passa, como na canção 'Meus Direitos' do disco Resgate Fatal, onde ele deixa explícitas essas vivências. A arte de meu pai segue moldando minha vida diariamente, me educando, me disciplinando e me inspirando a ser e pensar como ele", afirma.

A primeira influência musical de Edson Gomes foi Tim Maia, que acabou ficando conhecido na cidade como "Tim Maia de Cachoeira". Ele também já recebeu o apelido de "Bob Marley baiano", mas foi seu nome que permaneceu. Na juventude desejava ser jogador de futebol. Seu primeiro compacto foi gravado em 1985. Mas foi só em 1988 que ele lançou o primeiro disco: "Reggae Resistência".

Edson Gomes e a Academia Brasileira de Letras (ABL)

Neste ano, a atriz baiana Goka Maciel ganhou notoriedade nas redes sociais com um vídeo que reivindicava a inclusão de Edson Gomes na Academia Brasileira de Letras (ABL).

A influenciadora apresentou motivos para que o "Rei do Reggae" brasileiro integrasse a instituição. A publicação original foi feita em abril, mas voltou a viralizar, ganhando o apoio de artistas e internautas, levando outras pessoas a conhecer suas obras. No vídeo, ela destaca a importância das letras do cantor.

"Enquanto o ensino médio brasileiro finge que a África não existe ou, pior, a reduz à escravidão, Edson Gomes entrega uma aula em 'Etiópia', uma denúncia contra a visão eurocêntrica do nosso currículo. Já em 'Camelô', Edson faz o que nem o IBGE fez. Ele reconhece o trabalhador informal como um herói nacional. Um herói que foge da polícia vendendo capinha de celular", argumenta a influenciadora no vídeo.

Por trazer em suas letras críticas sociais, Edson Gomes sofreu durante sua carreira. Recentemente, ele foi anunciado como uma das atrações do Lollapalooza Brasil 2026, que acontece entre os dias 20 e 22 de março, em São Paulo.

A escalação, que marca a estreia do artista no festival, levou o nome de Edson aos trending topics nas redes sociais e foi celebrada pelos seus fãs. Segundo sua filha, Raquel Gomes, perceber o reconhecimento que a nova geração vem tendo pelo trabalho de seu pai é "grandioso" e "motivo de muita felicidade".

"Vejo que muito desse movimento tem sido feito de uma forma hereditária, com os pais passando para seus filhos esse legado. Como ele já destacava em 'Rastafary', essa arte nunca vai morrer. Essa resistência vai continuar sendo passada de geração em geração, e isso me deixa feliz, até mesmo por fazer parte dessa geração", comenta.

Edson Gomes em Fortaleza

Após anos sem voltar a Fortaleza, Edson Gomes desembarca na capital cearense neste sábado, 27, com sua turnê "Vem me regar", que comemora os 50 anos de carreira do artista, celebrados em 2022.

O show tem início às 21 horas, na Barraca Santa Praia, na Praia do Futuro. Além do baiano, Carlinhos Nação, DJ Felipe BK e Freedom Sounds são atrações convidadas para o evento.

Para Maria Eduarda, fã de 20 anos, que já garantiu o ingresso do evento, as expectativas são altas e as melhores. Residente de Fortaleza há quase quatro anos, a jovem conta que em sua cidade, no Crato, região do Cariri, as músicas de Edson Gomes são conhecidas e tocadas por toda a cidade.

"Comecei a escutar desde que nasci, porque meu pai é fã desde que eu era novinha. Então, sou fã desde criança. A arte dele ajuda em muitos sentidos, porque, por mais que nossas famílias compreendam a mensagem que ele transmite, muitas vezes eles não vão saber retratar isso para a gente. Eu aprendi muito e sigo aprendendo com ele", diz.

Edson Gomes já fez diversos shows na região, mas ela nunca teve a oportunidade de ir, sonho esse que se concretizará neste sábado, 27. A jovem conta que, mesmo quem não é do reggae, já escutou as composições do artistas em algum momento da vida. Porém, quando era adolescente, seu pai e seus primos ouviam as músicas, e isso era visto como algo "marginal e pejorativo".

"O reconhecimento que ele vem ganhando é muito importante, já que muitas pessoas estão abertas a sua arte com menos preconceito. Hoje em dia, gostar de reggae tem outra conotação. Todo mundo vem escutando e não há mais tanto preconceito, embora ainda exista", finaliza.

 

Edson Gomes em Fortaleza

  • Quando: sábado, 27, a partir das 21 horas
  • Onde: Barraca Santa Praia (Avenida Clóvis Arrais Maia, 3343 - Antonio Diogo)
  • Quanto: a partir de R$ 120
  • Ingressos: ingresse.com

 

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